Maputo - Em finais da década de 90, Angola e Zâmbia viveram um dos momentos mais tensos da sua historia comum. Luanda, acusava o governo do então Presidente Frederick Chiluba de permitir que a guerrilha da UNITA usasse o seu território para o transporte de logística, implicando nomes como, os dos generais Criston Tempo, Ben Mwila, e o então ministro do comercio deste país, Enoch Kavindele.

Fonte: Club-k.net

Em Março de 1998, o então embaixador de Angola em Lusaka, Manuel Domingos Augusto, era citado pela imprensa estrangeira como tendo advertido que ou a Zâmbia apoiaria a UNITA ou seria alvo de uma acção militar. Pela imprensa regional, já se alegava que a aviação angolana preparava-se para atacar o seu vizinho.


No dia 28 de fevereiro de 1999, cinco bombas fizeram se explodir na capital zambiana. Uma delas explodiu na embaixada de Angola em Lusaka, matando um funcionário angolano de segurança. As outras destruíram uma linha de abastecimento de água e alguns postes de energia elétrica.


Em Luanda, recaiam informalmente acusações ao tradicional adversário (UNITA) sobre a autoria do atentado as instalações da missão diplomática angolana, em Lusaka. O instituto de estudos e segurança da Africa do Sul que analisa o assunto também levantava esta hipótese, de o atentado ser um acto para amedrontar o governo de Chiluba, pelo alegado apoio a UNITA.


Ao visitar o local da explosão, o então Presidente da Zâmbia Chiluba aconselhou os funcionários da embaixada a não moverem nada nas instalações danificadas para permitir que os investigadores especializados encontrassem pistas sobre os autores do que ele chamou de acto terrorista.



No decurso das investigações, um pequeno pormenor chamou atenção dos especialistas zambianos. A explosão/atentado aconteceu num domingo e dias antes os funcionários da embaixada angolana retiraram de Lusaka as suas crianças em pleno período de aulas. “A embaixada angolana já sabia que haveria explosão naquele dia, para mandar os filhos para Luanda?”, terão certamente se questionado.


A Zâmbia também notou que naquele mesmo mês um grupo de angolanos pediu vistos de entrada alegando que iriam aquele país para lazer a margem de um rio onde iria pescar. Depois das investigações a Zâmbia notou que os elementos angolanos que entraram em seu território não realizaram atividade de pesca alguma conforme declararam no momento do pedido de vistos, e que entraram com falsa identidade. A Zâmbia concluiu que os elementos pertenciam as forças de segurança, e como consequência bani-os para nunca mais entrarem em seu território. Os elementos angolanos foram associados como suspeitas do atentado a embaixada.


Surge esta abordagem depois de termos visto a sede do MPLA, no bairro benfica em Luanda, a ser destruída, seguido de acusações associando o acto a oposição.


Tal como no caso da explosão contra a embaixada de Angola em Lusaka, surgem aqui também algumas perguntas, semelhante a que os zambianos levantaram naquela altura.


1.Sempre que há manifestações em Angola, as forças de segurança ficam de prontidão e muita das vezes interpelam já os promotores do evento a porta de casa. Porque nesta greve de taxistas, não houve medidas de prevenção? Porque que a Polícia deixou a sede do MPLA ser atacada?


2.Como é que a TV, já estava no local do ataque ? Já sabiam que haveria ali vandalismo contra a sede do partido?


3.Celso Malavoneque do CC do MPLA, escreveu que “o PR, afinal já tinha informações”. Se o PR já sabia das arruaças porque não tomou medidas de prevenção as ameaças?


Os autores do vandalismo no bairro benfica poderão ter o seguinte perfil: (1) de elementos insatisfeitos com a governação ou (2) de aquilo que os inglês chamam de “inside job”. “tudo indica que foi um acto preparado, pensado e deliberadamente desencadeado. Os atacantes estavam preparados e organizados desde as primeiras horas”, como bem escreve Ismael Mateus.


JG