Lisboa - Horas depois de ter admitido ao Expresso que as reuniões formais com os advogados de Isabel dos Santos seriam um "sinal", ainda que "ténue", de uma possível solução para o devolução de capitais aos Estado angolano, Helder Pitta Gróz, procurador-geral de Angola, diz agora, em comunicado, que não há qualquer negociação em curso com a filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos.

Fonte: Expresso

A Procuradoria-Geral de Angola (PGA) negou hoje a existência de qualquer negociação com Isabel dos Santos no âmbito dos processos judiciais em curso. Poucos dias depois de o Expresso ter noticiado, com base em várias fontes, que existiam conversações entre a defesa da empresária angolana e a PGA, a justiça angolana parece dar um passo atrás.

 

Nos três pontos do comunicado, divulgado hoje em Luanda, a PGA refere que "não há qualquer negociação em curso com a cidadã Isabel dos Santos ou seus representantes", adianta que "não há qualquer posicionamento, manifestação ou acto da Procuradoria Geral da República a respeito de qualquer iniciativa de negociação com a cidadã Isabel dos Santos" e mantém que "continua a exercer o seu papel nos processos em curso contra a referida cidadã."

 

Na edição de sábado, o Expresso avançou que que os advogados de Isabel dos Santos iniciaram conversações com a Procuradoria-Geral da República de Angola para tentarem chegar a um acordo. Já houve reuniões formais nesse sentido, que o procurador-geral da República avaliou com alguma cautela. “É um sinal ainda ténue”, reagiu Hélder Pitta Gróz, procurador-geral de Angola, ao fumo branco lançado por Isabel dos Santos com o objetivo de obter um acordo que envolva a devolução de dinheiro ao Estado angolano como contrapartida para o fim do arresto das contas e bens.

 

A iniciativa, que configura uma mudança de estratégia por parte de Isabel dos Santos, foi feita por um reputado advogado inglês por intermédio do escritório de advocacia do angolano Sérgio Raimundo.

 

Numa entrevista ao Expresso e à SIC, a propósito do Luanda Leaks, Pitta Gróz tinha já admitido uma saída negocial, mas sublinhou que um possível retorno dos capitais de Isabel dos Santos teria de partir da empresária. “Não poderá ser o Estado angolano a dar o primeiro passo. Deverá ser ela [Isabel dos Santos] a dar o primeiro passo e depois, dentro do processo penal, teremos isso em consideração como circunstância atenuante”, explicou Hélder Pitta Gróz.

 

Nessa mesma entrevista, o procurador afirmou que Isabel dos Santos não será detida à chegada a Luanda. "Não existe nenhum mandado de captura dirigido contra ela, portanto sai do avião e pode ir para sua casa", disse.