Luanda - Muitos se indignaram, justa ou injustamente, sobre o casamento de uma das filhas de Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó”, considerado do século, apadrinhada pelo Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, assumido desde 2017, como o mais emblemático arauto da moralidade e intrépido (não menos emblemático) combatente contra o despesismo, nepotismo e corrupção.

Fonte: Club-k.net

É crime casar uma filha? Desde logo não, pois, todos os pais se sentem orgulhosos, quando isso ocorre, esmerando-se os que podem, para ajuda à materialização dos sonhos dos meninos. Pacífico!


Os padrinhos, também, se devem orgulhar, não só pela escolha, mas fundamentalmente pelos nubentes, terem acreditado possuírem valores morais e exemplos para debitar, sempre e quando deles (os afilhados) carecerem. Pacífico!


Por tudo isso, não condeno os excessos, das partes envolvidas, na eleição de uma decoração barroca, ocidentalmente concebida segundo atávicos complexos exógenos, por desprezo a traços de arquitectura angolana (diga-se, também, inexistir, por complexo dos governos/MPLA) ou africana, inclusive na indumentária dos noivos, pais, padrinhos, etc., europeiamente trajados e envaidecidos, ainda que o ridículo, para alento da maioria dos povos indígenas, não estivesse longe de tão “ilustres” protagonistas.


O actual Presidente da Assembleia Nacional (parlamento), nunca mentiu, assumindo que tendo galgado na Polícia e Forças Armadas, portanto como militar e general, herdou e acumulou riqueza, ao longo dos anos, em função da fidelidade canina, ao MPLA e a José Eduardo dos Santos, na lógica da “Acumulação Primitiva do Capital”, que “untou” todos os seus pares. Sem excepção! Sem excepção, repita-se porque é isso mesmo.


Daí, mesmo em fase de crise e fome extrema, em muitas regiões do país, tolher, mais a insensibilidade a esse flagelo popular, que a solidariedade e a contenção, por parte dos dirigentes, que comandam a máquina do Estado e que, ingenuamente, consideramos que deveriam dar o exemplo.
A festa de arromba, no casamento da filha de Fernando da Piedade Dias dos Santos, presidente da Assembleia Nacional (MPLA), não pode, por si só, constituir uma acusação de ilicitude, porquanto, estando o dinheiro ideologicamente classificado e institucionalmente consagrado, restaria para não constituir uma ofensa e provocação ao povo, sentido de moderação, moral, sensatez. Inexistiu...


Daí a justificação de não ser em vão, que, ninguém, na bancada parlamentar do MPLA se dá ao desplante de lutar para a consagração constitucional do real papel deste órgão, começando, desde logo, pela reivindicação de revogação do abjecto e inconstitucional Acórdão n.º 319/2013, do Tribunal Constitucional (made in Raul Araújo), que cerceia o papel do único órgão de soberania eleito por sufrágio universal para desempenhar o papel fiscalizador, mas amordaçado, por interesse partidocrata, assume-se como peça decorativa. “Mordomias e poder absoluto, oblige”...


Assim foi, assim é e assim será… pelo menos se depender da vontade do MPLA.
(continua)