Lisboa – A saída prematura de Adjany da Silva Freitas Costa, após seis meses ter exercido o cargo de “super” Ministra da Cultura, Turismo e Ambiente está a ser pontuado em meios do regime como consequências de disputas e divergências quanto a autoridade de cada uma.

Fonte: Club-k.net

Lutas internas afastam Adjany Costa do governo

Adjany da Silva Freitas Costa era uma desconhecida da esfera política que até se encontrava em Londres a fazer o doutoramento, quando lhe chega o convite para ir a Luanda chefiar o novo ministério. Tão logo entrou em funções, enfrentou duas antigas ministras da Cultura (Maria da Piedade de Jesus) e a do ambiente (Paula Cristina Francisco Coelho) que passaram a ser duas subordinadas adoptando uma atitude de rejeição a nova titular da pasta.

 

O primeiro sinal de crispação foi registrado no dia 14 de Abril quando a ex-ministra Paula Cristina Francisco Coelho, (agora reduzida a Secretária de Estado para o Ambiente) orientou ao diretor do seu gabinete para colocar na vitrina do edifício (Zimbo Tower, Rua dos Enganos, 3º Andar, Luanda) onde está instalada, um comunicado a avisar que não iriam aceitar recepcionar correspondências destinadas a nova Ministra da Cultura, Turismo e Ambiente, Adjany da Silva Freitas Costa.

 

Não tardou muito, tanto a secretaria de Estado para a Cultura (Maria da Piedade de Jesus) como a secretaria do ambiente (Paula Cristina Francisco Coelho) passaram a ser vistas a tratar assuntos do ministério diretamente com a ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira relegando a jovem ministra, Adjany da Silva Freitas Costa.

 

De acordo com a constituição angolana, os ministros são tidos como auxiliares do titular do poder executivo e respondem diretamente ao Chefe do Governo. Carolina Cerqueira, por sua vez, é a ministra de Estado que acompanha as questões da área social. Segundo informações terão ocorrido desentendimentos quanto a interpretação sobre a que entidade (PR ou ministra de Estado da área social), o responsável da Cultura, Turismo e Ambiente deveria responder.

 

O referido problema de interpretação sobre esta questão chegou a ser levantado numa reunião do BP do MPLA, pela secretaria de estado, Paula Cristina Francisco Coelho em que defendeu que a então ministra Adjany da Silva Freitas Costa deveria passar a responder junto do gabinete da ministra de Estado Carolina Cerqueira, e não diretamente com o Presidente da República.

 

No seguimento de divergências que foram ocorrendo, a jovem ministra ficaria também por ter travado o pagamento para a feitura do chamado do “hino de Big Nelo”, tal como ter tido “entornado” um estranho pagamento a partir do ministério das finanças que estava a ser efectuado em nome do ministério do Cultura, Turismo e Ambiente sem que a mesma tivesse domínio.

 

Assim sendo, na passada semana, o BP do MPLA  propôs ao Presidente João Lourenço a substituição de Adjany da Silva Freitas Costa por Jomo Fortunado. Lourenço aceitou e na manha do dia 26 de Outubro, a então ministra foi comunicada que estava dispensada do governo.

 

Neste quinta-feira (29), ocorreu a cerimónia de passagem de pastas entre a ministra cessante, Adjany Costa, e o actual ministro Jomo Fortunato. Segundo testemunhas, neste dia os presentes terão sentido a existência de um mal clima, sobretudo quando a ministra de Estado Carolina Cerqueira que acompanhou a cerimonia havia proibido a ministra cessante Adjany Costa, de fazer leitura de uma nota ou discurso de despedida/agradecimento aos seus antigos colaboradores.

 

Ao conduzir a cerimonia de passagem de pastas, a ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, centrou o seu discurso destacando, à necessidade de mais união, espírito de equipa e concertação de sinergias nos sectores do turismo, cultura e ambiente.

 

Carolina Cerqueira, lembrou que é necessário trabalho e unidade, mas sobretudo o diálogo e concertação de ideias para que estes três sectores importantes no quadro da governação tenham, cada vez mais, um papel relevante no desenvolvimento sustentável do país.

 

"A cada um dos quadros dos sectores aqui representados pedimos que continuem com a mesma responsabilidade colectiva, espírito de missão e muita dedicação ", disse.


Por seu turno, o ministro Jomo Fortunato disse que vai primar pela busca de pontos de contacto comuns entre os três sectores e uma metodologia de trabalho dentro das suas especificidades.

 

"Temos uma agenda de trabalho que é urgente, com uma gestão aberta e abarca auscultar os técnicos do ambiente, os agentes do turismo, a classe artística e abordar a questão do património cultural", disse.

 

Para o ministro, os projectos devem ser continuados, dentre eles o turismo e as suas infra-estruturas, o estado social e crítico dos artistas, entre outros projectos individuais, para gerir as inteligências e valorizar o múltiplo e o controverso.