Luanda - Angola tem mais um caso de infecção por coronavírus Covid-19, anunciou neste sábado em Luanda a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, admitindo que uma morte ocorrida também hoje na clínica Girassol, em Luanda, está a ser investigada para determinar uma eventual ligação à pandemia por Covid-19.

Fonte: Angop

O quinto caso de infecção confirmada é de um homem de 54 anos que chegou do Brasil.


Sobre a morte ocorrida na clínica Girassol, Sílvia Lutucuta sublinhou que está a ser investigada, alertando para o facto de um quadro de dificuldades respiratórias não ser forçosamente provocado pelo novo coronavírus, responsável pela doença Covid-19.


Informou ainda que esta pessoa não tem um vínculo aos casos que chegaram nos voos recentes oriundos de Portugal nem estava integrado nos indivíduos aos quais foram retiradas amostras para testes.


A investigação está a ser conduzida, adiantou, por elementos do Ministério da Saúde e por elementos da clínica Girassol, reafirmando que só com a conclusão deste trabalho será possível confirmar ou infirmar a causa da morte por Covid-19 ou por outros problemas de saúde.


A ministra da Saúde, que hoje falou em nome da comissão interministerial criado pelo Executivo para lidar com a pandemia da Covid-19, apelou para que as pessoas cumpram com as determinações do estado de emergência, nomeadamente para ficarem em casa se não tiverem uma razão válida e contemplada pelo regulamento do estado de emergência.


Sílvia Lutucuta lembrou que o não cumprimento das orientações das autoridades de saúde pode, como sucedeu em países europeus, desde logo a Itália ou mesmo Portugal, conduzir a situações de catástrofe.


"Não queremos que em Angola se vivam situações semelhantes às que estão a ser vividas por estes países", sublinhou a ministra da Saúde, acrescentando que é essencial que sejam "retiradas lições do que sucedeu" noutras geografias, porque "é preciso evitar que Angola se venha a encontrar numa situação muito difícil".


Para já, em Angola, para além dos cinco casos anunciados, todos com sintomas ligeiros da doença, há 886 pessoas em quarentena institucional, dos quais cerca de 550 em Luanda, e um número não indicado em quarentena domiciliária.


Todos os casos são importados, não havendo, asseverou Sílvia Lutucuta, casos comunitários, de transmissão local, mas advertiu que essa possibilidade existe e que as características da sociedade angolana podem facilitar esse modo de transmissão.


Deixou um recado claro para os transgressores das normas determinadas pelo regulamento do estado de emergência pulicado em decreto pelo Presidente da República, no sentido de serem severas as punições previstas.


E, a partir do Centro de Imprensa Anibal de Melo, informou que vai ter lugar um robustecimento do policiamento e do patrulhamento dos locais públicos em todo o país.


A ministra tranquilizou quanto à capacidade nacional para as situações graves, cmo a necessidade de ventiladores, existindo 12 em todo o país, sendo que os cálculos são de uma necessidade de cerca de 600.


Estão a ser adquiridos algumas centenas destes aparelhos, mas Sílvia Lutucuta, nesta conferência de imprensa que foi transmitida em directo pela rádio e televisão, chamou a atenção para o facto de Angola não ter quadros médicos suficientes para operar com estes equipamentos, estando a ser pensadas outras soluções, como a adaptação de profissionais de saúde de outras áreas.


Números globais

Até ao momento, em todo o mundo estão registados 601 mil casos, dos quais resultaram 27,440 mortos e 133,450 conseguiram livrar-se da doença, recuperando totalmente, segundo a OMS.


Os Estados Unidos da América são agora a geografia em todo o globo mais afectada, com mais de 104 mil casos, ultrapassando a Itália, onde estão confirmados cerca de 84 mil, a China, com 81 mil e a Espanha, com pouco mais de 65 mil.


O país com mais vítimas mortais é, no entanto, a Itália, com mais de 9,2 mil, seguindo-se a Espanha, pouco acima dos 5 mil, e depois, o Irão, com 2,378, e a China, com 3,295. OS EUA, que são a nova grande preocupação da OMS, com o mais rápido aumento de casos em todo o planeta, está nos 1,704 óbitos, mas com um crescimento a acentuar-se.


África é, até agora, o continente menos afectado, embora os números não enganem e mostrem claramente que a curva nos gráficos que mostra a evolução da pandemia está a subir, com a África do Sul na linha da frente com 1,170 casos, embora com registo oficial de apenas 1 morto, seguindo-se o Egipto, com 536 infecções registadas e 30 mortos, e a Argélia vem logo a seguir, com 409 casos e 26 mortos.


Angola tem 5 casos confirmados - e uma morte em investigação - pela equipa interministerial criada no seio do Executivo para lidar com o avanço da pandemia, sendo que todos eles, embora tratando-se de cidadãos nacionais, são pessoas que adquiriram a infecção em Portugal e no Brasil e chegaram a Luanda nos voos extraordinários, depois de suspensos todos os voos internacionais, realizados entre 18 e 20 deste mês.

O vírus, o que é e o que fazer, sintomas


Estes vírus pertencem a uma família viral específica, a Coronaviridae, conhecida desde os anos de 1960, e afecta tanto humanos como animais, tendo sido responsável por duas pandemias de elevada gravidade, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), transmitida de dromedários para humanos, e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), transmitida de felinos para humanos, com início na China.


Inicialmente, esta doença era apenas transmitida de animais para humanos, mas, com os vários surtos, alguns de pequena escala, este quadro evoluiu para um em que a transmissão ocorre de humano para humano, o que faz deste vírus muito mais perigoso, sendo um espirro, gotas de saliva, por mais minúsculas que sejam, ou tosse de indivíduos infectados o suficiente para uma contaminação.


Os sintomas associados a esta doença passam por febres altas, dificuldades em respirar, tosse, dores de garganta, o que faz deste quadro muito similar ao de uma gripe comum, podendo, no entanto, evoluir para formas graves de pneumonia e, nalguns casos, letais, especialmente em idosos, pessoas com o sistema imunitário fragilizado, doentes crónicos, etc.


O período de incubação médio é de 14 dias e durante o qual o vírus, ao contrário do que sucedeu com os outros surtos, tem a capacidade de transmissão durante a incubação, quando os indivíduos não apresentam sintomas, logo de mais complexo controlo.


A melhor forma de evitar este vírus, segundo os especialistas é não frequentar áreas de risco com muitas pessoas, não ir para espaços fechados e sem ventilação, usar máscara sanitária, lavar com frequência as mãos com desinfectante adequado, ou sabão, cobrir a boca e o nariz quando espirrar ou tossir, evitar o contacto com pessoas suspeitas de estarem infectadas.


A Organização Mundial de Saúde (OMS) organizou um guia essencial sobre o coronavírus/Covid-19 que pode ver aqui.