Luanda - O antigo governador de Luanda e ex-Primeiro Secretario do MPLA na capital do País, Bento (Joaquim Sebastião Francisco) Bento faltou à verdade quando declarou recentemente, no programa radiofónico do jornalista William Tonet denominado “Mambos Com o Chefe Indigina”, emitido na MFM, que Júnior Maurício “Cheu”, implicado nas mortes dos activistas Cassule e Kamulingue, nunca foi seu escolta.

Fonte: JornalOKwanza

De acordo com documentos em posse deste jornal, Bento Bento nomeou, a 20 de Maio de 2011, Júnior Maurício “Cheu” para o cargo de director-adjunto do Gabinete Técnico (Segurança) e assistente do gabinete do Primeiro Secretário do Comité Provincial do MPLA de Luanda (CPPL) para os assuntos ligados à Segurança e Ordem Pública.

 

A 19 de Setembro de 2013, de acordo com os documentos em nossa posse, Bento Bento voltou a nomear Júnior Maurício “Cheu” para o cargo de director do Gabinete Técnico (Segurança) do CPPL e, cumulativamente, assistente do Gabinete do Primeiro Secretário do CPPL para os assuntos ligados a Segurança e Ordem pública e Chefe da Cápsula do Governador da Província de Luanda, funções que desempenhou até 13 de Maio de 2013.

 

Fonte próxima ao Comité Provincial do MPLA em Luanda (Vila-Alice) questiona por que razão é que Bento Bento alega não conhecer Júnior Maurício “Cheu” que o serviu durante anos como escolta, garantido a sua segurança não só em actividades políticas e partidárias, mas também em cerimónias familiares (casamentos, festas de anversário, etc).

 

“O camarada Bento mente quando diz que não conhece o “Cheu”, um homem que sempre esteve às suas ordens. Se o escolta está implicado no caso Cassule e Kamulingue, significa dizer que Bento Bento é o autor moral e político dos activistas mortos. Deve ser por essa razão que ele não quer ser ligado ao “Cheu”. Mas há documentos assinados por Bento Bento que provam que “Cheu” foi seu escolta durante aanos”, sublinhou.

 

A mesma fonte revelou que Júnior Maurício “Cheu”, que cumpriu parte da sua pena pela sua implicação no caso “Cassule e Kamulingue”, já se encontra em liberdade, mas teme pela sua segurança física, o que o faz mudar de casa constantemente. “O homem ficou com a familia desestruturada, não tem o apoio de ninguém. Ele teme pela sua vida. Esta ideia ganhou consistência a partir do momento em que Bento Bento diz constantemente que não o conhece. O “Cheu” é um arquivo que pode ser queimado a qualquer momento para não implicar o nome do seu antigo chefe, Bento Bento e outras figuras politicamente envolvidas no caso “Cassule e Kamulingue”.

CRIAÇÃO DE MÍLICIAS

Bento Bento, enquanto primeiro secretário do MPLA, sempre defendeu a criação de “milicias” para contrapor as manifestações dos revús. O País ainda tem memória da manifestação em que o político Filomeno Vieira Lopes foi selvaticamente agredido pelos “Ton ton macute” de Bento Bento, que, no “teatro das operações, eram comandos por “Cheu” e pelo segundo secretário do MPLA, Jesuíno Silva. A agressão contra Filomeno Vieira Lopes foi politicamente questionada e Bento Bento terá respondido que o político era um homem desajuizado por fazer parte da manifestação.