Benguela - No encerramento do VII Congresso Extraordinário do MPLA no último domingo, o seu presidente João Manuel Gonçalves Lourenço falou sobre a construção da fábrica de fertilizantes que está suspensa na cidade das Acácias Rubras por causa da “Campanha não a desgraça na Graça” organizada pela Associação Omunga encabeçada na altura pelo ilustre e destemido José Patrocínio in memória.

Fonte: Club-k.net

“Em Benguela temos o caso de uma unidade fabril que pediu licença ao Estado para construir com um fim mas acabou por construir outra coisa diferente daquela que está autorizado. Quando agente pede autorização, nos é dada a concessão, a concessão é clara o Estado autoriza o cidadão, a empresa a realizar um projecto para um fim específico. Se você altera esse fim, com a agravante que quando este fim ser acaba de ser nocivo ao ambiente, damos toda a razão aos cidadãos de se organizarem e se manifestarem. Não é aceitável que unidades fabris que poluem bastante o ar sejam construídas em zonas de residências sem que o Estado aja em conformidade.


Estas palavras causaram euforia a generalidade das pessoas sobretudo as que aderiram a luta. Todavia podemos fazer múltiplas leituras obrigatórias porquanto há o perigo de João Lourenço cair no populismo pois como Chefe de Estado e titular do Poder Executivo tem instrumentos para apurar responsabilidades sobre o sucedido não bastam palavras (salvo se as cabeças rolarão em breve).


Ora fazendo fé no que disse não é somente o facto de ter sido desviado a concessão inicial mas sobretudo por ter sido passada a licença ambiental de instalação pela ministra do Ambiente em arrepio a toda legislação em vigor e a construção avançava nas barbas das autoridades pois tinham levantado o embargo da obra sob pressão de Luanda.


Logo a culpa não pode morrer solteira nem cair no esquecimento. Há muita boa gente envolvida nisso e nem as possíveis exonerações serão suficientes porque os cidadãos têm o direito de saber toda novela e o cair da impunidade.


Por isso a nova era que pretendemos todos construir não deve ser conduzida no discurso do discurso, na parcialidade e na ilusão mas sim no respeito efectivo e realizável da Constituição e da Lei e na confiança das instituições. E não deve haver dois pesos e duas medidas (lembram-se da licença da Tesclar? Qual foi medida?)
Por conseguinte José Patrocínio é apenas uma batalha vencida.


Domingos Chipilica Eduardo