Luanda - De acordo com a imprensa angolana, o Presidente da República, João Lourenço, nomeou já um substituto para o cargo até agora ocupado por Paulo de Almeida. Trata-se do comissário-chefe Arnarldo Manuel Carlos.

Fonte: DW

O Comandante-geral da Polícia Nacional de Angola, Paulo de Almeida, que foi nomeado para o cargo a 31 de julho de 2018, foi exonerado, esta segunda-feira (17.01).


De acordo com a imprensa angolana, o Presidente da República, João Lourenço, nomeou já um substituto para o cargo. Trata-se do até agora diretor-geral do Serviço de Investigação Criminal, e que é também promovido a comissário-geral, Arnarldo Manuel Carlos.


A decisão de João Lourenço, tomada após ouvir o Conselho de Segurança Nacional, foi divulgada através de uma nota da Casa Civil do Presidente da República, que não avançou os motivos da mexida na hierarquia da corporação.


António Paulo Bendje, que assumia o cargo de diretor-geral adjunto do Serviço de Investigação Criminal (SIC) será o novo comissário-chefe de Investigação Criminal e Pedro Lufunfula, que era diretor de combate ao crime organizado do Serviço de Investigação Criminal será o diretor-geral adjunto deste organismo.

Críticas a Paulo de Almeida


No entanto, em entrevista à DW, o analista  José Gama, diz que a exoneração de Paulo de Almeida já era esperada: "calha numa altura em que a sua figura estava a ser fortemente contestada, depois de, na sexta-feira passada, juntamente com o ministro do Interior, ter ido à Televisão Pública de Angola (TPA) fazer uma declaração, de modo irresponsável, que parecia ser de uma junta militar, a anunciar um golpe de Estado".

 

A exoneração do comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo Gaspar de Almeida, acontece uma semana depois dos incidentes que marcaram a paralisação dos taxistas, entre os quais a destruição e queima de um edifício do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido do poder) em Benfica.


Fonte da corporação disse que a cúpula dirigente do partido no poder atribui as culpas do sucedido ao ex-comandante-geral, alegando inércia dos agentes da polícia para travar a vandalização do património.


Ainda na semana passada, populares em Luanda denunciaram uma execução sumária, em plena luz do dia, de cinco supostos assaltantes às mãos de elementos do Serviço de Investigação Criminal. A corporação disse que vai investigar o caso.

Mais exonerações a caminho?


José Gama defende que as exonerações não deveriam ficar por aqui. Na opinião do jornalista, "o Presidente tem que ser encorajado" a exonerar também o ministro do Interior, Eugénio Laborinho. Nenhum dos dois, acrescenta, "está em condições de servir o Estado angolano".


Já Mariano Brás, diretor do jornal "O Crime", acredita que as mexidas na liderança da polícia podem estar relacionadas com lutas internas. E explica: "havia um litígio entre o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, e o comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, sobre a tutela do SIC, que saiu da esfera da Polícia Nacional e passou para o Ministério do Interior. E a polícia criou uma polícia de investigação criminal, que é o DIP (Direção de Investigação de Ilícitos Penais)".


Segundo o diretor do jornal "O Crime", o "litígio estava patente até agora". E portanto, acrescenta, o que terá acontecido é que "o ministro do Interior, das boas relações que tem com o Presidente da República, terá influenciado este a colocar o seu pupilo no comando-geral, pois o comandante-geral, Arnarldo Manuel Carlos, é um indivíduo da extrema confiança do ministro do Interior".


Os partidos políticos ainda não se pronunciaram sobre estas mexidas na liderança da Polícia Nacional.