Lisboa – A exoneração de Joana Lina Ramos Baptista Cândido, do cargo de Governadora da Província de Luanda foi precipitada no seguimento de uma fricção com o recém ressuscitado primeiro Secretario Provincial do MPLA, Bento Joaquim Sebastião Francisco Bento. A fonte da fricção foi uma marcha realizada sábado que visou enaltecer a figura do  Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço.

Fonte: Club-k.net

EX-GOVERNADORA RECUSOU VIOLAR  DECRETO PRESIDENCIAL N.º 62/21

Tudo começou quando no passado dia 23 de Junho, Bento Francisco Bento escreveu a então governadora uma carta convocando-a para se fazer presente da marcha agendada para sábado dia 26.

 

Em reação, Joana Lina, pediu ao director do seu gabinete, Edilson Paulo Agostinho, para que elaborasse uma resposta dizendo a Bento Bento, que não iria sair neste dia por motivos da pandemia. Lina recém regressada de Portugal, estava observar um período de quarenta domiciliar e não podia sair para os comícios quanto mais que nem sequer participou ao funeral de uma prima, Amélia da Cruz Coelho do Nascimento.

 

Paralelamente, Joana Lina  pediu  ao seu director de gabinete a endereçar  uma outra carta aos órgãos de defesa e ordem pública  comunicando que nada tem a ver com a referida marcha orientando que se fizesse cumprir a lei, tendo em conta a existência de um decreto presidencial que desaconselha  ao agrupamento de pessoas, como medida de contenção a propagação do vírus da Covid-19.


Joana Lina segundo soube o Club-K, pretendia apenas que o seu colega de partido respeitasse a lei, face as regras novo decreto presidencial sobre a situação de calamidade relativa à Covid-19 que entrou em vigor a 9 de Junho, prolongando-se por mais 30 dias.

 

Por detrás, o MPLA usou a comissão administrativa de Luanda para que fizesse sair um comunicado autorizando a marcha violando o decreto presidencial No 62/21.

 

Bento Bento e Joana Lina, ambos nascidos em Camabatela, província do Kwanza-norte, tem problemas antigos do passado. Não se falam há mais de 20 anos. Depois de tomar conhecimento que a então governadora ordenou aos órgãos de segurança e ordem pública para fazerem cumprir a lei, face a marcha, Bento Bento, interpretou que a sua “arqui-inimiga” estava, em outras palavras, a instruiu a polícia para lhe bater.


Depois da realização da marcha, realizou uma reunião partidária de balanço, explicando que no dia da atividade colocou-se mesmo a frente da multidão (militantes) para testar se seria agredido pela Polícia Nacional. Esclareceu também que não eram nenhum “tolo” para fazer uma marcha daquela pois a mesma mereceu aprovação superior, e que o objetivo foi fazer desde o seu regresso a frente do partido, em Luanda, uma demonstração de força a UNITA.

 

Na mesma reunião, pontuou que não se conformava em ficar quieto quando rolavam informações de que um grupo de jovens ameaçava fazer manifestação indo até ao palácio presidencial.

 

Por seu turno, o Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, ao tomar conhecimento que a governadora Joana Lina, estava a dar sinais de se opor a realização de uma marcha de exaltação a sua figura, aconselhou-se com os seus pares para uma tomada de posição.

 

Manuel Tavares de Almeida, Ministro das Obras Públicas e Ordenamento do Território, terá sido um dos contactados propondo ao Chefe de Estado, a indicação da sua Secretaria de Estado, Ana Paula Chantre Luna de Carvalho como nova inclina do palácio do governo provincial de Luanda.

 

Ana Paula de Carvalho entrou para o governo central, logo após as eleições de 2017, por sugestão do antigo Secretario Geral do MPLA, António Paulo Kassoma com quem trabalhou no Huambo quando ela exercia as funções de directora provincial do Urbanismo e Construção. A sua nomeação inicial no governo de João Lourenço foi como Ministra do Ordenamento do Território e Habitação de Angola, porém, no processo de redução do executivo, era passou a secretaria de Estado do Ministro das Obras Públicas e Ordenamento do Território.

 

Apesar de não ser membro de estruturas superiores do MPLA, Ana Paula de Carvalho, tornou-se nos últimos tempos numa figura com alguma ascendência ao ministro Tavares de Almeida, igualmente afilhado de casamento do casal presidencial.

 

No passado mês de Junho, Paula de Carvalho fez uma visita a Província de Cabinda e no seu regresso comunicou ao ministro Manuel Tavares que um então vice-governador para os Serviços Técnicos e Infra-Estruturas, Paulo Dinis Luvambano, estaria com posições opostas face as modalidade de construção de uma centralidade naquela parcela do país. O ministro comunicou ao Presidente e no dia 18 de Junho, o vice-governador de Cabinda foi exonerado sem aviso ficando apenas 20 dias no cargo.