Luanda - O debate em torno da profissionalização dos cursos pré universitários em Angola, há muito que vem sendo desprezado por ignorância ou por falta de um espaço onde se possa levantar a discussão académica em volta deste importante tema.

Fonte: Club-k.net

SONHOS E FRUSTRAÇÃO DOS JOVENS, PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO

Na verdade não é nossa intenção aqui procurar um lugar para enquadrarmos em termos de categorias profissionais deste curso intermédio, que lembramos foi concebido no âmbito de uma estratégia perspectiva de aceleração de formação de quadros, fossem capazes de responder desafios contextuais, tanto é assim que são visto como cursos equiparados ou seja, o formando passa a ser considerado técnico médio de facto, depois de terminar o 3o ano universitário( universidade), situação que na realidade não se concretiza, tudo por conta da segmentação dos recursos humanos no mercado de trabalho, porque nenhuma empresa em Angola, recruta jovens formados cursos médios de ciências económicas e jurídicas, ciências físicas e biológicas ou em ciências humanas, nem mesmo se encontra no plano das necessidades no que diz respeito ao provimento de vagas para a função publica, particularmente no caso dos técnicos médios, este procedimento do Estado e das Empresas de certa forma frustra a expectativas do jovens e dos pais assim como dos encarregados de educação de modo geral.


Recentemente assistimos muitos jovens a rasgarem os certificados pelo facto de serem rejeitados aquando do concurso público do ministério da educação, assiste-se também a pouca aderência de novos jovens nos respectivos cursos quer em colégios, quer em escolas do ensino secundário do segundo ciclo, até há colégios que substituíram os mesmos pelos cursos de saúde, uma febre que também cresce cada ano lectivo que passa, situação que pode agravar no futuro, voltando ao “ PUNIV” pré universitário é importante que executivo reformule ou mesmo retira do subsistema do ensino geral, ou faça com o que o mesmo tenha privilégios como os demais cursos, como é o caso do curso médio de saúde, que fazem estágios em instituição hospitalares públicas e privadas, facto que não acontece com aqueles que frequentam o respectivo pré universitário, que acabam a formação sem saber quase nada, situação que lhe torna vulnerável no mercado de trabalho, em comparação com outros técnicos intermédios.


Dai que o sentimento de culpa, arrependimento, tempo perdido, investimento quase que sem retorno, os sonhos e desejos de muitos acabam por não se tornar realidade, por isso é importante que se repense imediatamente no modelo de admissão de quadros no aparelho do Estado, outro aspecto é urgente mudarmos a pirâmide salarial, invés de pagarmos por nível de escolaridade que no nosso caso em concreto o mínimo é a licenciatura, deve-se pagar por mérito ou competência não grau académico como acontece actualmente em Angola, por isso verificamos muitos jovens e adultos, mesmo sem condições mínimas a frequentarem as universidades um pouco por todo país, deve- se inverte o quadro, o Estado as Empresas devem valorizar os técnicos médios, cada profissão tem a sua função social, se assim não então é melhor que se retire tal como já afirmamos o pré universitário no sistema escolar, talvez fosse já para o próximo ano lectivo.


*Carlos da Conceição (sociólogo, escritor, consultor académico e docente universitário)