Lisboa - Começamos este 2022 - ano eleitoral - da pior forma possível. O duplo assassinato, em plena via pública, seguido do suicídio do autor do mesmo. Todos eles eram agentes da Polícia Nacional. A ocorrência feriu a sensibilidade de todos e todas. As imagens daquele acto criminoso, correu como um rastilho de pólvora, em questão de minutos, quase todos os telefones do país e diáspora tinham os vídeos. Que tipo de mensagem se transmite a sociedade, quando os órgãos de segurança e ordem pública, matam-se em via pública, em horário de serviço?

Fonte: Club-k.net

A capital Luanda, no fim e começo de ano, foi sacudida por uma vaga da variante da Covid19, paralelamente o ambiente político, já doente, foi deteriorando com acusações de parte a parte. O povo, o verdadeiro dono do poder, clama no deserto, e em vão, por pão, luz, água e saúde. A economia está moribunda e dependente das importações e promessas da carochinha Lourenciana. Assiste-se a um estado cada vez mais interventivo fazendo o papel de árbitro e jogador, ao mesmo tempo, matando assim as poucas empresas adiando para as calendas gregas o “tala” desenvolvimento económico tão almejado.

 

Desde que o cidadão João Lourenço assumiu a presidência a onda dos despedimentos, sob pretexto de combate a corrupção, não tem parado. O mediático caso dos trabalhadores da ZAP teve repercussões sem precedentes fazendo com que o executivo, mais uma vez, usasse dos seus tradicionais jajãos. Se todos nós fossemos unidos e reagíssemos como o fizemos no caso dos trabalhadores da ZAP, o governo nunca brincaria connosco. Parece que o governo esquecesse que despedindo a um só trabalhador, se está a deixar em situação de desproteção social a todas aquelas pessoas que vivem do salário deste trabalhador: filhos, irmãos, empregados domésticos, entre outros. O trabalhador deixa de consumir certos produtos e de fazer uso de certos serviços e, portanto, diferentes sectores da economia veem-se afectados. Dizer que o mais importante para um governo deve ser a criação de postos de emprego e conseguir a todo custo mantê-los. As rixas internas entre marimbondos do bem e do mau ou entre famílias políticas, não deveria nunca afectar o honesto e pacato cidadão que cumpre as leis e paga os seus impostos.

 

A fome, a penúria e o desespero vão se instalando nas famílias angolanas. Com a greve dos taxistas, conseguiu-se ver a fragilidade do Governo da província de Luanda e do executivo do Sr. Manuel Gonçalves Lourenço. Uma cidade capital sem transportes públicos eficazes, com dependência total dos transportes informais (Candongueiros), não deve, nem pode permitir-se a desatender as justas petições do colectivo de taxistas, salvo que tenham capacidade para oferecer alternativas de transportação aos cidadãos, que não é o caso.

 

A cidadania fazendo uso do seu direito de liberdade de expressão e manifestação, passando por um dos comitês do partido no poder, irados, decide deliberadamente vandalizar o imóvel daquele partido. Um comité, diga-se de passagem, que fica situado a escassos metros de uma esquadra da polícia Nacional no Benfica. As forças da ordem pública não se fizeram presentes no local durante o transcurso de todo aquele acto, reprovável, de puro vandalismo. Nenhum funcionário do referido comitê encontrava-se no seu posto de trabalho, até a omnipresente bófia, estava estranhamente ausente. E no final de tudo, os bodes expiatórios de sempre, que são os partidos da oposição, os ativistas políticos foram os causadores de tudo, até mesmo do roubo do milho da Argentina.

 

Os membros do partido-Estado, não hesitaram em culpar a oposição, fazendo entender que a população é incapaz de expressar o que sente sem ser manipulada por outrem. Assim mesmo, usando-se de justificações infundadas, levaram a prisão os ativistas políticos (Luther Silva Campos e Tanaice Neutro). Pisando sem escrúpulos as convenções dos Direitos Humanos, pondo em risco a integridade moral e física destes cidadãos, buscando desta forma impor o medo a toda a população.

 

E como cúmulo de tudo, aparecem cinco mortos assassinados. São cinco filhos desta nossa pátria, outrora funcionários do Governo e servidores públicos. Um crime ao estilo de um ajuste de contas - próprio de qualquer cartel das drogas dos países latinos. Em Angola parece que ninguém investiga, tão pouco reclama. Caso para dizer-se que a vida dos angolanos nada vale. O sangue dos angolanos nada vale. Estes cincos irmãos nossos se somaram aos outros milhares, que diariamente o nosso Estado vai liquidando deliberadamente ou por omissão na sua incompetência crónica, sem nenhum pesar. O Estado era suposto ser um ente de bem, infelizmente, na república de Angola não o é! As prisões arbitrárias e as execuções extra-judiciais continuam à moda antiga.

Até quando, oh mãe Angola? Quo vadis pátria amada?