LisboaJosé Tavares Ferreira, o general do regime que responde pelo “dossier Adalberto Costa Jr”, é descrito como estando aplicado numa nova tarefa visando mover influencias para o adiamento do XIII congresso da UNITA, de modo a que este evento político não seja realizado no mesmo mês que o VIII congresso ordinário do MPLA, agendado para 9-11 de Dezembro.

Fonte: Club-k.net

REGIME QUER QUE ‘GALO NEGRO’ FAÇA CONGRESSO EM MARÇO DE 2022

O congresso da UNITA foi convocado para os dias 3 e 4 de Dezembro. De acordo com apurações é do interesse do regime que o evento do maior partido da oposição seja “remarcado” para Março de 2022, uma data anunciada no passado dia 22 de Outubro por Domingos Pedro, o “numero dois” da rede do general Tavares implantada no interior do partido fundado por Jonas Malheiro Savimbi.


O regime , segundo fontes do Club-K, já não se importa que Adalberto Costa Júnior volte a ser reeleito Presidente da UNITA, no novo congresso. O que não desejam é que os congressos dos dois partidos rivais sejam realizados quase na mesma data, porque atrapalharia cálculos destinados a “não validação” do mesmo por parte do Tribunal Constitucional, e desta forma Adalberto Costa Júnior mesmo que eleito ficaria impedido de concorrer as próximas eleições. Porém, esta agenda só será possível se o congresso da UNITA for arrastado para próximo ano.

 

De acordo com o histórico do Tribunal Constitucional, as correspondências que lhe são remetidas podem levar no mínimo três meses ou mais para serem respondidas. No passado dia 25 de Outubro foi convocado o Conselho da República, na qual participou pela FNLA, Lucas Ngonda. Nini-A-Simbi não participou na referida reunião porque o congresso que o elegeu a 19 de Setembro ainda não foi “anotado” ou “legalizado” pelo Tribunal Constitucional.

 

O “anulado congresso” da UNITA realizou-se no dia 15 de Novembro de 2019, mas a sua validação por parte do Tribunal Constitucional (Despacho 3/20), aconteceu sete meses depois, isto é, aos 22 de Maio de 2020. Durante o período que decorria o processo de “validação” da direção eleita, as contas bancarias do partido e outros actos legais ainda eram feitas por Isaías Samakuva, apesar de Adalberto Costa Júnior ter já sido eleito.

 

Em conformidade com cálculos feitos pela rede do general Tavares Ferreira, se a UNITA realizar o congresso em Março de 2022, o Tribunal Constitucional poderá levar no mínimo três meses para validar o acto, o que acontecerá em Junho, mas também se levar sete meses como aconteceu no congresso anterior, a validação do congresso será somente em Outubro de 2022, depois das próximas eleições gerais. Se surgirem eventuais impugnações o processo de validação demora ainda mais. Com este cenário, de um congresso remarcado para Março, enquanto o Tribunal Constitucional não validar o acto, o “cabeça-de-lista” para as eleições de Agosto de 2022, terá de ser o líder do “congresso validado” de 2015, neste caso Isaías Samakuva.

 

O Presidente da UNITA que sairá eleito no próximo congresso, só poderá ser candidato a Presidência da República, depois de o TC validar o evento. “Com os dois partidos a fazerem os congressos em simultâneo, no mês de Dezembro, o Tribunal Constitucional será obrigado a validar tanto o congresso de Dezembro da UNITA, na mesma altura em que fará com o MPLA”, explica uma fonte adiantado que o regime irá recorrer a meios possíveis para impedir que isso aconteça.

 

 

De acordo com constatação a rede do General José Tavares Ferreira – que trabalha no assunto – tem sido vista a criar uma Estado de opinião encorajando a UNITA a desistir de realizar um congresso no mês de Dezembro.

 

O general Tavares Ferreira conta com uma rede no interior da UNITA na qual se destaca Kawikh Sampaio da Costa e Domingos Pedro, os dois políticos que deram rosto pelo processo de impugnação do congresso de 2019 que elegeu Adalberto Costa Júnior. Domingos Pedro, que no passado foi o responsável pela mobilização da UNITA no Cacuaco, anunciou no passado dia 26 de Outubro, pelo facebook que “serei candidato ao XIII ordinário do nosso partido que terá lugar em Março de 2022”.

Ao contrario dos trabalhos de impugnação do congresso de 2019, a rede do general Tavares encontrou desta vez um ambiente favorável por ter uma agenda que não só converge como tem acolhimento no interior de corrente da UNITA, que defende o adiamento do congresso para próximo ano 2022. A referida corrente apresenta-se como defensora do legado de Isaías Samakuva, defendendo o adiamento do congresso para Fevereiro ou Março de 2022.

 

A convergência de agendas entre a rede do general Tavares e uma corrente da UNITA, é ilustrada nos seguintes pontos a saber:

 

1.No dia 20 de Outubro ocorreu a primeira reunião extraordinária da comissão política da UNITA, após o regresso de Isaías Samakuva como líder do partido. 94% dos membros votaram pela realização do congresso em dezembro, contra uma corrente que votou - contra ou abstenção - favorável a um congresso para março.

 

2.No dia 21 de Outubro, Carlos Alberto, destacado oficial do SINSE, anunciou no seu portal “A DENUNCIA” que “o TC pode voltar a anular o XIII congresso da UNITA” alegando que os membros da comissão política foram coagidos a votar na data da realização do congresso, marcado para o dia 4 de Dezembro de 2021. Desde que foi afastado da ERCA, o oficial Carlos Alberto passou a estar a disposição do general Tavares, que patrocina o seu jornal.

 

3.No debate de domingo (31) na TV Zimbo, o deputado David Mendes insurgiu-se contra os “timings” do congresso da UNITA argumentando que “não é credível que no prazo de 30 dias, a UNITA vai conseguir arrecadação de fundos para o congresso”. Numa outra ocasião, Mendes alertou que o maior partido da oposição corria o risco de voltar a ter este congresso impugnado. Neste domingo (3), Mendes voltou a abordar sobre a ventual nulidade do congresso do maior partido da oposição em Angola.

 

4. Ventilações segundo as quais uma dirigente da LIMA, Ana Filomena Junqueira da Cruz Domingos – descrita como “Anti-Adalberto” terá travado acertos visando estudar a possibilidade de apresentar-se como eventual candidata ao próximo congresso, para depois mover processos de impugnação como forma de atrasar o processo de validação por parte do Tribunal Constitucional, abrindo caminho para que o cabeça de lista seja ACJr. Ana Filomena Domingos, é esposa do antigo deputado Daniel Domingos “Maluca”, e próxima a Rui Galhardo. O seu nome apareceu esta semana numa lista divulgada por Carlos Alberto, a pedir a Isaías Samakuva que reconsidere o adiamanto do congresso marcado para Dezembro, alegando terem votado sob coação (entenda-se ameaças dos revús).

 

5. O portal “Mira do Crime”, divulgou estes dias uma matéria intitulada “Samakuvistas impugnam reunião da Comissão Politica e exigem adiamento do congresso”. A lista dos subscritores segundo o portal é liderada pelo novo Secretario Provincial de Luanda, José Eduardo que substituiu no cargo Manuel Armando da Costa Ekuikui “Nelito”

 

6.Ginga Savimbi, uma das filhas de Jonas Savimbi e que se identifica como uma das mais destacadas defensora pela reeleição de Adalberto Costa Jr, denunciou nas redes sociais que ela e outros membros do partido receberam mensagens do terminal 946759461 persuadindo-os a defenderem o adiamento do congresso.

 

7.Num recente contacto com o ministro angolano Manuel Tavares de Almeida, na qual analisou o seu trabalho a volta da UNITA, o general Tavares Ferreira deixou transparecer que o próximo passo passaria pelo envio de “missões” as províncias do Huambo e Bié, sem ter precisado a natureza exacta dos trabalhos.

 

José Tavares Ferreira, o dirigente do regime que lidera estas operações de impedimento do congresso da UNITA agendado para Dezembro, é a nível do regime apresentado como o não oficial “assessor presidencial” que mais tem apresentado resultados ao Presidente João Lourenço, sobre os trabalhos de enfraquecimento do maior partido da oposição com Adalberto Costa Júnior a cabeça.

 

João Lourenço, não tem simpatias por Adalberto Costa Júnior para liderar a UNITA. Na reunião do Conselho da República do dia 25 de Outubro, manifestou preferência por Isaías Samakuva a quem desejou que fique por mais tempo, neste órgão consultivo do Presidente da República.

 

As motivações que levam João Lourenço a não ter Adalberto Costa Júnior como seu principal adversário politico nas próximas eleições, deve-se ao antecedente do pleito anterior. Nas eleições gerais de 2017, João Lourenço estava com a popularidade em alta e obteve 61% dos votos. Para as próximas eleições o líder do MPLA vê-se impossibilitado de obter os mesmos resultados devido o nível de rejeição que passou a ter junto da sociedade angolana.

 

Como solução, o Presidente João Lourenço recorreu aos préstimos do general Tavares Ferreira, para operação de troca de liderança da UNITA, destituindo Adalberto Costa Júnior que é o politico nacional que lhe esta a usurpar popularidade. Costa Júnior volta a se recandidatar mas o seu o congresso que o irá eleger não será “propositadamente” legalizado antes das eleições de 2022.