Lisboa - Os 17 hotéis do Grupo AAA, de Carlos São Vicente, arrestados pela Procuradoria-Geral (PGR) de Angola, estão em risco de encerramento. "A situação decorre da incapacidade do Governo angolano de fazer frente, através do Cofres Gerais do Estado, às necessidades dos fornecedores e trabalhadores dos hotéis bem como dos atrasos excessivos no pagamento das dívidas a fornecedores e salários em atraso aos trabalhadores", afirma-se numa nota emitida pelo Grupo AAA.

Fonte: Negocios

Carlos São Vicente está detido desde 22 de setembro por suspeitas de corrupção, peculato e branqueamento de capitais. Antes, as autoridades suíças já lhe haviam congelado 900 milhões de dólares, no âmbito de uma investigação sobre lavagem de dinheiro.


Os hotéis arrestados pela PGR angolana foram transformados pelas autoridades do país em locais de alojamento de doentes com sintomas de covid-19. As unidades pertencem às redes IU e IKA, espalhando-se por 14 zonas do país, estando quatro delas localizadas em Luanda. Agora correm o risco de fechar.


A situação de rutura eminente fez com que os funcionários do Grupo AAA enviassem uma carta ao procurador-geral da República, Hélder Pitta Grós, a denunciar a situação.

"Estamos há quase três meses sem salários, com contas pessoais para pagar, alimentação, escolas das crianças, água, luz e transporte para nos podermos deslocar. Esta situação está insustentável para todos os funcionários", escrevem.

Os trabalhadores da AAA Activos dizem-se "indignados com a postura do Estado e da Comissão de Gestão" que acusam de ser "indigente" e afirmam que a situação, a manter-se, irá transformar-se no "fim da AAA Activos".

 

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Os funcionários argumentam que a AAA Activos "tem liquidez suficiente para pagamentos das suas despesas" e solicitam à PGR que liberte as contas bancárias para que o grupo possa pagar as suas despesas, premindo-lhes que mantenham o emprego "pois deles dependem mais de 600 famílias para sobreviverem".

Carlos São Vicente é casado com Irene Neto, filha do primeiro presidente de Angola após a independência, Agostinho Neto. Os seus bens foram apreendidos a 8 de setembro e está detido na cadeia de Viana. O facto de ter diabetes e pertencer a um grupo de risco fez com que tivesse solicitado a transferência para um hospital prisão, o que lhe foi negado. Os seus advogados já apelaram às instâncias internacionais denunciando o que consideram ser uma "atitude de desrespeito da justiça angolana pelos direitos humanos".