Luanda - O Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde 1994 na África do Sul, obteve pela primeira vez em 27 anos de governação menos de 50% em eleições locais, anunciou hoje a Comissão Eleitoral Independente (IEC).

Fonte: Lusa

De acordo com a IEC, o ANC obteve 46,04% dos votos a nível nacional, não tendo conseguido alcançar maioria nas principais áreas metropolitanas da província de Gauteng, incluindo a capital do país Tshwane (antiga Pretória) e Joanesburgo, capital económica sul-africana, conquistando apenas 34,63% e 33,6%, respetivamente.

 

O principal partido da oposição, o Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês) obteve 21,84% a nível nacional, mantendo a governação no Cabo Ocidental (54,2%), incluindo na Cidade do Cabo (58,22%), onde o ANC obteve 20,4% e 16,83% dos votos, respectivamente.

 

Em Joanesburgo, o DA obteve 26,14% dos votos, e em Tshwane 32,03% dos votos, segundo a comissão eleitoral. O terceiro mais votado em Joanesburgo foi o recém-criado Action SA pelo antigo autarca Herman Mashaba, que alcançou 16,05%.

 

A nível nacional, o Economic Freedom Fighters (EFF), esquerda radical, conquistou 10,42%, segundo a comissão eleitoral.

 

Nas eleições autárquicas de 2016, o ANC obteve 53,91% dos votos a nível nacional, o DA 26,9% e o EFF 8,19%.

 

Ao declarar os resultados oficiais no final do dia de hoje, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, considerou que "os representantes públicos precisam de ser mais visíveis e mais ativos" nas comunidades.

 

"Acima de tudo, os funcionários públicos precisam de ouvir as comunidades que servem", adiantou.

 

No seu discurso, o chefe de Estado sul-africano considerou que "o governo local deve ser uma força para o bem, para o desenvolvimento e o progresso".

 

"Nós, como líderes, devemos colocar de lado as nossas diferenças e trabalhar em conjunto no espírito de parceria, colaboração e de propósito comum no interesse do povo da África do Sul", declarou o Presidente sul-africano.

 

Ramaphosa, que é também presidente do ANC, sublinhou que "estas eleições locais foram disputadas por um número recorde de 325 partidos políticos e quase 95.000 candidatos, dos quais mais de 1.500 eram candidatos independentes".

 

Anteriormente, o presidente da Comissão Eleitoral Independente, Glen Mashinini, disse que 12,3 milhões de pessoas votaram nas eleições locais, salientando que dos 213 municípios disputados, o ANC, o partido no poder, obteve a maioria em 161 municípios, enquanto o AD obteve maioria em 13 municípios e o Partido Livre Inkatha (IFP) em 10 municípios.

 

O presidente da IEC frisou que "há 66 municípios sem maioria partidária", fazendo antecipar novas coligações de governação local no país.

 

Mashinini salientou que a IEC enfrentou "uma série de desafios", destacando a pandemia de "covid-19, um calendário eleitoral apertado, apagões e falhas".

 

"Pese embora algumas falhas, pelas quais pedimos desculpa, a comissão eleitoral organizou eleições de qualidade", referiu Mashinini, acrescentando que "a comissão eleitoral atendeu e resolveu 290 objeções".

 

A Comissão Eleitoral Independente sul-africana considerou o escrutínio como tendo sido o "mais avançado tecnologicamente realizado até hoje na África do Sul", destacando que "95% do eleitorado considerou que foram livres e justas".