Luanda - George Flyod, 46 anos, segurança e desempregado é mais uma vítima da violência policial que ameaça transformar os Estados Unidos num território de batalha campal. Flyod era acusado de adquirir produtos, numa loja de conveniência, com uma nota falsa de 20 dólares, algemado em plena luz do dia atirado ao chão por um agente que coloca o joelho na sua garganta e só o retira depois de chegar uma ambulância ignorando o apelo de George que repetidamente dizia que não conseguia respirar.

Fonte: OPAIS

Dos agentes que acorreram à chamada dois foram despedidos e Derek Chauvin vê-se abraços com uma acusação de homicídio involuntário, mesmo tendo já queixas contra si de excesso na actuação e um vídeo que mostra o que fez a Flyod.


Está assim em ebulição um problema que os americanos ao longo dos anos insistem em varrer para debaixo do tapete, a revolta que leva a protestos em 25 cidades e que junta cidadãos de várias proveniências é também um grito contra o que já não conseguem abafar, a diferença de tratamento policial para brancos e negros.


Há jornalistas que analisam este escalar de violência como as situações históricas de 1861-1865 a Guerra da Secessão ou a implementação das políticas de segregação a Lei Jim Crow em 1870 e que levará posteriormente aos movimentos pelos direitos civis dos negros.


A verdade é que nos Estados Unidos a população negra representa uma grande fatia dos cidadãos com dificuldades, a exemplo do estado do Minnesota com a pandemia a quebra de empregos cifra-se nos 4% a nível global sendo de 10% na comunidade negra, o próprio George Flyod era vítima desta situação e teria ido para Minneapolis à procura de trabalho.


Trump ao seu estilo e utilizando o Twitter primeiro ameaçou, mas rapidamente recuou e já está a ser orientado para receber a família da vítima pois estamos em ano de eleição presidencial.


Acusa os grupos anarquistas e de extrema-esquerda de serem os responsáveis pelo escalar da violência e decretou a Antifa (grupo de extrema-esquerda) como organização terrorista.


Mas serão estes grupos os verdadeiros responsáveis?


Já lá vão os anos da “idílica” eleição de Barak Obama e mesmo estando oito anos no poder nem tudo foram rosas e o “Yes We Can” deu lugar a “Make America Great Again”, com um grande apoio da extrema-direita e de movimentos de supremacia racial.


A sociedade norte americana é complexa e a integração de muitos negros em posições de destaque e com status não significa que sejam aceites por todos, não são todos Oprah’s, Lebrown’s James ou Will’s Smiths da vida, o “afroamericano” vive na sua maioria em guetos físicos e mentais tendo que ultrapassar muitos estigmas para singrar.


Perguntar-se-á o leitor que relação existe entre esta crise nos Estados Unidos e nós? Penso que esta poderá ser uma lição sobre o não varrer o lixo para debaixo do tapete pois temos igualmente questões que tardamos em resolver e que um dia mais tarde podem ser factor de cisão, continuamos ainda muito preocupados com “pantones” e com árvores genealógicas, quando deveríamos estar focados em competências e com cidadãos que efectivamente contribuem para o crescimento e modernização, que independentemente da sua “coloração” partidária possam ajudar a encontrar caminhos. É que o tempo urge e precisamos de acelerar rumo a uma solução conjunta de melhoria do nosso país e para isso de nada nos servirá não enfrentarmos os problemas de frente.


Talvez uma conversa à sombra da mulemba resolva…