Luanda - Exmo Senhor Norberto dos Santos ‘Kwata Kanawa’: Sou Monteiro Capunga, deputado e membro do Comité Central do MPLA. Sou empresário graças a Deus. Sou sim amigo de José Eduardo dos Santos. Nunca negarei como alguns hipocritamente agora o fazem. Tenho muita gratidão por ele e espero que Deus lhe proteja e dê mais saúde e vida. E confesso que a dado momento da minha vida, quando não tinha comida à mesa, pensei em ser governador de Malanje, terra onde nasci e vejo com tristeza a regredir por causa de métodos de gestão com as quais não posso concordar.

Fonte: Club-k.net

Actualmente, não estou interessado em qualquer cargo no Executivo, nem mesmo dirigir a província que me viu nascer, mas posso lhe garantir, com firmeza e certeza, que se tivesse tido esta oportunidade, no momento em que ainda sonhava com esta possibilidade, faria melhor que o senhor governador Norberto dos Santos ‘Kwata Kanawa’. Com uma gestão exemplar e para o bem da população local, é sim possível fazer de Malanje uma província satélite que serviria de alavanca para o seu próprio desenvolvimento e das demais províncias que dependem, por exemplo, do mesmo eixo rodoviário que é a Estrada Nacional 230.
 
A percepção geral na província, tendo em conta os níveis de pobreza e o atraso que se observa em quase toda a extensão de Malanje, é que o senhor governador está a prejudicar o próprio povo. As constantes manifestações e exigências da juventude são  sinais que não podemos deixar de observar atentamente e emitir opinião, mesmo que pertençamos ao mesmo partido. Não nos podemos esquecer de uma marca que persegue o nosso partido: o MPLA é o Povo e o Povo é o MPLA.
 
Estive sim na reunião que ocorreu no dia 09.02.2020 na Sede do Governo da Província de Malanje. Falei sim sobre a incompetência do governador, a má gestão que se observa e levantei sim a possibilidade de um dia ser julgado pelo crime de peculato. Temos que ser nós, os do MPLA, os primeiros a debater com firmeza estas premissas, sem receios, tendo em conta as responsabilidades que nos foram imputadas pelo povo angolano através do voto. E não o contrário.
 
Há fortes evidências e se associa o vosso nome a vários negócios em curso  na província. E quando assim acontece, o melhor seria que o próprio senhor governador se disponibilizasse no sentido de esbater estas desconfianças e não o contrário. Senão vejamos: 
 
O Executivo disponibilizou 10 milhões de dólares para tapar as ravinas existentes nos municípios de Marimba e Massango. Uma empresa local disponibilizou-se em realizar o mesmo trabalho por apenas 35 mil dólares norte-americanos, mas a obra foi adjudicada a uma outrra empresa, cuja titularidade é atribuída ao senhor governador, por cinco milhões de dólares para tapar uma única ravina no município de Marimba. Curiosamente, até hoje esta ravina não foi tapada.
 
Quem gere os fundos do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIMM) em Malanje? São empresas apontadas ao senhor governador, que ficam com o dinheiro, mas não fazem nada. Quem fornece a merenda escolar? Quem fornece os medicamentos em Malanje?


Para estas tarefas são usados alguns dos ‘meninos’ que hoje os pretende afastar, mesmo sendo bons quadros para a província. O Nazaré é um deles, razão pela qual o levaste a Malanje para actividades específicas e que são conhecidas por quase todos os malanjinos informados.
 
Estou em Malanje desde 2002. Nunca vivi em Luanda. Desloco-me à capital do país para assistir as sessões de Assembleia Nacional, como já referi anteriormente porque sou deputado, e desenvolver as minhas actividades empresariais. Por isso, afirmo categoricamente que não houve nenhuma reunião do Comité Provincial do Partido, razão pela qual utilizo esta mesma via – Club K- que alguns dos camaradas utilizaram para atingir a minha pessoa e enquanto entidade máxima da organização na província de Malanje não refuta por razões que bem conhecemos.
 
 
Gostaria de recordar que em 2017, quando por vossa vontade não quis o nosso nome na lista de deputados, vários segmentos da população de Malanje pretendia sair à rua por causa desta injustiça. Isso só não ocorreu porque o antigo secretário geral do MPLA, engenheiro Paulo Kassoma, o general Eugénio Laborinho, o deputado Salomão Xirimbimbi e o general Helder Vieira Dias Kopelipa pediram-me que convencesse a população a não sair, tendo sido até necessário o reforço de efectivos da Polícia de Intervenção Rápida provenientes de Luanda.
 
É sabido que em alguns círculos o senhor governador gaba-se de que de Malanje não sai enquanto o Presidente da República, João Lourenço, estiver no poder, por supostas ajudas da vossa parte. Pode ser até verdade para o senhor governador, mas os cinco deputados eleitos em Malanje só foram possíveis graças aos esforços e sacrifícios dos filhos, amigos e simpatizantes da província de Malanje, que hoje, infelizmente, está a ser mal governada.
 
Se o método de avaliação tivesse sido o vosso trabalho, acreditamos nós que só haveriam três votos: o do governador, do Eduardo e do Nazaré. O senhor governador sabe que, desde que foi eleito primeiro secretário do partido em Malanje e fruto da má gestão que se observa, há um distanciamento por parte dos militantes, a maioria dos quais nem sequer participa nas acções desenvolvidas pelos Comités de Acção do Partido (CAP).
 
Sou apoiante do presidente do MPLA e da República, Dr João Lourenço. Algumas das acções que denunciamos são as mesmas que ele tem vindo a combater energicamente. Por isso, enquanto deputado do MPLA, as minhas responsabilidades são mais acrescidas. Não o faço por fazer parte da família real de Malanje de que ele também faz parte, como alguns pretendem fazer crer.
 
De Cabinda ao Cunene, um só povo e uma só
Viva Malanje

Luanda, aos 20 de Março de 2020
 
Monteiro Pinto Capunga