Luanda - A Reserva Federal dos Estados Unidos da América deu hoje luz verde à retoma da relação de bancos correspondentes norte-americanos com instituições financeiras angolanas.A informação foi avançada aos microfones da Rádio Nacional de Angola depois de a delegação da Reserva Federal dos Estados Unidos da América, que chegou na terça-feira a Luanda para uma visita de trabalho de 48 horas, ter sido recebida pelo Presidente da República, João Lourenço.

 

 

Fonte: Novo Jornal

 

A propósito desta visita, o governador do BNA, José de Lima Massano, disse, no dia 5 deste mês, que as discussões com os representantes da Reserva Federal visam estreitar as relações entre as duas instituições, para viabilizar o intercâmbio entre os dois países. “Queremos, com este encontro, manter um diálogo permanente que facilite executar as operações monetárias que foram terminadas com alguns bancos internacionais", afirmou o governador do BNA.

 

 

José de Lima Massano confirmou, no mesmo dia, que o problema da retirada, nos últimos anos, das entidades que exerciam as funções de correspondentes bancários, está praticamente ultrapassado. A situação normalizada permite, porque é essa a importância de ter correspondentes bancários, que a banca comercial nacional volte a ter instituições internacionais que representem os seus interesses mediante contrato para prestação de serviços, garantindo a confiança das transacções, basicamente, através do seu prestígio e solidez.

 

 

Apesar de admitir que ainda subsistem alguns problemas, Massano asseverou que os bancos angolanos do sector comercial têm assegurado "canais de pagamento" garantindo o acesso a moeda estrangeira e às transacções internacionais através do BNA porque desde 2016, praticamente, todos os bancos internacionais abandonaram Angola devido a um conjunto de questões relacionadas com a segurança internacional e financeira, o que se revelou em vários constrangimentos, sendo um deles, e o que mais foi notado, a falta repentina de dólares no circuito bancário angolano.

 

 

Embora, recentemente, como o NJOnline noticiou, esta relação esteja a ser recuperada, como foi disso exemplo o BFA que, já este ano, em Março, conseguiu acordar com o U.S.Bank uma correspondência para efeitos de liquidação de cartas de crédito, contando, entretanto com uma relação de correspondência bancária com vários bancos europeus, recuperados com o lento mas consequente processo de recuperação da credibilidade do sistema bancário e financeiro nacional.

 

 

A falta de acesso a dólares levou o BNA a efectuar os seus leilões em Euro, a moeda europeia, que passou a servir de referência para determinar a cotação do Kwanza face ao um cabaz alargado de moedas, incluindo o dólar norte-americano. Nas declarações aos jornalistas, José de Lima Massano recordou isso mesmo, ao afirmar que entre 2015 e 2016 os correspondentes bancários em moeda norte-americana deram por fina a relação com o sistema bancário nacional mas isso está a ser "ultrapassado" com a recuperação da confiança.

 

 

Confiança essa que, para além de outros problemas, foi abalada porque, a partir dos EUA, foram encontradas alegadas ligações entre Angola e alguns países do Médio Oriente, suspeitando-se de financiamento de organizações criminosas, para onde estariam a ser enviados os dólares colocados no mercado nacional através destes bancos correspondentes.

 

 

Com o apertar dos mecanismos de controlo - compliance - determinados pelo BNA através de recomendações e imposições de instituições internacionais, como o Fundo Monetário Internacional e o Bando Mundial, o que levou os bancos nacionais a fazerem enormes investimentos nesta área para garantir que as regras e as normais de supervisão são rigorosamente seguidas, a confiança no sistema bancário angolano está lentamente a ser recuperada e é isso mesmo que a missão da Reserva Federal (FED) dos EUA deverá observar na sua vinda a Luanda ainda este mês, com data a anunciar.

 

 

Segundo José de Lima Massano, estes elementos da FED vão deslocar-se a Luanda com o objectivo de "estreitar relações" e de promover a "recuperação desses espaço" de confiança que foi diminuída nos últimos anos.