Luanda - Se nos permitirem dar mais uma contribuição no q o Sector Agrário diz respeito , diremos q o bolo proposto nesta revisão estará a 57 % da meta recomendada pela SADC. Se não houver uma visão politica patriótica e com uma questionável solidariedade do mundo face à pandemia ;

Fonte: UNITA

- a fome continuará um facto, mormente nos principais centros urbanos;

- o salutar descongestionamento das principais cidades estará retardado;

- o emprego de mão-de-obra pouco qualificada, um sonho;

- a expansão industrial cada vez mais adiada ;

- a segurança alimentar comprometida, entre outros.

Para ser mais claro sou a apresentar algumas preocupações ao sr Ministro do Sector com conhecimento directo do Ministro de Estado para a Coordenação Económica esperando q desta vez sejamos escutados.

Se na verdade se pretende combater a fome e a pobreza, resolvam-se alguns problemas já perenes e visíveis.


É q todo o tipo de agricultura, familiar, estatal ou empresarial, o seu sucesso fica a depender de 4 factores: solo, clima, bens de produção e homem. Por ordem decrescente da apresentação destes factores, diríamos :

I. O Homem

A nossa realidade actual dita q o Técnico ligado ao Sector é desprezado .


1. Por que razão um Técnico superior de Agronomia ou Veterinária aufere cerca de metade do salário fe um Tec. sup de Educaçao ?


2. Como se explica q um Tec Médio - elo entre o topo e a base - tenha um salário de miséria ?

Como resultado, os quadros passam-se para a Educaçao ficando pobre o Min da Agricultura.


3. Por que razão não são enquadrados os recém-formados, como por exemplo para restauração dos antigos colonatos?


4. Pode haver sucesso no Sector sem investigação agrária? Os poucos q existem , como na Chianga , q salário auferem!!! Como se não bastasse, com reformas precoces!!! Nos outros países os investigadores idosos , não são reformados, trabalham duas vezes por semana.


5. Programas como os da Kiminha ou da Agrolider, não criam segurança alimentar.


O sector q cria a segurança alimentar é o da Agricultura Familiar. Porém, este carece de assistência técnica porque as politicas do Ministério da Agricultura não englobam a carreira de Técnico de Base!!! Resultado?

- más práticas culturais;


- queimadas já um hábito e costume;


Como consequência por hectar são colhidos 100kg de milho( se o agregado for de 10 pessoas apenas haverá alimentação para 10 dias).

II . BENS DE PRODUÇÃO

O sr Ministro de Estado para a Coordenação Económica dizia ontem q para os insumos agrícolas o IVA tinha sido reduzido para 5 %. Na prática nao se faz sentir.


O preço do fertilizante químico ( 50 kg ) varia de 21.600,00 a 35.000,00 o composto.

O empresário não pode operar subvenção, porque perde, a não ser que haja intervenção do Estado. Não acontecendo assim e porque um camponês não pode comprar um saco, a nossa ideia passaria pela restauração dos antigos ICA ( instituto dos cereais de Angola ) no quadro da Administração Indirecta, q aplicaria o credito a curto prazo; o fertilizante que recebesse seria reembolsado não em dinheiro mas em produto colhido. Se na subvenção o adubo custasse 7.000,00 por exemplo, pagaria 100 kg de milho por cada unidade de 50 kg. O Estado perderia algum dinheiro mas ganharia a vida dos angolanos , bem essencial.
Para quando o combustível verde ( na mesma senda de subvenção)?

Excia Presidente da Assembleia Nacional

Sugiro ainda que no encontro com os Governadores Provinciais seja encontrada a fórmula de construção de tanques banheiros e mangas de vacinação porque o gado está morrendo.

III CLIMA

O clima de Angola vai de árido( Namibe com precipitações na ordem dos 50 mm/ano , a húmido ( Belize com 1600 mm/ ano).


No entanto , Angola conta com um potencial hídrico na ordem dos 130/140 mil molhões de metros cúbicos de água.


Sr Ministro, porquê é que não se reabilitam as valas para a restauração do Programa de Pequenos Regadios?

Portanto, em Angola estão criadas as condições para 2 tipos de Agricultura: regadio e sequeiro.

IV. SOLO

Angola conta com 124.670.000 ha dos quais cerca de 40.000.000 ha cultiváveis mas que infelizmente exploram-se menos de 10.000.000 ha !!!


Nos tempos da outra dama , só o Planalto Central (Huambo, Bié, Norte da Huila, Leste de Benguela e Sul do K. Sul) alimentava perto de 2/3 da população de Angola.

Parte significativa de seus solos é ácida. Para melhor produzirem recorre-se à sua correcção com calcário. Para tal correção tínhamos q ter laboratórios a funcionar para se medir o valo do pH , saber-se para que valor se vai elevar à luz das exigências da cultura q se pretende instalar e depois na base da granulometria(dimensao das particulas estruturantes) calcular-se a sua textura, só assim se vai determinar a quantidade de calcário por hectar. Se o solo for arenoso( 1 a 2 ton/ha); se for limoso(2 a 3 ton/ha) e se for argiloso(3 a 5 ton/ha).

Porém, no Planalto Central corre uma campanha de correção, esperando eu que não esteja a realizar-se na base empírica, pois , não temos laboratórios de solos a funcionar.

Huambo, 15 de Julho de 2020.
Por: Vitorino Nhany