Lisboa  - Violentos combates em Chissanzi na região de Massabi, entre as Forças Armadas Angolanas (FAA) e a Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC-FAC), resultaram em 12 mortos, dos quais 6 civis, 4 soldados angolanos e 2 combatentes da FLEC-FAC, anunciou o movimento independentista.

Fonte: e-Global

Segundo o General de Brigada e porta-voz do Estado Maior General das FAC, António Rosário, os combates tiveram lugar quando os independentistas iniciavam as comemorações do 4º aniversário da morte de Nzita Tiago, líder carismático da FLEC-FAC.


António Rosário destacou também que as FAA passaram à ofensiva quando a FLEC-FAC anunciou um cessar-fogo por razões sanitárias devido à pandemia Covid-19, no cumprimento do apelo lançado pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.


Pouco antes do ataque das FAA, a FLEC-FAC abrira as cerimónias militares em memória de Nzita Tiago (ver vídeo) com o hino da organização. Na ocasião o Comandante Geraldo Buela Dragão defendeu que a data de 3 de Junho deve “ser uma data de reflexão” para os cabindas. Lembrou também que Nzita Tiago iniciara a luta política com “o seu cunhado Patrice Lumumba”, e sintetizou o processo que levou à criação da FLEC.


“Nzita Tiago é um modelo e uma escola para todos nós” e “simboliza a luta do povo cabindês pelo direito à autodeterminação” assim como “sempre privilegiou o diálogo” para a resolução do conflito, disse Geraldo Buela Dragão na mesma ocasião. O Comandante da FLEC-FAC apelou também à unidade entre os cabindas sublinhando que “há pessoas que querem ajudar” a organização independentista.


Contactado pela e-Global, Emmanuel Nzita, presidente da FLEC-FAC, criticou a “frieza guerreira e sanguinária das FAA”, no entanto garante que o movimento independentista “não vai ceder às provocações dos chefes de guerra angolanos”, e manterá o cessar-fogo respeitando assim o apelo lançado por António Guterres, ainda em vigor. Emmanuel Nzita acrescentou ainda que “continua disposto a dialogar” e que continua a aguardar por um “sinal de boa vontade de Luanda”.


Nzita Henriques Tiago


Nzita Henriques Tiago, presidente e co-fundador da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda / Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC), morreu a 3 de Junho de 2016 em Draveil na região parisiense, França.


Nzita Tiago, nasceu a 14 Julho de 1927 em Mboma Lubinda em Cabinda. Depois de um longo período de actividade política no Zaire (actual República Democrática do Congo) juntamente com Patrice Lumumba, participou em 1963 na criação da FLEC em Ponta Negra, República do Congo.


Na véspera da independência de Angola, vendo que Cabinda não entraria no quadro da descolonização portuguesa, Nzita Tiago inicia uma guerra de guerrilha contra as forças angolanas em Cabinda, apoiadas por tropas cubanas.


Figura carismática da resistência cabindesa, Nzita Tiago tornara-se numa personagem incontornável em qualquer processo sobre o destino político de Cabinda.