Costa do Marfim - O Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara recebeu na terça-feira o seu antecessor Laurent Gbagbo numa atmosfera de reconciliação nacional, marcada por abraços e sorrisos. Trata-se da primeira vez desde a conturbada eleição de 2010, que os dois dirigentes se encontraram. Durante o encontro, Gbagbo pediu, em nome da reconciliação nacional, que o chefe de Estado incumbente faça um gesto e liberte as pessoas detidas na sequência dos eventos violentos de 2010/2011.

Fonte: RFI

Aperto de mão, abraço, mãos dadas e sorrisos marcaram o primeiro encontro entre o Presidente Alassane Ouattara, da Costa do Marfim, e o seu antecessor, Laurent Gbabgo, desde a controversa eleição presidencial de Outubro de 2010, que desembocou numa crise e em milhares de mortos.

Após um frente a frente à porta fechada que durou trinta minutos, os dois dirigentes marfinenses deram uma conferência de imprensa, no decurso da qual eles realçaram o carácter "fraterno" e "descontraído" do seu encontro de 27 de Julho de 2021.

Durante o ambiente caloroso e de reconciliação nacional que marcou o encontro, Laurent Gbagbo apelou o chefe de Estado marfinense Alassane Ouattara a libertar as pessoas detidas no decurso da violenta crise pós-eleitoral de 2010-2011, que ainda estão na prisão.


"Nós conversamos fraterna e amigavelmente. Estou muito feliz com a conversa que tivemos, porque ela foi muito descontraída . Sinto-me orgulhoso por isso e desejei que de vez em quando possamos ter este género de encontro, que contribui para aliviar a tensão no país.

No que me diz respeito, eu falei sobretudo com o presidente, insisti, na questão dos prisioneiros, que foram detidos no momento da crise de 2010-2011 e que permanecem na prisão.

Eu disse ao Presidente: você está de acordo comigo, eu era o líder deles. Actualmente eu estou livre, mas eles estão presos. Eu gostaria que o presidente faça todos os possíveis para que eles sejam libertados. Eu sublinhei esse facto. Tirando isso, falamos da Costa do Marfim que deve seguir em frente".


Por seu lado Alassane Ouattara afirmou que a crise pós-eleitoral de 2010/2011 provocou divergências , mas que tudo isso tinha ficado para trás.

O último frente a frente entre o chefe de Estado marfinense e Laurent Gbagbo tinha ocorrido em 25 de Novembro de 2010, data em que os dois participaram num debate televisivo, três dias antes da segunda volta da eleição presidencial.

N'Goran Djedri, do Partido Democrático da Costa do Marfim (PDCI), principal força política da oposição liderada pelo antigo presidente Henri Konan Bédié, realçou que o seu partido congratula-se com a nova vontade de diálogo manifestada por Alassane Ouattara.

Segundo Djedri, o PDCI apoia o espírito de diálogo inclusivo na Costa do Marfim.

A eleição presidencial de 31 de Outubro de 2010 resultou numa grave crise, que provocou violentos confrontos armados e 3000 mortos.

Laurent Gbabgo, então presidente cessante, foi acusado pelo candidato e adversário Alassane Ouattara, proclamado vencedor com 54,10% dos votos, de não querer aceitar o resultado do escrutínio.

Laurent Gbabgo, teria obtido, segundo o Conselho Constitucional da Costa do Marfim, 45,9% dos sufrágios.

O Colectivo das Vítimas da Costa do Marfim, presidido por Issiaka Diaby, em nome dos mortos da crise pós-eleitoral de 2010/2011, considerou que a reconciliação nacional não deve circunscrever-se a duas pessoas, e que luz deve ser feita sobre os eventos trágicos de há onze anos.