Luanda - O grupo de origem francesa Carrefour manifestou interesse de gerir a rede de hiper e supermercados Kero, com capital social detido 90% pelo Estado angolano, cujo concurso público arranca na próxima semana, anunciaram hoje as autoridades angolanas.

Fonte: Lusa

Segundo o presidente do conselho de administração do Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado (IGAPE) angolano, Patrício Vilar, a cadeia Carrefour faz parte de um conjunto de empresas que já endereçaram cartas de intenção ao órgão que tutela.

 

"Mas como já tem sido experiência, noutros casos, uma coisa é carta de intenção e outra é apresentarem candidaturas, portanto vamos esperar pelo processo de entrega das candidaturas para depois termos uma ideia mais exata de quais são os concorrentes", afirmou hoje o responsável, quando questionado pela Lusa.

 

Em declarações aos jornalistas no final de reunião da Comissão Nacional Interministerial do Programa de Privatizações (ProPriv), Patrício Vilar deu conta que o concurso público para a concessão da rede Kero arranca na próxima semana e a entrega de candidaturas tem o prazo de 45 dias.

 

"Esperamos que o processo de avaliação das candidaturas termine dentro de três meses, porque no caso do Kero a urgência é muito grande", notou.


A cadeia de retalho era detida pelos generais Hélder Vieira Dias 'Kopelipa' e Leopoldino Fragoso do Nascimento 'Dino', homens fortes do ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos e ligados também ao ex-vice-Presidente Manuel Vicente que entregaram vários bens ao Estado angolano

 

Em outubro de 2020, a Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana anunciou que depois de constituídos arguidos, os generais procederam à entrega ao Estado de vários ativos, entre os quais a cadeia de retalho Kero.

 

O Presidente angolano aprovou, em despacho 89/21, de 11 de junho, a cessão do direito de gestão da rede de hiper e supermercados Kero, delegando aos ministros das Finanças e Indústria e Comércio a condução e verificação da legalidade de todos os atos inerentes ao procedimento do concurso público.

 

No documento, João Lourenço refere que o concurso é aberto considerando que o Estado angolano passou a deter 90% do capital social do Grupo Zahara Comércio S.A, que deste modo passou a integrar o setor empresarial público, como empresa de domínio público.

Hoje, Patrício Vilar, presidente do conselho de administração do IGAPE e coordenador adjunto do grupo técnico do ProPriv, assegurou que os procedimentos deste programa "são permanentemente acompanhados pela autoridade reguladora da concorrência".

 

Questionado sobre as contrapartidas do Estado angolano com a concessão da rede Kero, o responsável adiantou que o contrato prevê uma renda que os vencedores terão de pagar, referindo não ser esta a principal preocupação das autoridades.

 

"A nossa principal preocupação, mais do que arrecadar, é efetivamente manter as redes de distribuição em funcionamento, manter os empregos e manter o abastecimento às populações", rematou Patrício Vilar.

 

O concurso para a concessão da rede Kero, despoletado na sequência do processo de recuperação de ativos do Estado angolano, foi um dos pontos avaliados nesta reunião presidida por Manuel Nunes Júnior, ministro de Estado para a Coordenação Económica e coordenador da Comissão Interministerial do ProPriv.

 

O programa do Governo ProPriv prevê a privatização de mais de 190 empresas e/ou ativos do Estado angolano até 2022 nos setores da banca, hotelaria e turismo, finanças, seguros, agricultura, telecomunicações, indústrias, petróleos, entre outros.