Lisboa - O antigo chefe da diplomacia angolana Georges Chikoti afirma-se seguro de que o Governo de Angola sabe como lidar com as tensões em Cabinda, rejeitando que estas possam prejudicar a imagem do país como promotor de paz na região.

Fonte: Lusa

Em entrevista à Lusa, em Bruxelas, o atual secretário-geral da Organização dos Estados de África, Caraíbas e Pacífico sublinha que "não há crise nenhuma que seja insolúvel" e nota que Angola já tem muita experiência na resolução de conflitos internos.

 

"Angola tem esta experiência de ter conflitos que por vezes opuseram a comunidade angolana no seu todo, mas eu tenho a certeza que existe uma vontade profunda do senhor Presidente João Lourenço de consolidar a paz em Angola, e Angola nos últimos anos sempre trabalhou para a consolidação da paz ao nível nacional, e acho que não vejo nada que possa prejudicar Angola para que ela consolide a sua paz e para que possa caminhar para a frente", afirmou.

 

Sublinhando que "adversidades e dificuldades todos os países têm", Chikoti reforça que, "nos últimos anos, Angola sempre mostrou capacidade de abertura, capacidade de diálogo, de aproximação para com todas as comunidades" do país.

 

"Portanto, eu tenho confiança que o Governo de Angola possa alcançar paz em todas as áreas. E temos paz a reinar em todo o território. Eu não sei qual a dimensão das querelas em Cabinda, mas tenho a certeza que o Governo de Angola investe muito para a consolidação da paz", concluiu.

 

A região de Cabinda tem sido palco de confrontos entre a Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) e as Forças Armadas Angolanas.

 

A FLEC, através do seu "braço armado", as FAC (Forças Armadas Cabindesas), luta pela independência no território alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.

 

Criado em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento que alega manter uma "resistência armada" contra a administração de Luanda.

 

Mais de metade do petróleo angolano provém de Cabinda.