Segundo o relato, a ordem de prisão terá vindo "da parte das autoridades máximas daquela província". O sindicalista professor Manuel de Victoria Perreira (também dirigente da FpD) denunciou que "as autoridades estão agir de uma forma desconforme com a lei".
Entretanto, segundo denúncias do sindicalista professor, a "comunicação social afecta ao estado" estará a tentar fazer passar a ideia de que a greve terminou e que já foi encontrada uma solução negociada com os professores, o que é falso. A greve não terminou e até ao momento nenhuma solução foi encontrada pelo que a greve dos professores "continuará até que os seus direitos sejam repostos."
Entretanto a VOA, numa notícia de ontem (dia 27 de Outubro), noticiava a grande adesão à greve por todo o Bengo e de avisos de paralisação para o resto do país numa onda de solidariedade nacional em particular após as medidas repressivas levadas a cabo pelo Governo ao accionar a política repressiva de detenções.
O drama dos professores em Angola já dura à anos. Em vários casos existem pagamentos em atraso por vários anos. Outra das reivindicações ligadas a "questões pendentes, entre as quais o prometido acerto de categorias, de acordo com um decreto publicado em Março último", noticiou a VOA. Aquando da época eleitoral o governo decretou uma pausa de 45 dias, e houve a esperança de que o drama dos professores iria ser resolvido com prontidão e com humanidade. Os professores esperaram mas as soluções não vieram. Mais rápido veio a repressão governamental. Em qualquer democracia esta luta social seria respeitada e não daria lugar a prisões. Mas em Angola dá.
Ainda na semana passada a FpD veio a público denunciar outras detenções feitas na mesma província que tiveram como alvo os professores. Em mensagem dirigida, na altura, ao SIMPROF e a toda a classe de ensino angolana, o presidente da FpD, Filomeno Vieira Lopes, endereçou forte apoio, em 6 pontos, a todos os professores.
Em Angola, a classe de ensino é altamente respeitada pelo povo, é algo tradicional, algo que a FpD exige que seja respeitado à luz dos seus direitos e do papel central que a classe desempenha no país. Tal como a SIMPROF, também a FpD defende que a solução não vem com detenções ou aumento do autoritarismo nem de "costas viradas aos professores". Apenas o diálogo e o respeito pelos professores se mostra como via que irá solucionar a questão.
É hora de a classe educativa ser vista como uma parceira, uma parceira que pelo que sente na carne melhor saberá o que é preciso fazer para o professor melhor trabalhar. O Governo tem de perceber isso. O Governo tem de perceber que a melhor solução é sempre o diálogo sereno e pacífico com os parceiros sociais. E o governo tem de perceber que os seus melhores parceiros sociais são precisamente aqueles que vêem de forma diferente a realidade do país.
A FpD apela aos encarregados de educação, aos alunos o total apoio aos nossos professores que à custa de muitos sacrifícios continuam a fazer todo o possível para elevar e prestigiar o ensino em Angola. Nesta hora os professores precisam do povo. A FpD apela também a todos os professores para que se unam e actuem em conjunto sem olharem a benesses particulares ou cores partidárias mas antes a perspectivarem o bem comum da nação.
A FpD apela ao Governo e ao Ministério da Educação para que respeite os direitos reivindicativos da classe educadora e que cesse de imediato toda a repressão, prisões e a denunciada "substituição dos professores grevistas por outros". O actual governo tem de deixar quem pensa diferente agir, esse equilibriu é fundamental para o bem-estar social do país.
Esta onda que agora percorre o país, prendendo professores, afastando jornalistas, dificultando os melhores pagamentos trabalhadores do Porto do Lobito, está a gerar nos angolanos um quadro muito pouco democrático daquilo que foram as promessas eleitorais da "Onda EME" do partido MPLA.
O povo estava esperançado de que o partido no Governo, MPLA, iria respeitar os direitos humanos, a liberdade de imprensa, o direito à greve, o direito às questões sociais. O povo está atento e o povo está a ver. O povo angolano tem tradição de união social e tem sabedoria social. As obras gigantes têm de ser acompanhadas de abertura e liberdade social, de direitos humanos e de direito a política pluralista. A democracia e o equilíbrio de um país disso dependem, o povo tem sentimentos.
O Gabinete de Comunicação da FpD - Frente para a Democracia
Fonte: http://www.fpdangolaimprensa.blogspot.com