Benguela - Doa a quem doer, o presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, poderá nos próximos tempos anunciar a sua recandidatura ao cargo mais cobiçado daquele partido da oposição.


Fonte: Club-k.net


Numa entrevista exclusiva ao Club-k.net, a partir do município do Bocoio, província de Benguela, Isaías Samakuva manifestou interesse de voltar a candidatar-se à cadeira máxima do galo negro, caso seja esta a vontade da massa militante do seu partido.


“A vontade dos candidatos pode ser individual ou resultante dos militantes. E a minha resultou sempre dos militantes”, assegurou Samakuva, após ter proferido um longo discurso que durou quase duas horas.


A nossa fonte admitiu que tem recebido críticas de alguns militantes “contestatários” pela sua forma de dirigir aquele partido. “Mas vou continuar a depender da vontade dos militantes”. Acrescentando que na devida altura estes irão pronunciar-se ao serviço do partido.


“Se eu sentir uma pressão, por exemplo, como aquela que senti em 2003, quando pela primeira vez me candidatei, farei isso a pedido dos militantes”, afirmou despreocupadamente Samakuva que poderá vir a enfrentar o seu arqui-rival Abel Chivukuvuku, que sempre mostrou um forte interesse em assumir a cadeira forçadamente deixada pelo fundador daquele partido, Jonas Savimbi, em 2002.


Outro presumível candidato poderá ser o ex-secretário-geral, Lukamba Gato – que foi boicotado por um desconhecido general da UNITA, acusando-o de graves irregularidades.

 
No entanto, ouvem-se vozes de contestação no seio deste partido. O Club-K soube que actualmente a vontade da massa militante do galo negro está virada para Abel Chivukuvuku e Lukamba Gato. Razão pela qual nos últimos tempos a maior parte dos ideólogos e pesos pesados dos “maninhos” têm evitado acompanhar o actual líder nas visitas de campo, na maior parte das vezes. Sarcasticamente Samakuva assegura que “não estarei a frente do partido contra a vontade dos militantes.”


Outrossim, o líder da UNITA denunciou de ante mão o esquema traçado pelo MPLA, que visa reduzir para três por cento a presença dos “maninhos” na Assembleia Nacional por terem abandonado, Janeiro último, a sala momento antes da aprovação da actual Lei Constitucional.


“Como disse é a intenção do MPLA. E a nossa é diferente. Portanto aquilo que aconteceu no passado é naturalmente uma escola, deixou experiência e lições. Nós vamos trabalhar para que esta vontade do MPLA volte contra o próprio MPLA”, advertiu.

 

Deixando bem claro que “a UNITA não aceitará uma derrota, nas próximas eleições, como aquela que aconteceu há dois anos e muito menos que seja feita da forma como foi”. Justificando que “toda gente viu que os 10% foram simplesmente atribuídos a UNITA, e não correspondem a vontade do povo. Caso volte a acontecer a UNITA saberá tomar medidas necessárias para traduzir em actos.”


Afinal, que medidas são estas? “As medidas são várias e na devida altura, nós vamos pedir ao povo a implementa-las”, disse Samakuva, garantindo que a UNITA não vai voltar outra vez a guerra. “Para nós a guerra passou e é história do passado. Mas, em democracia há várias formas de contestar um adversário e as manifestações são uma delas.”


Entretanto, a UNITA comemorou no passado dia 13 do corrente, os seus 44 anos de existência, desde a sua fundação em Muangai, província do Moxico, em 1966. O seu actual líder garante que apesar de tudo quanto se diz contra o seu partido, a UNITA está forte e mantêm-se de pé e cheia de esperança para um futuro melhor.


Samakuva deixou um apelo às centenas de presentes “para não darem ouvidos aquelas pessoas que tentam desencoraja-los”, justificando que “a nossa marcha continua com vitalidade para tempos melhores.”
 

Factos curiosos
 

Os militantes fanáticos do MPLA, tal como seus dirigentes, continuam a não gozar de uma boa saúde mental. Mesmo após a direcção local da UNITA ter solicitado o Largo 1º de Maio, para a realização do evento, o administrador local e os seus pares do Movimento Espontâneo ainda tentaram sabotar a actividade do galo negro. Até as senhoras da OMA agrediram fisicamente uma militante da UNITA a cem metros da sede policial local.


E como o azar não vem só, o secretário do MPLA do Bocoio, impediu que a caravana dos membros da UNITA se hospedassem na Pensão Bocoio – pertencente ao vice-administrador – alegando, o gerente daquele estabelecimento de nome Rafael, que não havia lugares, até para os jornalistas que acompanhavam a caravana.

A persistência do jornalista do jornal O País, Ireneu Mujoco, permitiu compreender que a recusa foi mais política que de escassez de espaço, pois a caravana dos jornalistas conseguiu penetrar na referida pensão e ai permaneceu durante dois dias. No final os jornalistas pagaram em Kwanzas que Rafael, o gerente político não pestanejou ao receber.
 
*Lucas Pedro, no Bocoio