Washington — As forças de segurança angolanas cometeram graves violações dos direitos humanos, incluindo dezenas de execuções ilegais, com recurso à força excessiva e desnecessária, diz o Relatório da Amnistia Internacional 2021-2022, publicado nesta terça-feira, 29.

Fonte: VOA

A AI sublinha que a “a polícia violou os direitos à liberdade de expressão e manifestantes pacíficos enfrentaram prisões e detenções arbitrárias”.

 

Crise económica e social e violações de direitos humanos alimentaram o “aumento de protestos em todo o país”, enquanto “as forças de segurança intensificaram as operações em todo o país visando impedir as manifestações”.

 

Uma nota de destaque vai para as comunidades pastoris que tiveram as suas terras desapropriadas para uso da agricultura comercial e, enquando diz a AI, “o Governo respondeu inadequadamente para garantir comida e água para as vítimas de desapropriação de terras, seca e deslocamentos”.

 

As províncias do Cunene, Huíla e Namibe continuaram a enfrentar condições climáticas extremas, sintomáticas das mudanças climáticas e “a seca prolongada resultou em escassez de comida e água”.

 

A organização de defesa dos direitos humanos conclui que “consequentemente, muitas pessoas e gado morreram, enquanto outras procuraram refúgio na Namíbia”.

Desvio de fundos

O relatório 2021/2021 revela que o “desvio de fundos estatais reduziu a capacidade do Governo em aliviar as dificuldades económicas generalizadas e lidar com o sector de saúde que enfrentou muitas dificuldades”.

 

Neste aspecto, os relatores da AI indicam que a Covid-19 e as suas restrições agravaram os efeitos de décadas de serviços subfinanciados.

 

“Um clamor público do Sindicato dos Médicos ficou sem resposta, segundo a AI, que confirma que “em média, dezenas de pessoas morreram todos os dias em Hospitais de Luanda”.

 

No capítulo da liberdade de expressão, além a repressão a activistas pacíficos, a AI diz que “os ataques à liberdade de imprensa continuaram ao mesmo tempo que as autoridades suspenderam as licenças dos canais de televisão privados”.

 

A referência é ao enceramento da Zap Viva, Vida TV Record.

 

O relatório, que está sustentado com vários exemplos de casos também referidos pela VOA no ano passado, aponta igualmente o dedo aos militantes de partidos da oposição que “impediram os jornalistas de fazerem seu trabalho”.