Luanda - Nada virá dos “políticos do Facebook” capaz de nos surpreender, pois, sabemos que a prolongada bipolarização da nossa política criou a actual opinião pública e publicada, baseada na tese de sermos, somente, ou daqui ou de lá, não reconhecendo o valor dos neutros, que existem e devem ocupar o seu espaço. Por isso, podem adjectivar, achincalhar que pena sobre estes não nos falta…

Fonte: Correio da Kianda
Há tempos lemos, aqui na nossa “lavra comum”, uns escritos feitos pelo respeitável e histórico jornalista, Graça Campos, em que, com mais ou menos palavras apuradíssimas, do ponto de vista da língua oficial angolana, reclamava, deplorava, rejeitava e denunciava mensagens ofensivas, atentatórias ao seu bom nome, sua honra e dignidade, postadas, com frequência, por supostos militantes do MPLA da era da paz.

Para mais e segundo o renomado jornalista, tais mensagens são consequência da sua longa objecção de consciência face à forma como se governa o País nestes 45 anos.

Num outro ângulo estão muitos outros cidadãos, incluindo nós, que por circunstância, hoje, ontem ou amanhã, emitem opiniões em claro e defensável desacordo com o que a UNITA defende (u).

Contra estes, os da UNITA da era da paz, à semelhança dos do MPLA da mesma era, dizem, dirigem tudo e mais alguma coisa porque aprenderam e aprendem, todos os dias e em qualquer instante, que quem critica os nossos, o nosso pensamento ou uma organização que representamos, como são os seus partidos, deve ser combatido, conotado com o adversário, hoje feito inimigo.

Esta cultura, enraizada no seio dos políticos angolanos, é, antes de tudo, resultante de actos humanos e do homem, implantados no seio dos próprios partidos.

Aliás, num refrescamento básico lembraremos que no final da era “JES” alguns jovens (que vocês se lembrarão) terão formalizado e oficializada à ideia resumida na seguinte frase:

– Para nós, início de citação, fala mal do camarada Presidente, JES, é inimigo da paz e da estabilidade nacional – fim de citação!

Passados pouco menos de cinco anos e no calor do fantasma da dupla nacionalidade, que, efectivamente, não comentamos e não comentaremos, por o considerar “um assunto não assunto”, eis que do lado oposto da política, no caso, lado da UNITA, veio uma frase com verosimilhança atendível.

– “Para nós, começamos a citar, o Engenheiro “ACJ” é o nosso líder e quem estiver contra ele está contra o partido e nós vamos defende-lo. Fim de citação, em resumo ao que se disse na conferência de imprensa sobre o caso Uíge.

Dito isto e de olhos aos dois polos da política nacional, impera afirmar que há como que uma relação material controvertida, ou seja, há uma substância que correlaciona a ambos e o resultado dessa relação é o que ocorreu com o Graça Campos, certamente, ocorre com outros cidadãos, proibidos, praticamente, de ter ideias e pensamentos próprios, fora da caixa habitual e sob controlo de alguns.

Ocorre e ocorreu connosco, neste domingo, 04, quando num comentário feito na publicação de uma Deputada, não concordavamos com o tratamento dado a um outro Deputado, chamado de PIRRALHO, pelo facto deste ter criticado a UNITA.

Na sequência, os da UNITA da era de paz, incluindo a Deputada, que pensam “controlar” os movimentos “facebookianos”, onde abundam os analfabetos, incluindo analfabetos modernos diplomados, embora longe da meritocracia, partiram para uma jornada de ofensas, exactamente porque estivemos em claro desacordo com aquele tipo de linguagem contra um Deputado que, aliás, nem mesmo o mais novo do parlamento aceitaria que em hasta pública fosse chamado de PIRRALHO, mesmo que se resuma o termo em “criança”.

Portanto, a preocupação do País, dos actores que actuam nos Partidos políticos, essencialmente, tem de ser visível, manifestada por todos e que saia do nível de constatação para o de concretização, pois, uma opinião pública e publicada, frágil, débil, como a nossa, forma-se um conjunto de abutres apenas comparáveis com os camicazes do Estado Islâmico escondidos na chapa de salvação da humanidade.

Pior do que às ofensas dirigidas à quem esteja em desacordos com um Deputado, por exemplo, é perceber que na “lavra comum” (Facebook) seja normal e se diga, de bom tom e em viva voz, que “quem esteja no seu mural tenha a liberdade de dizer o que, quando, como e porquê quiser”. – assim mesmo…sem at3nder nem considerar nada e ninguém!

Pior do que às ofensas dirigidas à quem esteja em desacordo com um Deputado, outro exemplo, é perceber que quem tem seguidores, quem deveria ser modelo, quem tem de ensinar, quem faz opinião, olhe serenamente e sem repulsa, ofensas da dimensão estupral.

Conclusão: Quer de um quer do outro ângulo, sobem de número, como se de crocodilos humanos se tratasse, os INTOLERANTES PROMOVIDOS PELA “NOSSA” LAVRA NO AUGE DA CEGUEIRA POLÍTICA, (des) preparados para o aniquilamento de quaisquer ideias diferentes, pois, à cegueira política idealiza uma política feita por robôs, comandados do alto da montanha, como opinou Fernando Heitor, num espaço da nascença da Rádio Despertar!

“Diga-me com quem andas e dir-te-ei quem ês” essa frase tem significado e enquadramento porque um Deputado nas redes sociais anda com os militantes do seu Partido e estes serão como o Deputado…