Lisboa – A UNITA impediu na manha desta quinta-feira (20), a realização de uma conferência de imprensa que o  regime angolano estava a realizar no Hotel Luisão, em Viana, que tinha como objetivo  a apresentação  de  um militante desertor que iria fazer acusações de cariz tribal contra o seu líder, Adalberto Costa Júnior.

Fonte: Club-k.net

“Galo Negro” colocou  antigos espiões na actividade realizada pelo regime 

Ao tomar conhecimento que o regime recrutou e pagou 50 mil kwanzas por pessoa, a um grupo de lavadores de carro do bairro “Vidrul” e “Maiombe” do Cacuaco para fazerem-se passar por militantes da UNITA, a direção do “Galo Negro” em Viana, infiltrou na sala de conferência do hotel, antigos operativos da sua extinta Brigada de Defesa do Estado (BRINDE) que fingiram também  ser desertores e jornalistas ligados ao MPLA.

 

A conferência de imprensa marcada para as 10h da manha, teria como ponto chave o anuncio da desvinculação da UNITA do militante Daniel Mário Njaulo e a sua subsequente adesão ao MPLA. Depois de 5 minutos do inicio das declarações de Daniel Njaulo, os infiltrados da UNITA pediram reforço a um segundo grupo que estava na parte externa do recinto que por sua vez invadiu a sala  do hotel inviabilizando a actividade. A operação de sabotagem  foi igualmente registrda em vídeo, em diferentes ângulos  por três  destacados operativos da extinta BRINDE que de seguida enviaram  para um posto de comando  partidário  para a sua analise. 

 

Daniel Mário Njaulo, o novo desertor, é um quadro que está há três meses afastado do cargo de Secretario Municipal da UNITA, em Viana,  por alegado desvio de 800 mil Kwanzas das rendas da sede municipal do partido. Foi antes comissário municipal eleitoral tendo sido substituído em 2017 por Enoque Francisco Camarada. Desde a sua suspensão no cargo, o Comitê do “Galo Negro” em Viana conta com  um Secretario Provincial interino, Arnaldo Filipe Bila.

 

A informação de que o antigo secretario de Viana, Daniel Mário Njaulo estava vulnerável devido ao processo disciplinar que pesava contra si, foi comunicada ao MPLA, por um outro desertor, Kawikh Sampaio da Costa que agora trabalha para o general do regime, José Tavares Ferreira.

 

Amigo pessoal do Presidente João Lourenço, o general José Tavares Ferreira, é a figura do MPLA  encarregue pela campanha de desgaste a imagem do líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior. Tavares trabalha em estreita colaboração com Ernesto Manuel Norberto Garcia, chefe do gabinete de ação psicológica da Casa de Segurança da Presidência. Desde que começou com estes trabalhos, o general Tavares tem a sua disposição fundos para o efeito, que são geridos a partir da Associação dos Naturais, Descendentes e Amigos do distrito urbano do Sambizanga (Akwa-Sambila), de que o mesmo é Presidente.


Kawikh Sampaio da Costa, o ex-militante que fez as pontes com o novo desertou de Viana, esteve também na sala de conferência do Hotel Luisão, mas logo após a sabotagem da conferência pelos membros da UNITA, o mesmo   trajado de camisola e  calção colocou-se em fuga por alegado receio de  ser identificado como parte da operação de desgaste contra Adalberto Júnior. O ex-militante Kawikh e o seu grupo foram vistos  depois a serem escoltados pela Polícia Nacional.


Apesar de ter havido apenas uma deserção, os noticiários da tarde desta quinta-feira, dos órgãos de comunicação controlados pelo governo anunciaram que a UNITA, perdeu neste dia mais de 120 militantes. 


Ilídio Manuel, renomado jornalista que acompanha com certo rigor a dinâmica da politica domestica em Angola usou as redes sociais para questionar a posição da ERCA, face a conduta dos meios de comunicação social do governo  na conferência de imprensa convocada pela rede do general Tavares Ferreira.



“Uma conferência de imprensa para a apresentação de membros dissidentes da UNITA, supostamente apoiados pelo partido governante, fracassou hoje, em Viana, à conta de uma invasão do local feita por membros do partido do GN.”

 

“De tantas dissidências que a UNITA vem sofrendo desde há décadas, estou ainda por descortinar o interesse jornalístico na divulgação destes assuntos, algo que já se tornou banal, ou seja, um não assunto.”

 

“Para mim, não constitui nenhuma notícia a entrada ou saída de membros um partido para outro. São apenas assuntos que dizem respeito a um determinado partido.”

 

“Aprendi no jornalismo que se um cão morder um homem não é notícia, mas o inverso já é notícia. Não estarão a fazer o uso indevido dos meios do Estado para benefício de um dos partidos?”

 

“À excepção das dissidências de figuras de vulto nos partidos políticos, ou seja, dos " tubarões" não vejo nenhum interesse jornalístico em divulgar as migrações políticas da arraia-miúda que não trazem nenhum valor acrescentado aos partidos. Alguém viu por aí a ERCA?”

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