Lisboa - As autoridades angolanas confiaram o Projecto mineiro Camutué, (ligado a família Dos Santos), a um consorcio cujo beneficiário final é a OMATAPALO, empresa detida pelo empresário e governador de Benguela, Luís Manuel da Fonseca Nunes, próximo ao Presidente João Lourenço.
Fonte: Club-k.net
Localizado na província da Lunda-Norte, Lucapa, o projecto mineiro Camutué teve até Dezembro de 2020, os seus direitos a serem exercidos por um consorcio entre a ENDIAMA, a TECMAD, a SML- Sociedade Mineira do Lucapa e o Consórcio Conkamutué, à luz dum diploma homologado pelo antigo Presidente José Eduardo dos Santos, a 26 de Agosto de 2002. A TECMAD é detida por Noé Baltazar, antigo parceiro de Isabel José dos Santos nos negócios dos diamantes.
Em 2007, Noé Baltazar e Isabel dos Santos foram citados pela imprensa portuguesa (O PUBLICO) como estando engajados a “desenvolver uma das maiores produções destas pedras preciosas no Camutué” por intermedio da Angola Diamond Corporation (ADC), detida por ambos.
Em Outubro de 2018, a TPA produziu uma reportagem deixando subentender que os trabalhos deste projecto eram maltratados pela gestão anterior (ligada a Isabel dos Santos) e que durante 10 anos não tinham os seus direitos.
Passado dois anos, isto é, aos 16 de Dezembro de 2020, o novo Presidente João Lourenço aprovou – por via do decreto presidencial 15/21 que o Club-K teve acesso - um contrato de Investimento Mineiro para a Exploração de Depósitos Primários na Concessão do Camutué, celebrado entre a Endiama E.P., Kiluanje Limited, Consórcio Conkamutue e a VDB - Limitada, esta última controlada por um antigo Secretário do Conselho de Ministros, António Pereira Mendes de Campos Van-Dúnem “Toninho”.
Três mês antes, a empresa OMATAPALO anunciava que vai a "breve prazo" envolver-se num projeto do sector mineiro, existindo já conversações em curso. “Há conversações, sim, temos muitas minas em Angola e pode acontecer a qualquer momento, desde que seja uma mais-valia para nós, para o Estado e para os parceiros que possam integrar o projeto", assumia o PCA da OMATAPALO, Carlos Alves, em entrevista à Lusa.
Em março do corrente ano, a ENDIAMA, fez sair um comunicado dando conta da transferências de direitos do Projecto Mineiro Camutué, para a Sociedade Mineira de Kaixepa (SMK).
A OMATAPALO passou a operar no Projecto Mineiro Camutué por interposição de uma empresa angolana MOANA, que é sócia da Sociedade de Mineira Kaixepa (SMK), a operadora oficial. O gestor do projecto é Domingos Margarida, um engenheiro angolano que possui um doutoramento em minas, feito em Cuba.
De acordo com informações, o Projecto Mineiro Camutué emprega 564 cidadãos nacionais e 103 estrangeiros. Uma empresa de direito angolano HIPERMAQUINAS, chegou a ser contratada para os trabalhos de terraplanagem cujos pagamentos terão sido o “dobro” cobrado por outras no mercado nacional. A HIPERMAQUINAS é associada a uma irmã do Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço.