Luanda - Se os impedimentos a legalização do PRA-JA visam evitar que Abel Chivukuvuku participe das eleições gerais e consequentemente da vida política, alguém anda a fazer mal as contas.

Fonte: Facebook

Vamos pensar juntos:

1. Dificilmente os votos dos potenciais militantes do PRA-JA se converterão em votos para o MPLA. Será mais fácil aos seguidores de Abel Chivukuvuku votarem na oposição, votar nulo ou deixarem-se estar em casa. AC poderá, depois de esgotadas todas as possibilidades, orientar o voto para um partido específico ou dispersá-lo para toda oposição menos para o MPLA.


2. Há a forte possibilidade de AC ser cabeça de lista de um partido já legalizado, muito embora, penso que este será o derradeiro recurso da sua estratégia.


3. Em caso de desistir de todas estratégias ou fazerem-no desistir, afigura-se mais fácil e confortável para AC orientar o voto dos seus seguidores à UNITA do que ao MPLA.


4. No entanto, a legislação autárquica deixa em aberto a possibilidade de AC concorrer às eleições autárquicas sem partido, e a acontecer, concorrerá certamente pela autarquia de Luanda que lhe conferirá visibilidade suficiente para guindá-lo à corrida presidencial. Aqui, o horizonte temporal em que se realizarão as eleições autárquicas e a idade de AC poderão não ser favoráveis aos seus intentos políticos, mas não deixa de se sempre uma possibilidade.


5. De resto, sobra ainda para AC e o seu PRA-JA, o recurso interposto ao plenário do Tribunal Constitucional, e os próximos dias serão decisivos para real politik nacional, constituindo-se num verdadeiro teste a qualidade da democracia e liberdade cívica em tempos do famigerado Novo Paradigma.


6. Não é certamente por mero acaso que AC assevera: «com PRA-JA ou sem PRA-Ja, faremos parte da vida política do país». Quem fala assim, sabe das coisas e não é certamente um gago.

Dom Cambiri | 01.06.2020