Luanda - O Tribunal da Comarca de Luanda, em Angola, retoma nesta quarta-feira, 12, o julgamento de 22 dos 33 taxistas detidos na segunda-feira, na sequência dos distúrbios no bairro Benfica, em Luanda, que terminaram em fogo posto na sede do comité distrital do MPLA e num autocarro do Ministério da Saúde.

Fonte: VOA

O advogado de defesa dos taxistas disse à VOA que 11 deles foram colocados em liberdade depois de os agentes da polícia não terem conseguido provar o seu envolvimento na vandalização dos bens públicos e privados.


“No auto, consta a acusação de vandalização de uma ambulância, enquanto a polícia fala em tentativa de invasão de uma esquadra”, explicou Laurindo Sahana Wandakeya.


“Num crime de valorização é importante que cada actuante pessoalize o que cada detido fez e quando não consegue indicar a acusação não faz sentido”, acrescentou o advogado que pediu a libertação de todos os detidos.

“Não quero me pronunciar se o julgamento é politico ou não, mas devo dizer que estamos aqui para defender a justiça, por isso apelamos que todos os envolvidos seja postos em liberdade”, concluiu.

Os distúrbios e as acusações

Recorde-se que as associações de taxistas já suspenderam a greve e denunciaram a prisão de 100 dos seus membros, que se encontram em diversas cadeias de Luanda.

Na segunda-feira, 10, no início da greve, cidadãos revoltados com a falta de táxi, atearam fogo na sede do comité do distrito do MPLA no bairro Benfica e num autocarro do Ministério da Saúde, que ficou completamente destruído.


A polícia informou ter detido 17 pessoas e o secretário provincial do MPLA, Bento Bento, pediu esclarecimentos à UNITA por, segundo ele, "haver pessoas com a indumentárias" daquele partido entre os atacantes.

Em resposta, o secretário provincial da UNITA, Nelito Ekuikui, condenou o acto e, sobre a acusação da MPLA, diz que tudo aponta ter sido "uma cabala política do regime para incriminar o partido" do galo negro.

Os taxistas reclamam a perseguição policial, violação dos direitos económicos e sociais, discriminação no cumprimento do decreto sobre o estado de calamidade pública entre táxis e autocarros, falta de profissionalização da actividade e da carteira profissional e a exclusão dos taxistas nas políticas públicas.