Lunda Sul – O incumprimento dos quatro pontos saídos no encontro do dia 28 de Julho de 2004, presidido pelo então presidente do Conselho Administrativo da Endiama, Manuel de Sousa Calado, em obediência a sentença do Tribunal Provincial de Luanda, nº 65/04 de 28 de Julho, constituí as principais motivações para a mais dura medida dos fiéis e até aqui, militantes do partido dos camaradas, que dizem ser abandonados a sua sorte.

Fonte: Club-k.net
Os quatro pontos em referência são:
1. Passar para reforma os trabalhadores que não estavam em idade laboral;

2. Selecionar trabalhadores possuíam qualificação académica e profissional para seu ingresso nos novos projectos diamantíferos;

3. Indemnizar os trabalhadores não abrangidos nos pontos anteriores isto é, os que não poderiam ingressar nos novos projectos e sem condições legais para reforma ou outra eventual condição particular;

4. Priorizar para fins de recrutamento de pessoal nos projectos diamantíferos, os filhos de antigos trabalhadores da Endiama, Cafunfo, Cuango e Luzamba.

Manuel Calado terá igualmente orientado o gabinete dos recursos humanos, respondido na altura, pela Maria da Cruz Gomes, “presente no encontro” em criar condições que propiciaria um clima favorável, junto dos trabalhadores. Para insatisfação destes, nenhum dos pontos foi cumprido, apesar de ser orientação da entidade máxima da Endiama.

Por estes e outros factos, e por estarem a sentir-se vilipendiados dos seus direitos, desencadear negociações junto da Administração Municipal, com a Direcção da Endiama, Ministério dos Assuntos Mineiras e até com o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço.

Como resultado, nada mas senão, alguns dos trabalhadores tornarem-se, catadores de papelões nas entradas das lojas em Cafunfo e Cuango, de onde sai o pão nosso de cada dia. “Escrevemos para o Ministro dos Assuntos Mineiras, já estivemos em vários encontros de conselho de mediação da Endiama-EP, já estivemos em audiência com os Deputados da Bancada parlamentar do MPLA a quando da visita à província da Lunda-Norte, várias audiências com Administração Municipal do Cuango, até o gabinete do Presidente da República de Angola, ninguém nos ouve, até parece que não existimos, e hoje muitos dos nosso colegas, tornarem-se caçadores de papelões para venderem e comprarem peixe lambula (sardinha) a fim de sustentarem os filhos naquele dia”, lamentaram.

Ex-mineiros acusam a Endiama de estar a favorecer “o Protetorado Lunda-Cokwe”

Existe uma lista na posse da Endiama com cerca de 2.626 trabalhadores, alguns dos quais fantasmas, que não prestaram qualquer serviço a Endiama. "Alguns são nossos parentes e pertencem ao Movimento Protetorado Lunda-Tchokwe" estes gozam dos privilégios de um exime trabalhador. "Eles têm direito há indemnização de 5 mil dólares americanos, estão inscritos no INSS e com uma pensão de 50 mil kwanzas mês", contou Ventura Camuto.

Ainda segundo contam, no ano de 2005, o senhor Armando Pierre, igualmente ex-trabalhador, que esteve na assembleia de trabalhadores realizada em 2004 numa das salas da Escola Deolinda Rodrigues, em Cafunfo, voltou também a lista que elegeu Ventura Camuto para legitimo coordenador da Comissão dos Trabalhadores, este colega, foi, introduzido de forma fraudulenta no processo por alguns dirigentes da Endiama, para afastar a comissão eleita.

As constantes reivindicações provocaram vários outros encontros. No dia 29 de abril de 2019, voltaram a mesa de negociações. Pela Direcção da Endiama respondia o Felipe Luís. O encontro permitiu descobrirem um grupo de fantasmas na lista tutelada pelo Armando Pierre. “Sendo a Endiama uma empresa séria e um ente do bem, como pode ter admitido uma segunda figura (Armando Pierre) na intermediação dos quesitos, sem antes conferir a legitimidade do mesmo?”, questionou.

Argumentam que a Endiama foi testemunho de todos os passos para a constituição da comissão legitima, que até o momento encontra-se em pleno exercício das suas funções e vigência, porem, a Endiama insiste em negociar com uma comissão que não reúne consenso da maioria.

“Com que fundamento o Armando Pierre está a responder em nosso nome perante a Endiama, sendo que a antiga comissão não foi dissolvida? Isto é mafia, por isso dissemos que a Endiama está patrocinar a oposição”, acusaram.

Questionados se os pontos mencionados constituem motivos de sobra para a pretendida ruptura com seu Partido. O coordenador dos trabalhadores, que se encontrava a volta de mais de 50 colegas, disse “ao longo destes 16 anos, batemos todas as portas possíveis, e ninguém está a importar-se connosco”.

“Continuam a trabalhar com um grupo de fantasmas dos quais alguns fazem parte do famigerado Movimento Protetorado, que está lutar pela autonomia das Lundas, menos com os reais trabalhadores que no momento difícil da nossa economia demos nossas vidas para o engrandecimento da empresa e contribuímos para o Orçamento Geral do Estado. Por isso, como o saco vazio não fica de pé, decidimos esquecer o MPLA”, rematou.

Passar para a reforma e indemnização de 5 mil dólares americanos aos 4.975 trabalhadores coordenados pelo Sr. Ventura Camuto tal como foi com 2.626 outros, inscritos na lista do Armando Pierre, é determinante para o fim do conflito. “Não podemos ser útil ao MPLA apenas na hora do voto”, sentenciou o Coordenador da Comissão, Ventura Camuto.