Lilongwe - O recém-empossado Presidente da República do Malawi, Lazarus Chakwera, ordenou a dissolução dos conselhos de administração de mais de metade das 100 instituições e empresas públicas do país suspeitas de má gestão ou corrupção.

Fonte: Angop

"Recebi relatórios sobre a situação das instituições estatais que irão alimentar as decisões que irei tomar para garantir que estas instituições tenham os meios para pôr fim às anomalias e más práticas em curso", disse Chakwera, numa declaração divulgada terça-feira à noite.

 

Um total de 60 entidades públicas são alvo da medida presidencial, incluindo empresas petrolíferas e de electricidade, universidades e a empresa de radiodifusão.

 

"O Presidente quer assegurar que todos respeitam a lei e as boas práticas de governação", disse o seu porta-voz, Sean Kampondeni, citado pela agência France-Presse.

 

Chakwera, o líder do principal partido da oposição, ganhou as eleições presidenciais em 23 de Junho, com 58,5% dos votos, à frente do Presidente cessante, Peter Mutharika.

 

O escrutínio foi realizado após a anulação da reeleição do Mutharika no ano passado com base em fraude eleitoral.

 

O novo chefe de Estado fez campanha denunciando a corrupção do antigo regime e a situação de bancarrota em que se encontra o país.

 

Segundo o analista e director do Institute for Policy Research & Social Empowerment (IPRSE) do Maláui, Henry Chingaipe, o ex-Presidente Mutharika concedeu a liderança das empresas estatais a muitos apoiantes do seu partido como recompensa pelo seu apoio político.

 

"A maioria das nomeações foram feitas sem ter em conta o mérito. Foi um sistema de patrocínio concebido para assegurar a sustentabilidade do seu regime", adiantou.

 

"Novas nomeações terão de mostrar que estas empresas serão agora geridas de acordo com a lei", reforçou.

 

Na mesma linha, a presidência anunciou também a suspensão dos contratos públicos "a fim de verificar que não alimentaram a corrupção e que foram adjudicados de acordo com as regras".

 

Mutharika tinha sido acusado, em 2018, de receber 195 mil dólares (cerca de 173 mil euros) em subornos de uma empresa que tinha ganho um contrato com o Governo, mas nunca foi formalmente acusado.

 

Na terça-feira, o parlamento do Malawi aprovou um orçamento provisório que prevê um aumento do salário mínimo mensal de 35 mil para 50 mil kwachas (de cerca de 40 para 62 euros).