Luanda - O ministro da Comunicação Social, Nuno dos Anjos Caldas Albino “Nuno Carnaval”, reiterou, durante a cerimónia da sua tomada de posse, no passado dia 28 de Outubro, a contínua modernização dos órgãos públicos, processo que teve início com a entrada do novo governo há dois anos.

Fonte: Club-k.net

O governante referiu-se à continuidade da expansão do sinal da RNA em vários pontos do país, bem como a melhoria das condições de infra-estrutura e tecnológica da ANGOP, TPA e Jornal de Angola, para que se possa conferir maior dignidade aos órgãos e seus profissionais.

Assegurou ainda que os desafios são enormes e alguns problemas do sector não terão sua resolução imediata, solicitando, para o efeito, uma acção conjunta para o alcance das metas traçadas no programa do Executivo.

Todavia Nuno Carnaval referiu-se constantemente sobre os órgãos públicos, e pouco ou nada disse sobre a media privada, o que demonstra, no entender de alguns, que a sua gestão não será diferente das anteriores que passaram por aquele departamento ministerial.

Sabe-se que nos últimos cinco anos os órgãos de comunicação social privados, com realce à imprensa escrita (jornais não próximo ao poder político), têm vindo a enfrentar várias dificuldades no seu dia-a-dia. Uma delas prende-se com o elevado custo de produção (impressão) por falta de papel, devido a crise económica e financeira. Tal situação já provocou a falência de vários jornais e colocou centenas de jornalistas no desemprego.

Numa altura em que nos encontramos em pleno Século XXI e dentro de um novo governo, é de lamentar que a media privada continua a ser a “parente pobre” das autoridades governamentais angolanas, não se vislumbrando qualquer acção no sentido de se reverter o quadro que enfrenta neste momento.

Alguns profissionais da classe são unânimes em alegar que seria o momento em que o Ministério da Comunicação Social devia dar o seu apoio aos jornais, de forma a incentivar os seus proprietários e não só. Os mesmos reconhecem que embora a situação de crise vigente no país é conjuntural, mas são de opinião que deveria haver solidariedade por parte das autoridades governativas, lembrando que os jornais são empresas, iguais as outras, diferentes do sector, e devem ter o mesmo tratamento porque também dão o seu contributo no combate ao desemprego e à pobreza.

O Ministério ao marginalizar os órgãos privados estará a impedir a intenção do Presidente João Lourenço que se compromete em criar 500 mil postos de trabalho, promessa feita durante a sua campanha eleitoral em 2017.

Por outro lado, é de reconhecer que a relação entre os órgãos privados e o Ministério da Comunicação Social não se resumem apenas no apoio financeiro, mas sim, pelo diálogo permanente para a troca de impressões, no sentido de serem encontradas saídas para os problemas que apoquentam as empresas privadas do sector.

Recorde-se que o artigo 5º da Lei de Imprensa, incentivos à comunicação social, recomenda que nos termos da Lei, o Estado estabelece um sistema de incentivos de apoios aos órgãos de comunicação social de âmbito nacional e local, com vista a assegurar o pluralismo de informação e livre exercício de liberdade de imprensa e o seu carácter de interesse público.

Aliás, um passo em falso tinha sido dado ao tempo do consulado de Hendrick Val Neto (1992 - 2005), o que não passou disso mesmo ou de um falso alarme. Na altura dizia-se que o governo angolano havia disponibilizado uma verba para apoiar os órgãos de comunicação social, públicos e privados, mas até agora o antigo ministro, Val Neto, nunca se pronunciou sobre o assunto, tendo deixado brechas para especulações a nível da média e dos mais variados seguimentos da sociedade angolana e não só.

Contrariamente ao que se sucede em Angola, nos outros países africanos, como é o caso do Togo, as autoridades governamentais – de uma ou de outra forma – sempre se manifestaram em apoiar os órgãos de comunicação social privados, quer materialmente, quer financeiramente.

Países como o Zimbabué e o Congo Democrático, então Zaíre, também já tiveram iniciativas do género, o que nunca aconteceu com Angola, mesmo no chamado tempo das “vacas gordas”, com o petrodólar a comandar.

No entanto, espera-se do novo ministro da Comunicação Social uma postura diferente dos anteriores titulares que passaram no referido Ministério, e paute-se pelo diálogo com os órgãos privados do sector, ouvindo as suas preocupações.