Luanda - Por iniciativa de um chamado divino, os angolanos foram convocados para um momento de reflexão e manifestação pacífica que consiste em não trabalhar ou sair de casa no próximo dia 11 de outubro, sexta-feira.

Fonte: Club-k.net

A manifestação tem como pano de fundo exigir melhores condições de vida, distribuição equitativa das riquezas, combate a corrupção, boa governação, transparência na gestão da coisa pública, observância à lei, em suma, a busca de dignidade para os angolanos.


Entendo que se tratam de exigências legítimas de um povo, conduzidas por jovens cuja coragem deve ser admirada, respeitada e encorajada. Precisamos entender que não existe nenhum mal em manifestar-se. Trata-se de um direito fundamental consagrado constitucionalmente. Ninguém deve ser impedido de exerce-lo. Por esta razão, junto a esta nobre causa de angolano para angolano.


Existe no país condições para o exercício ininterrupto deste direito. Todos os dias deveriam ser dias de manifestação contra o sofrimento que nos tem sido imposto há mais de quatro décadas. Mas parece-me que, embora as más condições de vida e os efeitos da má governação sejam transversais à todos os angolanos, apenas uns pouco se levantam, todos se identificam, mas apenas uns poucos lutam.


O meu amigo, Gangsta e os seus correligionários têm sido vítimas de uma contra campanha que os aproxima a José Eduardo dos Santos, o pior estadista que o mundo conheceu.


Ao Gangsta é, também, atribuído um suposto financiamento de Isabel dos Santos (tão culpada quanto o pai em relação ao que vivemos) para provocar distúrbios, caos e subversão à ordem social de modos a derrubar o presidente João Lourenço e impor o regresso da velha ordem eduardista.


Qualquer angolano, digno desta nacionalidade, dentro ou fora do solo pátrio, sabe bem que estas acusações são infundadas e têm como objectivo principal o aniquilamento do exercício de cidadania, traduzido aqui no direito à manifestação.


É preciso que se entenda que o povo angolano vem clamando apenas por comida no prato, por escola com qualidade, por futuro para os jovens, por respeito para as mulheres, por dignidade… apenas isto. E o MPLA recusou e recusa-se a atender estes clamores. Não se trata de Eduardo dos Santos nem de João Lourenço. Trata-se do MPLA.


Provavelmente, amanhã, muitos sofredores cumprirão o momento de reflexão ficando em casa. Pois o medo é o maior inimigo da democracia. Temos de nos manifestar permanentemente para que não continuaremos com os mesmos problemas de saúde, educação, transporte e energia electrica, se não nos manifestamos a seca no Cunene estará por lá mesmo, os abusos de autoridade cometidos pela polícia se agravarão, a ostentação provocativa e violenta dos filhos do regime e seus pais subirá de nível… tudo porque numa luta de todos apenas uns combatem. Num compromisso de todos, apenas uns se sacrificam.


Para a minha satisfação pessoal e para honrar a minha consciência e todos aqueles bravos guerreiros dos quais descendo, ficarei em casa em sinal de protesto contra todos os resultados da má governação do MPLA.

 

Por: Marshall Kamba Dya Muenhu// Avalanche