Lisboa - O movimento cívico Somos Todos Lisboa, encabeçado pela emigrante angolana Ossanda Liber, defendeu a inclusão e a igualdade como pilares da candidatura às autárquicas apresentada nesta quarta-feira, para “dar voz” aos lisboetas que não se sentem representados na Câmara Municipal.

Fonte: Lusa

Na apresentação da candidata ao município de Lisboa, que decorreu no Jardim da Estrela, Ossanda Liber reconheceu saber que são “precisos muitos votos para chegar até à câmara”, mas disse acreditar no apoio dos lisboetas, depois de ter conseguido juntar as cerca de cinco mil assinaturas necessárias para apresentar a candidatura.

“Foi menos difícil do que esperado, porque a adesão foi grande, valeu a pena. Foi só preciso convencer os lisboetas do programa da candidatura”, disse aos jornalistas quando questionada sobre a dificuldade do movimento independente de cidadãos em encontrar apoiantes para a validação da candidatura no Palácio da Justiça.

Ossanda Liber revelou que se vai candidatar “como lisboeta” que sente ser, lembrando que a “condição de lisboeta não depende do berço”, frisando que o que conta é o amor e a consideração” que tem para com a cidade que escolheu para viver e criar os filhos.

“Eu quero uma Lisboa mais inclusiva e inclusão parece um termo bastante genérico e é. Não só de inclusão de emigrantes, mas é o que parece quando as pessoas olham para mim, mas não. Quando cheguei à rua as pessoas sentiram-se muito atraídas pelo tema porque há muita gente que se sente excluída da política e, por isso, não votam”, explicou.

Desta forma, Ossanda Liber assumiu que a sua candidatura é “uma tentativa de influenciar o poder político” pela mensagem que traz e pela forma de “olhar para as pessoas de frente e ir ao encontro das suas necessidades”.

Entre as propostas apresentadas, a candidata assumiu a complementaridade nos transportes públicos, tendo em conta a actual imprevisibilidade dos horários, lembrando também a questão ecológica dos transportes fluviais que fazem parte de “um transporte de futuro”.

“Temos um rio incrível, uma passagem fabulosa, temos de aproveitá-la e melhorá-la, tornar mais amiga do ambiente, para que as pessoas que vêm para Lisboa não se sintam obrigadas a trazer carro”, adiantou.

A candidatura defende também a atribuição de um cheque cultura aos jovens de 18 anos, um “acesso equitativo e gratuito” a apoio psicológico através de postos de atendimento móveis e o reforço de psicólogos nas 24 freguesias de Lisboa.

Os sem-abrigo e os ex-presidiários têm também atenção no programa da candidata que pretende desenvolver programas específicos de acolhimento e reintegração.

“Vamos reestruturar a EMEL [Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa], os lisboetas precisam de mais estacionamento e menos multas. Vamos tornar a cidade mais limpa. Os sem-abrigo serão apoiados. Vamos reorganizar as ciclovias e os emigrantes serão recebidos com dignidade e segurança para todos”, pode ler-se no programa.

A campanha, de acordo com a candidata, vai ser feita “no terreno”, já que, por ser independente, “não tem orçamentos extraordinários”.

“Acreditamos que o importante é estar junto das pessoas e transmitir o nosso programa nas ruas, nos bairros, onde precisam de nós”, disse Ossanda Liber, considerando que os lisboetas têm de decidir “se devem continuar a apostar no insucesso, nas propostas utópicas que fazem de promessas que não são realizáveis”, ou se vale mais entrar, “de uma vez por todas, numa política pragmática e que cumpre com as suas promessas”.

O executivo da Câmara de Lisboa, presidido por Fernando Medina, é actualmente composto por oito eleitos pelo PS (nos quais se incluem os Cidadãos por Lisboa), um do BE (que tem um acordo de governação do concelho com os socialistas), quatro do CDS-PP, dois do PSD e dois da CDU.

Às eleições autárquicas de 26 de Setembro, além de Ossanda Liber, concorrem à Câmara de Lisboa Fernando Medina (coligação PS/Livre), Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU), Bruno Horta Soares (IL), Nuno Graciano (Chega), Beatriz Gomes Dias (BE), Manuela Gonzaga (PAN), Tiago Matos Gomes (Volt), João Patrocínio (Ergue-te), Bruno Fialho (PDR) e Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!).