Maputo - O Presidente da República moçambicano, Filipe Nyusi, admitiu esta quarta-feira que a solução para a violência armada em Cabo Delgado não é apenas militar, defendendo a necessidade de impulsionar o desenvolvimento da região e promover o emprego.

Fonte: Lusa

“A solução para o problema de Cabo Delgado não é apenas militar, reconhecemos a necessidade de impulsionar o desenvolvimento socioeconómico e promover maior harmonia social”, declarou Filipe Nyusi, no encerramento do 40.º Curso Básico da Polícia da República de Moçambique, na Escola Prática da Polícia de Matalane, província de Maputo.

 

Em causa estão os ataques armados que têm sido protagonizados por insurgentes, classificados como uma ameaça terrorista, na província de Cabo Delgado, incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 1.059 pessoas desde outubro de 2017, além da destruição de várias infraestruturas.

 

As autoridades moçambicanas e vários investigadores têm alertado para casos de recrutamento de jovens moçambicanos para integrarem o grupo dos insurgentes, principalmente na província de Nampula, vizinha de Cabo Delgado, uma tendência, em muitos casos, justificada pela falta de oportunidades para a juventude local.

 

Para reverter o cenário, em março, o executivo moçambicano decidiu criar um organismo para a promoção de emprego para a juventude no norte do país: Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN).

 

Segundo o executivo moçambicano, a ADIN vai aproveitar os recursos naturais na região, apostando no apoio e orientação da juventude local em estratégias inclusivas e que garantam mais postos de trabalho na região.


“Como governo, tenho a certeza que continuaremos a desenvolver estas ações que visam restabelecer a estabilidade, proteção e melhoria de vida para as populações afetadas”, declarou Filipe Nyusi.

 

O chefe de Estado moçambicano aproveitou a ocasião para pedir aos moçambicanos que se juntem às campanhas de apoio às populações afetadas, frisando que as Forças de Defesa e Segurança vão continuar a fazer o seu trabalho para a captura e posterior responsabilização dos “terroristas”.

 

De acordo com as Nações Unidas, a violência armada em Cabo Delgado, província onde avança o maior investimento privado para a exploração de gás natural em África (liderado pela Total), levou à fuga de cerca de 250.000 pessoas de distritos afetados pela insegurança, mais a norte da província.