Luanda – Trabalhadores da Endiama, empresa estatal de Diamantes angolana, ameaçam avançar para uma greve, caso não haja resposta da entidade patronal, nos próximos cinco dias, a um caderno reivindicativo de 2018, disse hoje à Lusa o líder sindical.

Fonte: Lusa

Segundo o presidente do sindicato de trabalhadores da Endiama, Pedro Muxito, melhores condições de trabalho e aumento salarial são alguns dos pontos do caderno reivindicativo, que é do conhecimento da entidade patronal desde 2018.

Pedro Muxito disse que em causa estão quadros superiores, a maioria engenheiros de geociência, licenciados, com mais de duas décadas na empresa, que reivindicam melhorias.

O dirigente sindical referiu que a empresa alegadamente “está dividida”, sendo privilegiados os chefes de departamentos, enquanto “os demais não são vistos nem considerados”.

“Salários míseros, não existe salário base, cada um que entra, é parente ou fui com a cara de fulano (…), não há avaliação de desempenho, não existe uma politica de carreiras, mas no regulamento interno da empresa existe.

Como é que a segunda empresa do país não tem um qualificador de funções?
Ficas 20 anos na empresa e não sabes se és engenheiro de primeira, de segunda ou de terceira.

As pessoas que estão a chegar agora, estão a entrar já com último escalão e valor superior ao de todos que já encontrou a anos.

Os diretores recebem em média AOA 8.000.000,00 ( oito milhões de kwanzas) que corresponde ao sal.base, sub.alimentacao, sub.disponibilidade, sub.chefia e mais um prémio, os chefes de departamento recebem em media um salário de AOA 5.000.000,00 igualmente sal.base, sub.alimentacao, sub.disponibilidade, sub.chefia e prémio, lamentou o I Secretário.

O líder sindical disse que em caso de se iniciar a greve será uma paralisação total dos trabalhos, manifestando abertura e disponibilidade para negociar com a entidade patronal, da qual se consideram parceiros.

Pedro Muxito referiu também que a empresa não está a respeitar o decreto presidencial sobre as medidas de prevenção da covid-19, que estabelece uma força de trabalho presencial de 50%, na base de rotatividade.

“Mandaram parte dos trabalhadores para casa desde 30/04/ do corrente, até a data a lista de presença que permite acesso a Empresa continua a mesma, alguns dos trabalhadores alegaram e iriam ficar em modo de teletrabalho, mas não há condições, ninguém tem um portátil”, frisou.


De acordo com Pedro Muxito, as atuais instalações da Endiama, em Luanda, registam problemas de estrutura, devido ao longo período de existência e falta de manutenção, pelo que, supostamente, foram alugados dois andares no edifício da De Beers, onde se procede à comercialização dos diamantes, para “levar alguns trabalhadores com os seus chefes e o resto vai para casa”, sem qualquer documento .

O representante do sindicato frisou que esta é a principal preocupação levantada no caderno reivindicativo, sugerindo que a Endiama adquira ou alugue um novo edifício para a transferência de todos os trabalhadores.

“Há muitos edifícios que a PGR [Procuradoria-Geral da República] confiscou, então alugue-se esses prédios, a Endiama é uma empresa estatal, alugue-se e ponham lá todo o pessoal a trabalhar, façam rotatividade a 50%, mas não. Perferem mandar todo o pessoal antigo para casa, alegando que vão arranjar uma empresa chinesa para reabilitar o edifício.

Criaram um Regulamento de Teletrabalho com um contrato de 3 anos para os que vão ficar em casa, como funcionária da Empresa tudo o que tinha que assinar é um termo de compromisso em caso de uso dos equioamentos da Instituição, agora um funcionário com contrato por tempo indeterminado assinar um contrato extra de 3 anos? Mas o que é isso?”, questionou.

A falta de dinheiro, prosseguiu Pedro Muxito, tem sido alegada pela entidade patronal como justificativa para o não reajuste salarial, mas a verdade é que continuam a enquadrar novos técnicos na empresa, não obstante a isso “há duas semanas compraram cerca de 120 das quais já em posse da Endiama algumas viaturas entre elas land Cruzer VX, Land Cruzer XL(chefe máquina), Toyota, Fortuneres e Avanzas, muitos deles com custos superior a AOA90.000.000,00.

Das tais viaturas já obdeceram a seguinte distribuição Secretarias do Gabinete do Presidente do Conselho de Administração e os Chefes de Departamento, seguir-se-á a distribuição para os Directores.

Pedro Muxito reclamou ainda o facto de diretores já reformados há cinco, sete anos, se encontrarem ainda na empresa “a ganhar no instituto segurança social e na empresa”, enquanto “mandam jovens para a rua”.


“Isso em quase todas as direções, são amigos, são padrinhos, mas o simples trabalhador que falta ainda um mês ou mesmo um ano estão a mandar para sair, rua, vai para a reforma”, salientou.


Endiama virou a casa da mãe Joana, cada um faz o que quer, o Sr. Administrador Osvaldo Van Dunem não consegue gerir o seu peloro, o Sr. Esmael Mateus Director do Marketing desrespeita os trabalhadores considerando todos que encontrou um lixo, o Sr. Leao Chimin do RH, esta sempre a sobrepor-se ao despachos do PCA(Dr. Ganga Junior) relacionados ao pessoal.

Os trabalhadores exigem mais respeito, também que os salários sejam atualizados ao câmbio atual do dólar do Banco Nacional de Angola , respeitando a lei da indexação, lembrando que o seu poder de compra caiu 20 vezes devido à inflação.

Que esta informação chegue a quem de Direito, por favor precisamos de ser ouvidos.