Lisboa – Uma carta enviada a Presidência da República,  dá conta da existência de um clima  desapropriado no Consulado Geral de Angola, em Lisboa, onde o chefe de missão consular, Narciso do Espírito Santo Júnior é apresentado como tendo, desde a sua chegada, despedido 36 funcionários de recrutamento local “sem critérios nem negociações” mas por outro lado, segundo descrevem terá admitido pessoas citadas como seus familiares.

* Paulo Alves
Fonte: Club-k.net

Despedimentos  geram descontentamento

Segundo os subscritores da carta, o Cônsul-geral teria invocado razões de austeridade (falta de verbas) para os despedimentos dos funcionários. Porém, os queixosos não se sentem convencidos com as alegações de falta de verbas para o seu despedimento, uma vez que segundo descrevem, tem se verificado, pelo contrario, o recrutamento de pessoa próximas aos responsáveis  diplomáticos.

 

Enquanto se verifica os despedimentos, foi paralelamente  admitida como funcionaria administrativa, a jovem Jessica Cristóvão apresentada como sobrinha da esposa do cônsul. Para além de Jessica, trabalha no consulado uma outra suposta sobrinha do cônsul, de nome Lukenia Casimiro (assistente de gabinete), a quem se lhe atribui muitos poderes.

 

“O Cônsul não respeita ninguém. Além de cônsul, é adido administrativo, é financeiro,  é tudo. Tudo isso porque os trabalhadores morrem de medo dele. A Lukénia Casimiro praticamente faz papel de Cônsul adjunta, porque tudo o que ela diz é ordem”, lê-se na carta denuncia.

 

Há dois dias,  foi também admitida uma outra funcionaria administrativa,  Djamila Simão igualmente apresentada como sobrinha do Consul, gerando  reclamações de ocorrência de alegado nepotismo no Consulado de Angola em Lisboa.

 

Alguns meses, o cônsul contratou Evandro José Júlio da Silva, sobrinho do Secretário Geral do MIREX, Agostinho de Carvalho dos Santos Van-Dúnem para trabalhar nesta missão consular. Em reação, os funcionários recorreram as redes sociais para protestar e o jovem acabou sendo demitido. Por outro lado, no passado 02 de Setembro, o Cônsul – através do despacho 026/GAB.GC/2019 - autorizou a contratação de Evandro da Silva para frequentar um estagio de 30 dias, no sector de arquivo geral do consulado.

 

Os trabalhadores acreditam que esta contratação de “estagiário” do sobrinho do Secretário Geral do MIREX, foi uma estratagema para o ter de volva. De acordo com cálculos, o mesmo deveria cessar o estagio no dia 2 de Outubro, o que não aconteceu. O facto de ter passado a cumprir formalidades como  marcação de presença, acesso ao e-mail do consulado, e outras vantagens, os trabalhadores entendem que ele não esta na condição de estagiário mas de funcionário havendo informações que se irá assinar, em breve,  um contrato de trabalho para o tornar efectivo.

 

Quando o cônsul chegou em 2016, havia recrutado outros trabalhadores como Jerzy Amaral, Laurinha, dois motoristas (Sebastião e Almeida) e Domingas Constantino , irmão do ex ministro do comercio de Angola, Fiel Constantino. “Nenhum dos funcionários que o cônsul contratou quando chegou foi despedido, e ao mesmo tempo preferiu pagar altas indemnizações, aos trabalhadores deixados pela sua antecessora prejudicando o estado”, lê-se ainda  na missiva que o Club-K teve acesso.

 

Na carta  enviada a  Presidência da República , é citada com comoção o despedimento da funcionaria Maria Agostinho, que conta 26 anos como trabalhadora consular. No ponto de vista dos trabalhadores, o cônsul-geral , ao invés de a expulsar, deveria ter aguardado pelos 2 anos  que restavam a senhora para se reformar. Pela precipitação verificada, a funcionaria afastada,  Maria Agostinho levou o consulado ao Tribunal dando lugar a uma  disputa  entre as partes. O consulado queria pagar 50 mil euros de indemnização, porém, a senhora ao contratar advogados e estes exigiram mais. O consulado está a ser obrigado a pagar 200 mil euros de indemnização a Maria Agostinho também tratada carinhosamente por “Dona Nocas”.



Os funcionários dizem ainda que desde a chegada do novo cônsul enviaram as suas reclamações ao antigo chefe da inspeção do MIREX, embaixador António Luís de Sousa de Lima Viegas mas a saída prematura deste, acabou por prejudicar o estado de situação a que se encontra. “Se não tivessem tirado o embaixador Lima Viegas, os funcionários do consulado não estariam a enfrentar sofrimento e injustiças por parte do cônsul Espirito Santos”, le-se na missiva.