Luanda - O livro intitulado "Heroínas da Dignidade", da autoria da jornalista Florbela Malaquias, lançado nesta terça-feira, em Luanda, homenageia as mulheres sofridas da Jamba, antigo bastião da UNITA, na época do conflito armado em Angola.

Fonte: Angop
Florbela Malaquias, que falava na cerimónia de apresentação do livro, disse retratar, de forma clarividente, desnuda, em boa parte, a complexa personalidade de Jonas Savimbi, líder fundador da UNITA, que durante longos anos submeteu a tratamento desumano muitas pessoas, principalmente mulheres, na Jamba.

 

“Achei necessário lançar uma luz sobre as trevas que durante anos pairaram sobre a verdade de certos factos. Não foi tão fácil para mim expor-me, isto é uma auto-exposição, mais fi-lo pela verdade”, ressaltou a também advogada.

 

Sublinhou que o livro é testemunho escrito, alinhado para a reconstrução de memórias históricas, trazendo ao de cima a verdade, buscando a reparação colectiva e individual e augurando pela garantia da não repetição.

 

Segundo a advogada, a memória histórica cumpre um papel preponderante na reparação de danos pessoais e colectivos, pois o conhecimento do sucedido restabelece os direitos fundamentais, além da sua outra dimensão de um espaço propício para a realização de luto, uma oportunidade para restabelecer os vínculos sociais e um horizonte para a reconstrução daquilo que foi perdido.

 

Com a publicação deste livro, a jornalista admitiu ter cumprido com um dever ao lançar luz sobre o feminicídio, ocorrido na Jamba, onde angolanas foram queimadas vivas.

 

Essas mulheres, ressaltou, foram duplamente vítimas, primeiro por terem sido queimadas e a segunda pelo silêncio feito a volta deste caso.

 

“Pretendi lançar a pedra no charco da consciência nacional para que se olhe para este acto de feminicídio como um crime praticado em Angola contra as angolanas e que se considere a possibilidade da data 7 de Setembro, em articulação com a Organização das Nações Unidas (ONU), um marco contra o feminicídio no mundo”, argumentou.

 

Por sua vez, a apresentadora da obra, Sófia do Vale, salientou que o manual traz um conjunto de factos de uma fase muito sofrida da história de Angola, que a autora vivenciou quando acompanhou as forças da UNITA.

 

Afirmou que esta etapa da vida marcou de modo indelével a maneira de Anabela Malaquias ver o país, o mundo e, principalmente, a força e coragem da mulher angolana.

 

O livro possui 214 páginas e foi publicado sob chancela da Editora Maria Fonseca.

 

Florbela Malaquias nasceu a 26 de Janeiro de 1959, na província do Moxico, licenciou-se em Direito, pela Universidade Agostinho Neto (UAN).

 

Mestre em Ciências Jurídicas Co-empresariais, Florbela Malaquias foi militar das antigas FALA, braço armado da UNITA na época do conflito armado, tendo chegado à patente de capitã.

 

Nos últimos anos, Florbela Malaquias chegou a ocupar o cargo de administradora executiva da Rádio Nacional de Angola (RNA).