Luanda - Dois dos candidatos à presidência da UNITA manifestaram dúvidas que o governo queira agora realizar as eleições autárquicas de 2020 devido à situação económica e política.

Fonte: VOA

Falando no programa “Angola Fala Só” Adalberto da Costa Júnior e Abílio Kamalata Numa concordaram em que há indícios claros de “jogos de perda de tempo” para se evitar as autarquias.

 

Ambos os candidatos recordaram que há ainda muitas leis por aprovar para que as eleições sejam uma realidade.

 

“Não vejo o MPLA com algum desejo para as eleições de 2020”, disse Kamalata Numa para quem de momento “não há ambiente formal para as autarquias”.

 

Já Adalberto da Costa Júnior disse ser óbvio que “há jogos de perda de tempo e de atrasos”.

 

“O MPLA não está a agilizar as matérias relativas às autárquicas”, disse Adalberto da Costa Júnior para quem o partido no poder está habituado a um poder vertical e receia as autarquias por introduzir no país “um poder horizontal”.

 

“É evidente a intenção de as adiar”, disse este candidato para quem o desafio da UNITA é levar a população angolana a entender que “as autarquias são do seu interesse”.

 

Interrogados sobre se existe a possibilidade de eleições gerais antecipadas devido à crescente crise económica os dois candidatos discordaram quanto à situação politica.

 

Para Kamalata Numa a actual crise financeira “não levou a uma crise politica”.

 

“As instituições estão a funcionar e, portanto, não há crise política que possa precipitar as eleições gerais”, disse Kamalata Numa.

 

Adalberto Costa Júnior discordou e afirmou que há uma crise política porque “os órgãos de estado não funcionam”.

 

“O executivo limita a acção dos sistemas judicial e legislativo”, disse Adalberto Costa Júnior que disse durante o programa que o governo de João Lourenço “tem melhor marketing que o anterior governo”, mas nada tem de melhor na sua actuação.

 

A este respeito afirmou no combate à corrupção várias pessoas foram condenadas mas o estado não recuperou nenhuns fundos.

 

Interrogado por um ouvinte sobre o problema dos veteranos das forças armadas que continuam sem receber pensões Kamalata Numa disse que esta questão “é um problema central da reconciliação nacional”, sublinhando a necessidade de ex combatentes de todos os lados se unirem para tentar resolver esta questão.

 

A possibilidade de fraude eleitoral foi também abordada por um ouvinte e os dois candidatos disseram que a UNITA está agora melhor preparada para fazer face a essa possibilidade.

 

Adalberto da Costa Júnior disse a vigilância do processo eleitoral já deixou de ser uma questão da UNITA contra o governo passando a ser “o povo contra o governo”.

 

Interrogados sobre a razão das suas candidaturas Adalberto Costa apresentou-se como a face da renovação da UNITA.

 

“Angola tem uma geração de jovens cada vez maior que exige o rejuvenescimento na liderança da UNITA”, disse.

 

Já o General Kamalata Numa disse estar convencido que pode liderar o partido para a vitória eleitoral.

 

“ A UNITA já fez 53 anos e a pergunta que se faz é porque não chegou ao poder?”, disse.

 

A candidatura visa “construir uma força capaz de se tornar poder em 2022”.

 

Ambos rejeitaram acusações de regionalismo ou tribalismo e defenderam um diálogo a aberto a todos para a solução do problema de Cabinda