Luanda - Polícia Nacional angolana dispersou esta segunda-feira (23.05) um grupo de funcionários da fiscalização de Luanda, que se concentraram junto ao Governo provincial da capital angolana para reivindicar melhoria salarial.

Fonte: Lusa

O grupo composto por dezenas de agentes da fiscalização de toda a província de Luanda foi disperso do local pela polícia, que usou gás lacrimogéneo, numa atuação que começa a ser comum entre as autoridades angolanas.


Em declarações à Lusa no local, o presidente do Conselho de Mesa do sindicato provincial dos fiscais, Adilson Paulo António, manifestou descontentamento com a entidade empregadora, realçando que foi já entregue, desde dezembro de 2021, um caderno reivindicativo, com 21 pontos, que até à presente data não mereceu qualquer resposta.


Segundo Adilson António, solicitaram um encontro com a entidade empregadora para abordarem as preocupações apresentadas, "mas até à data presente não há qualquer contacto".


Uma das reivindicações, prosseguiu o sindicalista, tem a ver com a realização de um concurso público, para a integração de novos funcionários, pretensão que é rejeitada pelos agentes da fiscalização, tendo em conta o elevado número de colaboradores, que, há quase duas décadas, trabalham sem salário.


"Fizemos uma carta endereçada à governadora, no sentido de ao invés de fazer o concurso público enquadrar os colegas, que já estão aqui há muito tempo a trabalhar connosco. Temos colegas há 20 anos como colaboradores e sem salário, o bocado que sustentam a família é à base de ajudas de um amigo e queremos mudar esse quadro", disse Adilson António, realçando que são efetivos 600 trabalhadores e mais de 1.000 são colaboradores.

Segunda carta à governadora


Adilson António frisou que este ano foi remetida outra carta à governadora da província de Luanda para materializar as comparticipações a que tem direito por lei, "que todos os dias é violado".


"Não nos dão nada, nós fizemos um levantamento e nos últimos três anos contribuímos com cerca de dez mil milhões de kwanzas (23,1 milhões de euros) em multas para o cofre do Estado, e este valor a gente não vê, é de lei que 50% deste valor reconverta para a Fiscalização", salientou.