Lisboa - O novo Presidente da Zâmbia Hakainde Hichilema, é citado em meios políticos do seu país como tendo iniciado o primeiro mandato marcado por reservas em relação ao seu homologo angolano, João Manuel Gonçalves Lourenço. De acordo com o que circula neste país, a “frieza” existente tem como fonte, incriminações de alegadas interferias externas de Angola nas últimas eleições (realizadas a 12 de Agosto), traduzida num alegado apoiado com meios logísticos e financeiro a campanha eleitoral do ex-Presidente e candidato derrotado Edgar Chagwa Lungu.

Fonte: Club-k.net

Luanda suspeita de ter financiado campanha de candidato derrotado

Em meios da sociedade politica zambiana, há sustentações de que parte do alegado apoio eleitoral de Angola, terá sido canalizado por interposição de um dirigente Joseph Malanji que entre 2018 a 2021, ocupou o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros da Frente Patriótica (FP), partido do antigo Presidente Edgar Lungo.


Joseph Malanji, actualmente deputado tem a fama de ser “angolano” por ter raízes tchokwe, etnia partilhada entre os povos do leste de Angola e do Oeste da Zâmbia. Desde março passado que Joseph Malanji tem sido questionado pela imprensa local pelos sinais de riqueza que passou a ostentar do dia para noite, inclusive a compra de um helicóptero “Bell 430” adquirido na África do Sul.


O Presidente de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço foi marcado numa lista disponível no wikipedia, como o único dignitário da SADC que não participou na cerimonia de tomada de posse do novo Presidente da Zâmbia, no passado ia 24 de Agosto, fazendo-se representar pelo seu “vice”, Bornito de Sousa Baltazar Diogo.


Na última semana de Setembro os dois lideres presidentes (Hakainde Hichilema e João Lourenço) estiveram nos Estados Unidos, para participação na Assembleia Geral das Nações Unidas. Hichilema discursou na sede da ONU no dia 22 e Lourenço no dia 23. Durante os dias de trabalho em Nova Iorque, os dois Chefes de Estado mantiveram encontros com varias entidades mundiais mas ambos não manifestaram sinais de estabelecer um encontro a dois para apresentação de cumprimentos. Hichilema por sua vez teve um encontro de cortesia, com a acadêmica angolana Maria Luísa Abrantes, a margem de um fórum empresarial em Washington.


Assim que Hakainde Hichilema regressou a Lusaka, foi entrevistado por jornalistas tendo declarado que a sua prioridade seria o povo da Zâmbia e depois as boas relações com os seus vizinhos tendo exemplificado que teve uma conversa ao telefone com Félix Tshisekedi, o Presidente da RDC. Hichilema tem constantemente falado da importância dos países vizinhos mas nunca mas nunca cita Angola, o que tem despertando atenção da existência de alguma “frieza” com o vizinho com que partilha uma fronteira terrestres de 1,110 km.


O desalinhamento entre as novas lideranças da Zâmbia e Angola são compreendidas pelo facto do Presidente Hakainde Hichilema ter lutado durante 15 anos como líder do Partido Unido para o Desenvolvimento Nacional (UPND), que se opunha a Frente Patriótica (PF), chefiada por aliados históricos do MPLA.


Em Março de 2017, João Lourenço ao tempo ministro da Defesa Nacional de Angola, visitou por algumas horas à República da Zâmbia. Quando foi eleito Presidente da República, o seu homologo Zambiano Edgar Lungu esteve em Luanda para a cerimonia de tomada de posse, e no ano seguinte, Lourenço cumpriu uma visita de Estado a capital Lusaka.


O antigo Presidente Edgar Lungu nas suas intervenções publicas manifestava estreitar os laços econômicos com Angola passando pela construção de um oleoduto que leve diretamente o petróleo angolano para às refinarias zambianas. O petróleo da Zâmbia é importado, principalmente através do porto de Dar es Salaam (Tanzânia).

Em Novembro de 2018, os Governos de Lourenço e Lungu assinaram, em Lusaka, um memorando de entendimento no domínio do petróleo e gás. Na altura a Zâmbia enfatizava a urgência da construção do projecto denominado Angola-Zambia Oil Pipeline (AZOP), que ligará a Refinaria do Lobito à cidade de Lusaka, no qual se prevê que a Zâmbia tenha uma comparticipação, desembolsando milhares de dólares.