Luanda - A fazenda Agricultiva, criada em 2012, a dez quilómetros da sede do município do Nzeto, província do Zaire, vocacionada para a produção de tubérculos, hortícolas e criação de galinhas poedeiras, encontra-se abandonada há cerca de cinco anos, constatou o Jornal de Angola.

Fonte: JA

Instalada numa área de 600 hectares, pela empresa israelita Agrarius, o empreendimento, que custou ao Estado angolano três milhões e 443 mil dólares, foi vandalizado, e ficou sem os meios de mecanização agrícola, veículos, sistema de irrigação, entre outros equipamentos que faziam parte da cadeia produtiva.

“É lamentável a imagem que a fazenda hoje apresenta. Estava equipada com meios essenciais para a produção em grande. Quando arrancou produzia duas toneladas de fuba de bombó por dia, que eram comercializadas em Luanda, Bengo, em Mbanza Kongo, Soyo e Tomboco”, disse o director municipal da Agricultura, Pecuária e Pescas do Nzeto, Silva Garcia

O responsável informou que a Administração Municipal do Nzeto tem contactado “o suposto proprietário da fazenda, conhecido apenas por Dias”, para se encontrar uma solução na reabertura do empreendimento, que em-prega 160 pessoas.

Segundo Silva Garcia, logo depois da inauguração, a fazenda, que também comportava uma fábrica de ração, era gerida por israelitas, e nesta altura, além da produção de fuba de bombó, produzia 100 mil galinhas e 30 milhões de ovos por ano. Actualmente, parte da infra-estrutura, está a ser explorada por camponeses locais, que aproveitam o local fértil para plantarem diversas culturas. “Hoje grande parte do perímetro da fazenda está a ser utilizada para a agricultura familiar”, disse. Silva Garcia.

Uma Comissão Multissectorial, segundo Silva Garcia, está a fazer a inventariação do empreendimento, cujos resultados serão entregues às entidades competentes. “Pretendemos responsabilizar criminalmente os culpados pelo estado em que a fazenda se encontra. Tão logo a Comissão Multissectorial termine o trabalho, os resultados serão encaminhados ao Serviço de Investigação Criminal”, assegurou.

Cooperativas necessitam de tractores

A maior parte das cooperativas agrícolas do município do Nzeto carece de tractores e charruas, informou Silva Garcia.“As brigadas que têm máquinas ou tractores para a mecanização agrícola cobram 85 mil kwanzas para desbravar um hectare, e as famílias camponesas e as cooperativas locais não têm capacidade financeira para suportarem este preço. Portanto, as cooperativas no Nzeto têm índices baixos de produção por falta de tractores, pois, os agricultores não têm outra alternativa senão desenvolver apenas a agricultura de subsistência”, deplorou.

Além da Agricultiva, que está desactivada, a Administração Municipal do Nzeto controla as fazendas Girassol, Geocampo, Mcica e várias cooperativas dedicadas à produção de frutas, hortícolas e tubérculos.

Huambo: Mais de 50% de fazendas cedidas estão inoperantes na Caála

Setenta e sete das 138 fazendas registadas pelas autoridades do município da Caála, na província do Huambo, encontram-se inoperantes há vários anos, sobretudo por falta de capacidade financeira dos proprietários para o desenvolvimento da actividade agrícola.

Os dados foram tornados públicos ontem pelo chefe de secção da Agricultura da Administração do município, Avelino Alfredo, quando entrevistado pela Angop. Avelino Alfredo referiu que “a paralisação da maior parte das fazendas está relacionada com a falta de capacidade financeira dos proprietários e com dificuldades de obtenção de créditos para projectos agrícolas”.

Na Caála, designada no passado a “Rainha do Milho”, existem fazendas com um ciclo de paralisação produtiva variável, entre dois a três anos, por falta de condições apropriadas para se levar a cabo o trabalho. Sem mostrar a média anual de produção das 61 fazendas em pleno funcionamento, disse que os seus proprietários estão concentrados na produção de cereais, leguminosas, hortícolas diversas, flores, frutas, raízes e tubérculos, que têm vindo a contribuir no desenvolvimento socioeconómico da Caála.

Esses fazendeiros contribuem, igualmente, para estimular a actividade comercial na região, situada a 23 quilómetros a Oeste da cidade do Huambo. O município da Caála possui uma extensão territorial de 3.680 quilómetros quadrados e cerca de 373 mil habitantes, subdivididos pelas comunas sede, Catata, Cuima e Calenga.