EUA - Dois bancos americanos foram mencionados num relatório como não tendo levantado duvidas à movimentação de milhões de dólares por Pierre Falcone o comerciante a cumprir pena de prisão em França por trafico de armas para Angola.


* João Santa Rita
Fonte: VOA


O documento, produzido pelo Senado americano, diz também que a instituição financeira HSBC deu a um banco angolano o Banco Africano de Desenvolvimento acesso ao sistema financeiro dos Estados Unidos  apesar do banco angolano não ter identificado todos os seus donos e não ter fornecido documentos sobre a sua politica para impedir lavagem de dinheiro.


A legislação americana requer uma maior investigação à movimentação de fundos  por pessoas com ligações politicas tais como Pierre Falcone mas o documento diz que o Bank of America não investigou os fundos movimentadas por Pierre Falcone.


Falcone e seus familiares usaram 29 contas diferentes no Bank of America entre 1989 e 2007 para movimentar milhões de dólares em fundos que o relatório considera de suspeitos.


O comité do senado que investigou a questão localizou 60 milhões de dólares em actividades que considera de suspeitas acrescentando que entre 1999 e 2007 Pierre Falcone esteve envolvido  em inúmeras transacções suspeitas.


O Bank of America encerrou as contas de Falcone em 2007.


O relatório afirma ainda que a instituição financeira HSBC, sediada em Londres, permitiu a abertura de varias contas na sua filial nos Estados Unidos por parte do Banco Africano de Desenvolvimento e que dezenas de cartões de credito dessa instituição foram emitidos a favor de empregados do Banco África de desenvolvimento.


Apesar de esforços para se verificar a quem pertence o Banco angolano a HSBC pode apenas identificar 19,5 por cento das acções.


O relatório confirma uma notícia anteriormente divulgada de que vários bancos americanos resistiram a uma tentativa do antigo presidente do Banco Nacional de Angola, Aguinaldo Jaime para tentar transferir 50 milhões de dólares de fundos governamentais angolanos para uma conta privada em 2002.


O incidente deu se em 2002 e segundo um relatório de um perito que analisou a questão a transferência poderia ter sido parte de uma fraude requintada para se defraudar o banco central angolano.

 


Movimentação de Fundos Angolanos Debatida no Senado Americano 

 

 Uma comissão do Senado americana ouviu ontem detalhes sobre a movimentação de milhões de dólares de vários países africanos, incluindo Angola, em esquemas relacionados com o desvio e lavagem de fundos do governo.


O Senado americano está a estudar legislação para reduzir o uso de instituições americanas por dirigentes e funcionários corruptos.

 

Numa audiência realizada ontem vários casos envolvendo Angola voltaram a ser abordados, nomeadamente a transferência de milhões de dólares por Pierre Falcone, o empresário a cumprir pena de prisão em França por tráfico de armas para Angola e que juntamente com os seus familiares terá usado 29 contas diferentes no Bank of America entre 1989 e 2007 para movimentar milhões de dólares em fundos que o relatório considera de suspeitos.

 

O comité do Senado que investigou a questão localizou 60 milhões de dólares em actividades que considera de suspeitas acrescentando que entre 1999 e 2007 Pierre Falcone esteve envolvido  em inúmeras transacções suspeitas.

 

O Bank of America encerrou as contas de Falcone em 2007. William Fox, do Bank of America admitiu que o banco deveria ter actuado de melhor maneira no caso de Pierre Falcone que entre 1999 e 2003 recebeu em diversas das suas contas mais de seis milhões de dólares de clientes que não foram identificados.

 

Outro caso que esteve em discussão foi um envolvendo uma tentativa do antigo presidente do banco nacional de Angola e antigo vice primeiro ministro Aguinaldo Jaime de transferir 50 milhões de dólares para uma conta privada através de bancos americanos.

 

Arvind Ganesan, director para questões empresariais na organização de direitos humanos Human Rights Watch acompanhou o caso e DISSE Á Voz da America que Aguinaldo Jaime  "tentou transferir 50 milhões de dólares do banco central para os Estados Unidos sob pretexto de que se tratava de fundos para ajuda humanitária".

 

"O banco nos Estados Unidos considerou a operação de suspeita e devolveu o dinheiro. Dois meses depois em Agosto de 2002 ele tentou a mesma coisa em conjunto com vários outros indivíduos. Mais uma vez o banco considerou isso de suspeito, disse aquele especialista da Human Rights Watch.

 

Ganesan disse que neste caso dois bancos americanos o Bank of America e o Citibank consideraram a operação de suspeita. O Citibank acabou mesmo por fechar os seus escritórios em Angola.

 

Outro banco que teria estado envolvido nas tentativas de Aguinaldo Jaime para transferir dinheiro foi o HSBC que teria sido também  usado para a compra de títulos do tesouro americano por entidades angolanas. .

 

Na audiência de ontem Wecher Mandemaker, director para controlo de lavagem de fundos no HSBC, não pode contudo responder a questões sobre as relações do seu banco com o banco central de Angola e sobre actividades em bancos nas Bahamas. O HSBC disse não poder responder a perguntas sobre o uso de contas em bancos fora dos Estados Unidos pelos seus clientes devido entre outras questões ás leis de segredo bancário que existem nas Bahamas.

 

Mandemaker  disse ao comité do senado não saber se o HCB tem ligações com o Banco Nacional de Angola nas Bahamas algo que desagradou visivelmente a alguns dos senadores.

 

O senador Carl Levein disse ontem que  a corrupção deve ser combatida em todos os locais porque destrói a lei, o desenvolvimento económico e a sociedade civil.

 

Arvind Ganesan disse que a transferência ilícita de fundos afecta também o bem estar das populações dos países visados:

 

Dando como exemplo o caso de Angola Ganesan recordou que a num relatório publicado pela sua organização em  2004  indicou que entre 1997 e 2002 -  na altura em que Aguinaldo Jaime era ou director do banco central ou vice primeiro ministro - quatro mil e 220 milhões de dólares desapareceram. Nesse mesmo período o gasto total para questões sociais e humanitárias em Angola foi de quatro mil e 270 milhões de dólares.


" Durante esse mesmo período todos os principais padrões de desenvolvimento caíram. Quer seja saúde, ou educação ou outro serviço essencial ou necessidade poderiam ter sido melhorados se os quatro mil milhões de dólares que desapareceram tivessem sido investidos no povo angolano em vez de terem sido esbanjados, mal administrados ou roubados," disse o especialista.

 

Arvind Ganesan da Human Rights Watch disse ainda apoiar medidas para que os corretores de propriedades sejam obrigados a saber a proveniência de fundos usado na compra de propriedades nos Estados Unidos.