Luanda – O antigo chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar de Angola, general Antônio José Maria telefonou no passado dia 23 de Março a TV Zimbo para avisar que desafia o antigo Chefe de Estado Maior da guerrilha da UNITA, general Abílio José Augusto Kamalata Numa para um debate sobre o tema da batalha do Cuito Cuanavale.

Fonte: Club-k.net

O general  reformado que no ano passado foi condenado a três anos de prisão efectiva por extravio de material militar, encontrava-se em sua casa (prisão domiciliar) a assistir a um debate na televisão a volta do tema daquele que foi o maior confronto militar entre as forças governamentais e o extinto braço armado da UNITA e com os seus respectivos aliados internacionais, em Março de 1988, na província do Cuando Cubango.


Ao longo do debate, um dos intervenientes havia contestado a tese que tem sido levantada por Kamalata Numa segundo a qual a Batalha do Cuito Cuanavale, “é uma ficção, porque a verdadeira batalha de 1987/88 foi a Batalha Saudemos o Segundo Congresso da parte do Governo de Angola e Lomba 87 da parte da UNITA”, tendo sido esta “uma entre as várias batalhas que se produziram naquele teatro de guerra”.


Irritado com que estava a escutar a partir do sofá de sua casa, na praia do bispo, em Luanda, o general Zé Maria ligou para a direção desta televisão privada e quando lhe foi questionado quem estava do outro lado da linha respondeu que era o “General preso da praia do bispo”, uma referencia a sua condição e ao bairro onde aguarda, em casa, pelo recurso da sua sentença.


O general desvalorizou a teses que tem sido levantadas por Kamalata Numa e pediu a televisão que o transmitissem que esta aberto para um debate a dois sobre este tema que ligado ao maior confronto militar da Guerra Civil Angolana, ocorrido entre 15 de novembro de 1987 e 23 de março de 1988.


O general José Maria é a figura do regime angolano que há mais de 10 anos, teve a ideia de usar a batalha do Cuito Cuanavale, para ajudar a enaltecer a figura de JES quando o antigo líder angolano estava com problemas de popularidade política.


Em 2008, o Club-K reportou que a Inteligência Militar impediu, a circulação em Angola de um documentário cubano “Odisseia em África” sobre a batalha do Cuito Cuanavale cuja versão era diferente a do regime angolano.


O documentário foi realizado em 2007 pela francesa (de origem Egípcia) Jihan El Tahri e revela a história da Guerra Fria no seu cenário mais desconhecido em que Cuba de Fidel Castro exerce um papel central na nova estratégia ofensiva das nações do terceiro mundo contra o colonialismo dos novos e antigos impérios.


O referido documentário apresenta imagens de Fidel de Castro, a partir de Cuba e com mapas cartográficos de Angola a dar instruções por telefone aos seus comandantes militares que se encontravam no campo da batalha, no nosso país. A versão cubana contraria a mensagem das autoridades angolanas que apresenta o ex-Presidente José Eduardo dos Santos como suposto estratega militar que derrubou o regime do apartheid na África do Sul e libertou Nelson Mandela da prisão.


O documentário mostra ainda o numero exacto de soldados cubanos em território angolano que é superior aos dados que é do conhecimento publico; Revela que as tropas angolanas levaram inicialmente porrada na batalha ; mostra igualmente que foram os cubanos que estiveram nas frentes estratégicas.


Em resposta a versão do documentário, o governo angolano realizou em Março de 2010 uma atividade que visou homenagear a batalha do Cuito Cuanavale. O regime localizou o general angolano António Valeriano protagonista da batalha do CC para fazer um discurso atribuindo todo mérito ao presidente JES. Desde então a vida do general Zé Maria foi dedicada em fazer pesquisas sobre esta parte da história militar num angolano de exaltação a José Eduardo dos Santos como libertador da África Austral.