Uíge – Um cidadão que respondia pelo nome de Sousa Eduardo perdeu a vida no dia 18 de Janeiro de 2020, 48 horas, após ter passado por mais uma sessão espancamento protagonizados pelos efectivos do Ministério do Interior, afecto ao Destacamento Especial de Segurança Prisional (DESP), sob a orientação do director-adjunto da cadeia de Kindoki, Adolfo Manuel Cuba. Até conhecer à morte, o malogrado não recebeu qualquer assistência médica e medicamentosa.

Fonte: Club-k.net
A vítima que se encontrava privada de liberdade naquela unidade prisional, fez parte de um grupo de quatro reclusos que foram brutalmente espancados, por motivos ainda por apurar, no dia 16 de Janeiro do corrente, numa sessão coordenada pelo terceiro sub-chefe de nome Jesus.

As fontes do Club-K – que alegam serem, quase diariamente, submetidos à tortura física e psicológica, como de animais de tratassem – atribuem culpas a direcção do estabelecimento dirigido por Gabriel Fernando Barros.

Segundo os denunciantes, o director geral da cadeia de Kindoki – que é protegido pelo comandante provincial do Uíge, o comissário Leitão Ribeiro – nada faz para acautelar os direitos, plasmados na Constituição da República de Angola, que estes gozam, uma vez que se encontram no local para responder pelos seus crimes.

De acordo com os denunciantes, o director-adjunto da cadeia de Kindoki, o intendente Adolfo Manuel Cuba, que apelidou-se de “Dr. Das Surras”, é responsável por tudo de mal que acontece naquele estabelecimento prisional. “Aqui na cadeia de Kindoki não existe direitos Humanos, não têm psicólogos. Isso parece ser um armazém de pessoas”, lamentaram.

As vítimas lembram que – após a denúncia do Club-K – o processo disciplinar instaurado pelo Ministério do Interior contra Adolfo Cuba e os demais efectivos da polícia: Avozinho, Aniceto, Bebo entre outros, por torturaram, no dia 22 de Maio de 2018, mais de duas dezenas de reclusos, não resultou em nada, ou melhor, caiu no esquecimento.

Os reclusos alegam estarem fartos das surras e a faltas de respeito aos seus familiares que vão efectuar visitas (que duram menos de 5 minutos contra duas horas, prevista na lei). “Até hoje alguns reclusos queixam-se de dores de colunas e os que foram arrancados dentes com alicate, continuam a ter problemas nas gengivas. E o director-adjunto grita a quatro canto que vamos continuar a levar surras porque ninguém vai vós ver”, enfatizaram.

De realçar que a 22 de Maio de 2018, mais de 20 cidadãos angolanos que se encontram privados de liberdade no estabelecimento prisional de Kindoki, no município de Negage, província do Uíge, foram barbaramente agredidos pelos efectivos do ministério do Interior, pertencentes ao Destacamento Especial e da Polícia de Intervenção Rápida.

Segundo os familiares das vítimas, os reclusos foram surpreendidos com a ‘ordem de espancamento’ vinda do director adjunto da cadeia de Kindoki, o intendente Manuel Adolfo Cuba, por reivindicarem os seus direitos plasmado na lei.

De acordo ainda com a nossa fonte, antes de levarem a surra, os reclusos foram despidos e molhados com água. “As forças da DESP fizeram um cordão de segurança e obrigaram todos a passarem no meio para serem barbaramente agredidos”, explicou.

Sabe-se que dias antes do sucedido, os reclusos tiveram um bate-boca com alguns responsáveis da cadeia por contestarem as condições degradantes que são submetidos diariamente. A sessão de espancamento teve início às 10 e terminou por volta das 15h30.

Eis a lista de alguns reclusos agredidos que ainda aguardam pela assistência médica e medicamentosa:
- Basílio Anastácio, perdeu dois dentes por causa da pancada;
- Osvaldo, tcp, VD, foi lhe ferido na cabeça e a direcção da cadeia recusa assisti-lo;
- Jose António, tcp, Papoite do Barça, está com a cara inflamada e não consegue sequer abrir as vistas e a direcção da cadeia se recusa prestar-lhe assistência necessária. Por incrível que pareça, o director adjunto da cadeia o obrigou a pedir ajuda de nove mil kwanzas junto a família, a fim de receber assistência médica e medicamentosa;
- Marcelino está com os lábios, como se diz na gíria, arrebentados;
- Zacarias Manuel Fernandes, tcp, Mané Galinha;
- Joaquim João Banbi, tcp, Kim;
- João António Zacarias, tcp, Pit;
- Samuel Mafuassa e Fernando da Costa foram espancados por rivalidades com o reeducador Serafim Panzo dos Santos (que na data dos factos exercia a função de Oficial Superior de Assistência), por reivindicarem os seus direitos;
- Alfredo Armando Gonga;
- Bunga Simão;
- Tito Estevão;
- José Rui Rodrigues;
- Nildo António;
- Alfredo Almeida;

Localizada a 37 quilómetros da cidade do Uíge, a cadeia Kindoki acolhe 648 reclusos. A direcção dos Serviços Penitenciários, adstrita a delegação provincial do Uíge do Ministério do Interior, tem registado mil e 30 reclusos, entre os quais detidos e condenados.

O estabelecimento, que comporta um bloco prisional, cozinha, posto médico, casa para o director prisional local, uma escola para 160 aluno, em dois turnos, sala de informática, biblioteca, parte administrativa e de guarnição, um campo polidesportivo, está implantada numa extensão de 66 hectares.