Lisboa - O Ministério dos Negócios Estrangeiros,  cooperação e comunidades  de São Tomé e Príncipe nomeou,  no passado dia 23 de Junho, o cidadão francês Miclet Vincent como cônsul honorário,  no Reino dos Marrocos,  com o objetivo de “representar o Estado nessa região e promover as oportunidades de negócios”, conforme lê-se num documento que o Club-K teve acesso.

Fonte: Club-k.net

NOMEADO CÔNSUL DE SÃO TOMÉ NOS MARROCOS 

A nomeação de Miclet Vincent - que viveu muitos anos em Angola como sócio dos interesses empresariais de generais do general Manuel Vieira Dias Júnior “Kopelipa” -  está a criar mal estar no governo de São Tomé por se tratar de uma figura polêmica  com antecedentes judiciais em vários países africanos como Angola.

 

A Ministra dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe Elsa Maria Neto d'Alva Teixeira de Barros Pinto,  nomeou Miclet Vincent sem ter consultado o Primeiro Ministro Jorge Bom Jesus, que tenciona levar o assunto para discussão em fórum do partido MLSTP-PSD.


A Chefe da diplomacia de São Tomé, conforme atestam as fontes do Club-K, enviou primeiro uma “nota verbal” com referencia 046/MNECC-DCA.2/2020, as autoridades de Marrocos a solicitar o “exequátur” para que  Miclet Vincent possa exercer as funções de cônsul honorário na cidade de Marraquexe, e só depois é que comunicou ao governo do seu país, do passo que deu.  A forma como procedeu o assunto sem consultar ao chefe do governo tem gerado desconfianças de que tenha recebido, garantias  de contrapartida financeira, por parte do empresário francês. 


Enquanto viveu em Angola,  Miclet Vincent foi colocado a gerir a empresa 5M, entre o período de 2010 a 2012, ligada a antigos generais da presidência. Os verdadeiros donos da 5M, agora rebatizada por SOPORTOS - Transportes e Descargas, S. A. são: Manuel Vieira Dias Júnior, Leopoldino Fragoso do Nascimento, José Pedro de Morais Júnior e José Mário Cordeiro dos Santos.


Depois de se ter desentendido com figuras do circulo do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, o empresário  mudou-se para os  Marrocos e por meios não esclarecidos, conseguiu um passaporte diplomático emitido pelas autoridades do Benin aos 11 de Fevereiro de 2016, com que se movimentava em alguns países africanos.  

 

A partir de norte de África envolveu-se em  hostilidades contra os seus antigos sócios angolanos na qual arrastou o seu antigo advogado Rui Constantino Ferreira, num escândalo em que alega terem rasurado uma procuração forense  usada para outras finalidades como passagem de património e movimentações financeiras para alegados familiares que acredita serem “testas de ferro” dos seus advogados em Angola.


A partir de Marrocos moveu-se também para a Guiné-Bissau, onde lhe foi facultado direito a moradia destacando-se como o empresário que apoiou a candidatura do Presidente eleito, Umaro El Mokhtar Sissoco Embaló.


Apesar de nas eleições presidenciais, o partido  PAIGC ter acusado o candidato Sissoco Embaló como beneficiário do tráfico de droga no país, pelos meios que ostentou nas campanhas eleitorais, não há ainda informação que ligue Miclet Vincent a este grupo de apoiantes.


"Portanto, esse dinheiro veio de algum lado e uma semana depois é apreendido um camião que ia fazer o trânsito da droga", referiu na altura o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira referindo-se à apreensão de quase 800 quilos de cocaína, um dia antes das legislativas de 10 de março último.


Em Fevereiro do corrente ano, o Presidente eleito da Guiné-Bissau, Sissoco Embaló foi manchete em jornais por ter destratado publicamente o Chefe de Estado de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço precipitando, assim, o esfriamento nas relações bilaterais. O ataque de Sissoco Embaló ao Presidente angolano aconteceu numa altura,  em que a sociedade angolana lançava uma encruzilhada contra a rede logística do movimento de terroristas do Hezbollah, em Angola.

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