Luanda - O Presidente angolano considerou hoje "um passo importante" a inauguração da maior unidade de cuidados intensivos pediátrico de Angola, mas receia que a possível sobrelotação das capacidades destas instalações cause uma rápida degradação das mesmas.

Fonte: Lusa

João Lourenço falava à imprensa no final da cerimónia de inauguração de uma nova ala de Serviço de Urgência, Internamento de Curta Duração, Consulta Externa e Hospital de Dia da Pediatria de Luanda.


"Esta unidade que acabamos de inaugurar representa um passo importante na resolução dos problemas de saúde da população, em particular da nossa criança", disse João Lourenço, sobre esta extensão do Hospital Pediátrico David Bernardino, composto por quatro edifícios, com uma capacidade de 135 camas, das quais 47 de cuidados intensivos e 19 de neonatologia.

 

O chefe de Estado angolano reconheceu que ter apenas uma unidade "tão bem equipada" na capital angolana fará com que as crianças oriundas não só dos diferentes municípios de Luanda, como até das províncias mais próximas, "venham e acabem por superlotar as capacidades destas instalações, com o perigo de uma rápida degradação das mesmas".

 

"O que acabamos de ver pensamos que orgulha a todos nós. Quem conheceu o banco de urgência do Hospital Pediátrico David Bernardino, que compare o que é que aquilo era e o que isto é", disse.

 

Segundo João Lourenço, infraestruturas como estas podem ser replicadas em outros municípios e outras províncias, sendo apenas discutível a sua dimensão.

 

Na sua intervenção, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, disse que a partir de hoje as crianças podem receber uma assistência diferenciada em regime de urgência, consulta externa e hospital de dia.

 

A governante aproveitou para agradecer às empresas, entre as quais as portuguesas Mota-Engil, Omatapalo e Casais, que de forma gratuita, no âmbito da sua responsabilidade social, reabilitaram os quatro edifícios.

 

"Temos aqui um sonho que se tornou realidade para o tratamento diferenciado em emergência, consulta externa, hospital de dia e, acima de tudo, ganhamos a maior unidade de cuidados intensivos pediátricos da história do nosso país, com 47 camas", referiu.

 

Já o diretor-geral do Hospital Pediátrico David Bernardino, Francisco Domingos, realçou que aquela unidade de referência do país, que presta cuidados de saúde preventiva, curativa e reabilitação às crianças com patologias de média e alta complexidade, contava com uma capacidade de 422 camas.

 

De acordo com Francisco Domingos, o hospital pediátrico estava distribuído em três edifícios principais e quatro secundários, dos quais um bloco de urgência de construção precária, adaptado da antiga morgue do Hospital Maria Pia, que se apresentava sempre sobrelotado.

 

"Muitas vezes com duas crianças na mesma cama, acrescida às péssimas condições de trabalho, que, mesmo com esforço sobre-humano dos seus profissionais, não era um ambiente acolhedor, nem condigno para atender as nossas crianças", descreveu.

 

A nova unidade conta com quatro edifícios, sendo que o edifício I comporta a triagem, a emergência, os cuidados intensivos, serviços de imagiologia, laboratórios e enfermarias de internamento de curta duração.

 

O edifício II é para as consultas externas de várias especialidades e hospital de dia, o edifício III para área social dos profissionais e o edifício IV serve como albergue para os acompanhantes, na sua maioria as mães.

 

O complexo tem uma capacidade de 135 camas, 47 de cuidados intensivos, incluindo 19 de neonatologia, com seis incubadoras, das quais três com aparelho de fototerapia.

 

"Cada leito nas enfermarias de emergência e cuidados intensivos está equipado com um ventilador, um leitor e bombas e seringas infusoras", adiantou o clínico.

 

A nível dos exames complementares de diagnóstico, a imagiologia conta com um raio-X portátil e, brevemente, contará com um aparelho de TAC já encomendado, bem como um laboratório de hematologia, bioquímica e microbiologia, e outro de virologia, um serviço de hemoterapia e farmácia interna e externa.

 

Um total de 112 profissionais, constituídos por 13 médicos, 50 enfermeiros, 18 técnicos de diagnóstico terapêutico, 22 de apoio hospitalar e 11 do regime geral, vão reforçar a nova unidade, que se dedicará também à formação de novos técnicos de saúde admitidos e de outras instituições.