Luanda - Estes defuntos éticos encontram-se também ao mais alto nível e intermédio da hierarquia da igreja. Estão nas organizações desportivas, nos tribunais, na comunicação, na administração pública, na “cultura”, no sector de defesa e segurança, nas máquinas obsoletas dos partidos, nas organizações internacionais sediadas no país, enfim, são vírus que infestaram todas as dimensões da sociedade. Para a compreensão destes seres aberrantes, juntaram-se quatro activistas: Inocêncio de Brito, Joaquim M. A. Manuel, Mâncio Capita e Thomas Sankara.

Fonte: Observatorio de Imprensa 

O triunfo dos parvos e a glorificação do mal está ali à vista. É demasiado claro, para ser redundante. Durante o processo de construção da hegemonia e opressão em Angola, até ao ápice contínuo da sua dominação, a “elite” do retrocesso (composta por atrasados, grotescos, asquerosos e primitivos) contou com os préstimos de inúmeras “ferramentas humanas”. Estes instrumentos indignos encontram-se em todos os sectores: na sociedade civil (para ser preciso e razoável, a estes Christine Messiant chamou governamentais organizações não governamentais/GONG) a fim de fazer justiça à sociedade civil autêntica. Esta categorização permitiu distinguir a “sociedade civil instrumental”, servente da tirania e meio para manter o poder em relação aos movimentos sociais no sentido clássico da teoria da democracia.


Estes defuntos éticos encontram-se também ao mais alto nível e intermédio da hierarquia da igreja. Estão nas organizações desportivas, nos tribunais, na comunicação, na administração pública, na “cultura”, no sector de defesa e segurança, nas máquinas obsoletas dos partidos, nas organizações internacionais sediadas no país, enfim, são os vírus que infestaram todas as dimensões da sociedade. Estes ignóbeis encaixam perfeitamente na teoria da evolução das espécies de Al-Jahiz, proposta mil anos antes de Charles Darwin. Esta espécie venenosa, prejudicial à sociedade, segue um processo evolutivo tanto em termos fisio-sociológico, quanto semântico. Como lecciona o professor Elísio Estanque: «Eles são a contraparte da vontade de bajulação de personagens “importantes” cujos enormes umbigos – e as lambidelas diárias – os fazem sentir-se muito mais importantes do que realmente são». E o argumento continua dizendo que «nos tempos da sociedade rural e do paroquialismo, era a “graxa” que dava “lustro” aos mais poderosos. Mais tarde surgiram os “lambe-botas”; e actualmente, é o tempo dos “lambe-cus”». Este “lambe-cus”, cuja vida é ganha mediante este acto rastejante de desfrutar os vários ânus dos poderosos, alegam que são donos e senhores de si mesmos, logo, têm o direito de fazer das suas vidas o que bem lhes apetece. Afinal são “livres”, por isso, podem usar esta “liberdade” para seguir a avenida que os permite o desfrute do prazer rectal e além.


É verdade que todos os seres humanos têm o direito de viver a sua liberdade, mas ela tem limites. O limite chave no exercício da liberdade é: ela não se pode traduzir em dano para outrem. É perceptível, qual líquido, que os actos desta espécie prejudicam a sociedade até hoje. Contribuíram para a morte de milhares de pessoas, para o aprofundamento da miséria crónica, entre outros males em Angola, ao defenderem persistentemente a continuidade do regime vigente. São responsáveis morais e sobre muitos recai também a responsabilidade criminal. A problemática da responsabilidade moral impõe uma questão: como se pode responsabilizar moralmente indivíduos que não sabem o que é a moral? Sendo certo que um acto moralmente adequado decorre da exigência da consciência, pelo que fazem há décadas, não é crível que estes “lambe-cus” tenham qualquer senso de moralidade! Neste sentido, a responsabilização sobre a qual referimos tem que ver com o nosso lugar de fala. Uma geografia cuja fronteira que nos separa é intransponível em termos éticos. Eles e Nós estão demasiado claro. Por outras palavras é a gang e as vítimas.


O exercício da liberdade geral, ou da liberdade de expressão em particular é indispensável ao papel do delirante desta espécie. Quando abrem as goelas ouvimos palavras inalcançáveis pela ficção mais refinada. Em nome do direito à memória, eis as epístolas que os “lambe-ânus” proferiram:

“O ar que respiramos em Angola é também um ganho da paz”

Luvualu de Carvalho faz parte do grupo dos “intelectuais?!” (ou melhor, diplomados) preparados pelo MPLA, na era da governação de José Eduardo dos Santos (JES), para defender a manutenção do poder, tanto do MPLA quanto do seu presidente. Mentia com convicção e de forma descarada. Muitas pessoas questionavam a honestidade “intelectual?” de Luvualu. Mas ele não estava preocupado com essa questão porque era trabalho dele dizer inverdades, foi preparado com essa finalidade e tinha prazer em enganar as pessoas desinformadas, que são a maioria dos angolanos. Ou seja, a sua consciência tinha paz enquanto conseguisse mentir na perfeição. Sentia-se satisfeito e com o sentimento de dever cumprido. Passou por muita vergonha pública, mas conseguia manter a serenidade. Voltava a mentir no dia seguinte, se fosse preciso. Será que ele sabe o que é a vergonha?
Quando JES anunciou que iria abandonar a vida política activa em 2018, Luvualu reagiu da seguinte maneira: «É importante que se diga, que se reafirme, que a Constituição de Angola permite o cidadão José Eduardo dos Santos voltar a candidatar-se em 2017 e exercer o seu poder. Não há nenhuma limitação do ponto de vista da Constituição».


A sua obra-prima é: «O ar que respiramos em Angola é também um ganho da paz». O seu grupo várias vezes defendeu que a paz foi alcançada graças ao príncipe, logo, este último é o criador do oxigénio.

O pastor Antunes Huambo também fez parte do grupo que elevou JES ao nível de divindade. Neste sentido, os membros do MPLA eram os anjos e arcanjos. Apesar deste pastor ter sido peça/instrumento da estratégia que o MPLA criou para entreter as massas com discursos a seu favor, não parece ter a mesma preparação e a importância que o dito cujo supra. Era notável que “este homem de Deus” era uma figura facilmente descartável, embora esta sorte possa recair a qualquer um destes instrumentos humanos. Pelo que, o homem falava sem nexo e à velocidade do vento. Era possível notar que estava à procura de protagonismo no reino, porque a adulação tem classe e é premiada de acordo ao nível que cada personagem granjeia.


Apesar do empenho, Huambo não conseguiu ganhar “respeito” do regime de JES. Era chamado nos momentos de desespero do regime. Circunstâncias em que qualquer verborreia tivesse que ser dita. Marcou o país com as seguintes frases:

«A cor vermelha da bandeira do MPLA simboliza o sangue de Jesus Cristo»;
«José Eduardo dos Santos é o escolhido de Deus. E é necessário que seja proposto para o prémio Nobel da Paz».


Este seres sinistros adaptam-se aos tempos. Estão sempre à procura de novos rectos para cravar a língua. Os mesmos que terão dito que JES é o maior líder jamais visto na história da humanidade, o ser replicável qual clone, o imparável, o incapaz de envelhecer, entre muitas outras doidices, hoje mudaram todo arsenal em favor de Lourenço. Em troca de quê? O caro/a leitor/a é inteligente, por isso, sabe o que estes parvos desejam. Lembremos um exemplo perfeito de camaleão: «Não podemos culpabilizar o que aconteceu numa transição mal dirigida, houve muitos aproveitamentos, deputados com terrenos, etc. Nós, como jovens, ainda estamos a pagar essa dívida, e, portanto, temos o mérito, com o Presidente João Lourenço, de colocar um stop nisso», afirmou Belarmino Van-Dúnem. Sobre isso, nada mais há a acrescentar. Terá proferido esta afirmação em 2019. Quatro anos antes, disse: «O Presidente da República, enquanto estadista, não tem poupado esforços na busca de soluções para garantir a estabilidade social, económica e financeira do país e, por isso, é necessário que os angolanos participem, contribuam e confiem na liderança e estratégias do Presidente José Eduardo dos Santos, para que o país continue a trilhar rumo ao desenvolvimento.»


A estratégia do camaleão estende-se a tantos outros personagens. Nos últimos tempos destaca-se Norberto Garcia e Esteves Hilário.


Outras personagens cujo lugar reservado na história é a sarjeta são: Afonso Nunes, Bispo da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo e Bambila. O primeiro diz acreditar na recuperação de almas e, em troca de bens, favores, privilégios e outras vantagens inimagináveis estabeleceu um preço para a sua dignidade.


Este bispo estranho, em 2000, autodeclarou-se a personificação do Profeta Simão Toko. Para sustentar e fundamentar a nova condição concluiu a construção do grande Templo da sua Igreja em Luanda e deu início à sua devoção e veneração ao tirano, José Eduardo dos Santos e ao MPLA. A construção do templo teve o apoio financeiro do regime, mediante o apadrinhamento do demiurgo nacional.


Entre as declarações bizarras deste Bispo, a marcante, e talvez a pior foi: «José Eduardo dos Santos é um anjo enviado por Deus para governar Angola». Para muitos, o fundamento teológico deste disparate figura nas cartas de S. Paulo aos Romanos (13: 1-5). Infelizmente, vimos a Igreja Tocoista movida pelo seu “líder”, Afonso Nunes, por interesses egoístas, submisso ao MPLA. Não seria qualquer exagero afirmar que Nunes transformou a Igreja num instrumento fundamental para marketing político do regime em momentos cruciais, entre os quais destacam-se os ciclos eleitorais.

 

Outras “ferramenta religiosas” que terão vendido as almas ao diabo (a preço de saldo) encontram-se em diversas denominações cristãs — Cardeal Alexandre do Nascimento, Bispos Anastácio Kahango, Zacarias Kamuenho e Filomeno Vieira Dias, cónego Apolónio Graciano, padre Quintino Kandanji, (Igreja Católica); Bispos Emílio de Carvalho, Gaspar Domingos, José Quipungo (Igreja Metodista Unida); pastor/a Luís Nguimbe e Diolinda Teca (Conselho de Igrejas Cristãs em Angola/CICA) — e tantos outros cuja vontade de posse lhes obliterou a consciência moral. Esta gente sem dignidade moral, defendem o statu quo sempre que é preciso, mesmo quando tudo parece irrazoável e injustificável.

« Jesus é do MPLA»

Na mesma senda, diziam que a Rainha Nginga foi militante activa da OMA. Como é óbvio, tudo isso não seria possível sem a imprensa. Temos assim, uma comunicação social que passou a ser o repositório da estupidez daqueles que, a coberto da sua militância e protecção política, transformaram o “falar à toa” em ciência política do regime e do país. Neste sentido os pseudo-jornalistas são igualmente “lambe-cus” que devem ser responsabilizados pela situação em que se encontra a sociedade.


Quando Bento Kangamba fala publicamente sobre o trabalho do MPLA, que se traduziu na garantia de “energia potável”, rimo-nos todos da ignorância do homem e ficamos por aí estatelados. Mas Kangamba é uma figura extraordinária, é um lúmpen bem-sucedido que entretém os angolanos que troçam da sua própria tragédia. Ele tem graça, Luvualu não ! Este é um Kangamba de outro nível.


Quanto ao sector musical, destaca-se o repugnante Matias Damásio pelas macaquices e maluqueiras sobre as quais não é necessário qualquer comentário adicional. Outros “cantorzecos” seguiram o seu exemplo. Bambila, em pleno show na província do Uíge terá dito : «Quem ama Jesus grita, MPLA»; «Jesus é do MPLA». Shows frequentes eram realizados para endeusar JES. O exército de carneiros eram manipulados e estes por sua vez manipulavam o povo.


A lista de “lambe-ânus” cujo papel em eleições é indesmentível, parece infindável: Estevão Alberto, Big Nelo, Ary, Israel Bonifácio, Aércio Miller, Cangato, Cândido Ananás, Carlos Alberto Jaime, Papoite Kamongua, Maya Cool, Lima do Swegg, Yola Araújo, João Pinto, Yola Semedo, Yury da Cunha, Edmázia Mayembe, Bento Bento, Tito Cambanje, Gildo Matias. Este último terá dito que «o país não está em condições de ser guiado por alguém que não seja a figura de José Eduardo dos Santos, é incontornável para manter a paz entre os angolanos».


Revisitando aos carneiros no sector da música, não é exagero afirmar que, no conjunto, talvez três ou quatro não se podem enquadrar neste grupo venenoso! A pátria jamais os esquecerá. Provavelmente ocorrerá o mesmo com os novos bajús, da era de quem para muitos é o novo messias sem milagres e para outros é Josué, que os arrastará até à terra prometida desde que não façam ondas com ou sem turbulências.


Ora, «do ponto de vista genético o lambe-cus é despojado de coluna vertebral, ao contrário dos seus antecedentes (os lambe-botas) que ainda tinham algum resquício de coluna, embora torcida e vergada aos seus amos. Na sua versão mais pura, o lambe-cus possui qualidades que lhe permitem detectar à distância onde se encontra o cú mais proeminente e atractivo para ser lambido. Alguns desenvolveram até uma língua bífida, especialmente elástica e hipertrofiada, o que lhes permite lamber vários cús ao mesmo tempo sem que os respectivos donos se apercebam da concorrência. Já quanto ao “carácter” é um atributo que, pelo contrário, se encontra atrofiado ou não existe sequer. O “ego” do verdadeiro lambe-cus só se faz notar quando algum cu poderoso dá sinais de querer ser lambido. É dotado de instintos caninos. Ele projecta-se totalmente na satisfação plena do seu dono. […]É verdade que alguns lambe-cus entram por vezes em desgraça [tal como os chefes], sobretudo quando, dominados por uma pulsão exibicionista denunciam em público os cus que andaram a lamber. Mas o seu habitat natural são as zonas subterrâneas do poder: as grandes corporações e grupos empresariais, os bastidores da política, dos municípios, das universidades, etc.», argumenta o professor Estaque.