Luanda - O Conselho de Jurisdição da UNITA rejeitou o pedido de impugnação da reunião da Comissão Política que marcou a data do próximo congresso do partido. O evento continua previsto para 2 a 4 de dezembro.

Fonte: DW

Um grupo de militantes da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição no país, disse que a Comissão Política foi coagida a marcar a data do próximo congresso. Mas o Conselho de Jurisdição considera "fúteis" as razões apontadas.

 

No pedido de impugnação da reunião da Comissão Política, os militantes alegavam que a decisão de marcar o congresso da UNITA para a próxima semana foi tomada debaixo de um clima de intimidação. Uma das provas disso, segundo os militantes, teria sido o protesto a favor do líder destituído Adalberto Costa Júnior, que teve lugar em frente ao complexo onde decorria a reunião.

 

Mas o Conselho Nacional de Jurisdição da UNITA diz que mais de metade dos membros que participaram na reunião da Comissão Política rejeitam qualquer tipo de coação.

 

Silvestre Samy, que também é membro da Comissão Política do "galo negro", disse à DW África que o pedido de impugnação não tem qualquer fundamento, pois não foram apresentados "elementos probatórios daquilo que dizem. Nós somos membros da mesma Comissão Política, estivemos presentes".

 

Contudo, Samy reconhece: "É verdade que havia uma manifestação lá fora, segundo nos consta, pediram autorização à administração para que houvesse a manifestação. Mas a verdade é que a manifestação não teve nenhuma intercessão com o que se passava lá dentro. A manifestação não afetou o ambiente tranquilo da reunião da Comissão Política. Por isso, achamos que estes elementos são, de facto, fúteis".

 

Líder destituído da UNITA, Adalberto Costa Júnior, na abertura da campanha de recandidatura à presidência do partido Adalberto Costa Júnior em campanha interna com vista à sua candidatura à liderança da UNITA

Violação dos princípios e valores da UNITA

O congresso foi aprovado com 222 votos a favor, um contra e onze abstenções. A minoria que rejeitou ou se absteve sobre a realização do congresso é a que defende a impugnação da reunião da Comissão Política. Isso não faz sentido, afirma o presidente do Conselho de Jurisdição da UNITA.

 

"Os que podiam ser coagidos são os que votaram a favor e não aqueles que votaram contra. E, para todos os efeitos, da forma como votaram, não foram molestados e não houve qualquer problema", comenta Samy.

 

Entretanto, enquanto o grupo de trabalho de Samy se preparava para se pronunciar sobre o pedido de impugnação, o partido foi surpreendido com um pedido de providência cautelar dirigido ao Tribunal Constitucional pelos mesmos militantes. São dados à UNITA oito dias para provar que não houve coação aos membros da Comissão Política.

 

"Os estatutos do partido dão uma outra oportunidade aos militantes que se sentem em minoria. Eles podem remeter ao mesmo órgão o mesmo assunto para ser discutido", esclare, para depois criticar: "Eles extrapolaram tudo isso, fizeram primeiro um pedido de impugnação e agora o pedido de providência cautelar ao Tribunal Constitucional. Isto é contra os princípios e os valores que a UNITA defende."

Mesmo assim, Silvestre Samy garante que o Conselho de Jurisdição da UNITA tem fundamentos para vencer a causa.

Lavar roupa suja só em casa

A DW África tentou obter uma reação dos militantes insatisfeitos, sem sucesso.

 

O candidato Adalberto Costa Júnior critica o facto de os militantes tratarem de assuntos internos fora da esfera do partido.

 

Costa Júnior é candidato único à presidência da UNITA. O XIII Congresso do partido realiza-se de 2 a 4 de dezembro. Segundo o porta-voz do congresso, Rúben Sicato, está tudo pronto. Pelo menos 1150 delegados vão participar no congresso que deverá reeleger Costa Júnior.

 

"Vão estar aqui delegados vindos de alguns países onde temos representações, e também teremos convidados estrangeiros que fazem questão de estarem aqui. Teremos ainda convidados nacionais que dizem que querem mesmo assistir a este congresso. Acreditamos que as coisas estão a correr muitíssimo bem", assegura.

DW África